A notícia, avançada hoje pelo tablóide britânico Daily Mail, causou impacto em Portugal. Acusado de ter drogado e violado a argumentista e realizadora norte-americana A.M, Lukas, depois de se terem conhecido numa festa no âmbito do Festival de Cinema de Tribeca, em 2006, Nuno Lopes assegura à CARAS que não tem nada a temer: “Estou de consciência absolutamente tranquila”.
Num longo comunicado, o ator partilha a sua versão sobre o sucedido:
“Apesar de prezar desde sempre a minha vida pessoal e ter optado por proteger a minha privacidade ao máximo, neste caso tenho a maior vontade de vir a público esclarecer e contar a verdade sobre esta história. No entanto, e contra os meus instintos, fui veementemente instruído pelos meus advogados americanos a abster-me de revelar todos e quaisquer detalhes sobre o processo movido ontem em Nova Iorque, que contém alegações com 17 anos, do tempo em que eu era estudante de representação em N.Y. em 2006.”, começa por dizer.
De seguida, dá a sua versão do que terá alegadamente acontecido há 17 anos, em Nova Iorque:
“Por enquanto, posso apenas dizer isto:
- Recentemente recebi com surpresa e choque uma carta vinda dos Estado Unidos por parte dos advogados de A. M. LUKAS, a acusar-me de ter drogado e violado A. M. LUKAS há 17 anos, pedindo-me que propusesse uma quantia monetária para este caso acabar, e um pedido de desculpas.
Rejeitei ambos.
- Sou moralmente e eticamente incapaz de cometer os atos de que me acusam. Jamais drogaria alguém e jamais me aproveitaria de uma pessoa incapacitada, quer por excesso de álcool ou por influência de quaisquer outras substâncias. Nem hoje nem há 17 anos.
- Tenho o maior respeito e solidariedade por todas as vítimas de qualquer tipo de violência.
- Estou de consciência absolutamente tranquila, mas ciente das consequências gravíssimas que este caso representa. E de como a minha decisão de recusar um acordo confidencial e avançar publicamente para tribunal aporta consequências para a minha reputação quer pessoal quer profissional.
- Não obstante quero deixar bem claro que refuto todas as acusações que me são feitas, que espero que este caso seja prontamente esclarecido e julgado justamente pelas autoridades competentes e que nunca terei medo de agir judicialmente contra qualquer pessoa que tente difamar o meu bom nome.”.
Segundo a alegada vítima. tudo terá acontecido a 28 de abril de 2006, quando a cineasta nova-iorquina era então uma jovem acabada de sair da faculdade de cinema e compareceu à referida festa a convite de duas amigas, com intenção de conhecer profissionais do meio cinematográfico.
Terá sido então, depois do consumo – moderado, frisa – de algum álcool, que a situação seguiu um rumo inesperado, como se pode ler na queixa apresentada esta segunda-feira, dia 20 de novembro, no tribunal federal de Brooklyn, em Nova Iorque, e à qual o Daily Mail teve acesso:
“À medida que a noite avançava, Lukas lembra-se de ter sentido o seu corpo mais pesado do que o habitual, apesar de ter consumido apenas alguns copos de vinho. Isto era completamente anormal para ela. Depois, Lukas começou a perder a memória – outra experiência invulgar e assustadora para ela”.
A alegada vítima conta que conheceu Nuno Lopes na festa e que pouco depois sentiu os efeitos do que posterioremente considerou poder ter sido o consumo involuntário de alguma substância que lhe teria sido posta na bebida. Diz que acordou na manhã seguinte em csa do ator português, que lhe chamou um táxi para regressar a casa, e que mais tarde teve “flashes” de ter sido violada. Decidiu então ir ao hospital para ser observada, tendo sido submetida ao kit de violação e aconselhada a tomar medicação contra o HIV.
Anna Matemucci, o verdadeiro nome da queixosa, revela que dias depois se encontrou com Nuno Lopes para lhe pedir ajuda para esclarecer o que tinha acontecido, já que continuava a ter uma memória fragmentada e conufusa sobre o que se passara nessa noite. O ator ter-lhe-á recordado uma noite de sexo consentido.
A.M. Lukas confessa que, ao longo desta quase duas décadas, tem vivido angustiada por este episódio que acabou por ter graves consequências na sua saúde mental. A cineasta admite lhe foi diagnosticado stress pós-traumático e que chegou, inclusivamente, a pensar em suicidar-se.
Segundo Michael Willemin, advogado da A.M. Lukas, a sua cliente não procura apenas uma compensação pelos danos causados – em virtude desta situação a guionista afirma que perdeu o seu trabalho numa loja, uma bolsa para estudar cinema, entre outros efeitos negativos na sua vida -, mas sim justiça:
“Estamos inspirados pela coragem da nossa cliente em pedir publicamente responsabilidades a Lopes. Como vimos uma e outra vez, a indústria do cinema permite que homens como Lopes levem a cabo este tipo de ataques sexuais sem consequências de maior”, afirma.
Um sentimento partilhado pela cineasta: “Não podemos aceitar um mundo em que os autores de comportamentos hediondos e desumanos possam viver as suas vidas às claras, com impunidade e sem consequências sociais, enquanto as suas vítimas sofrem em silêncio”.