Aos 38 anos, Ana Patrícia Carvalho recorda momentos difíceis e fala sobre o dia em que descobriu que tinha o vírus do Papiloma Humano (HPV), que lhe trouxe um processo de tratamento e recuperação que durou mais de três anos, assim como o momento em que foi atropelada numa passadeira por um veículo a alta velocidade.
A pivô da SIC esteve no programa Alta Definição, de Daniel Oliveira, e contou que, aos 17 anos, altura em que tinha acabado de vencer um concurso de modelos, já com alguns desfiles marcados e contratos assinados, foi brutalmente atropelada numa passadeira. “Tinha tudo para não estar ali àquela hora. Lembro-me que o meu pai me ligou para me ir buscar, que o meu irmão me ligou para me ir buscar onde eu estava. Disse sempre que não.” , recorda.
“Tenho memória de ver uma luz ao fundo do túnel. Sei que é estranho, o meu irmão brinca muitas vezes comigo e diz que era só um farolim. Lembro-me de ter um período em que não sei muito bem onde estive, mas era um sítio escuro. Depois lembro-me de voltar a ter memória já no hospital com os médicos a cortarem-me a roupa e muito barulho, sem perceber muito bem o que estava a acontecer. E lembro-me de me ter visto ao espelho. Vi uma Patrícia desfeita, literalmente. Estava imobilizada, tinha partido braços, pernas, estava inchada do impacto. Bati com a cara no passeio, foi a minha sorte, se tivesse batido com a cabeça, possivelmente não contaria esta história. Parte da minha cara era uma ferida aberta”, relatou Patrícia durante o programa.
Patrícia falou ainda do momento em que, aos 31 anos, descobriu que tinha HPV: “80% das mulheres tem HPV, em muitas não se manifesta. Noutras, degenera em células malignas, foi o meu caso. Quando descobri, pensei: ‘Mas porque é que isto me está a acontecer?! A médica ligou-me e disse que a intervenção tinha de ser feita já. Tentei gerir a coisa muito sozinha. De três em três meses tinha de ser acompanhada, voltei a fazer outra intervenção e foi aí que tive de contar à minha mãe. Claro que não dei uma carga muito pesada à questão“, lembra.
“Falar de cancro na minha familia é algo que nos toca muito e tentei levar a situação com alguma leveza. Mas no meu íntimo não havia essa leveza.”, acrescenta. Um processo que durou três anos, mas que nunca impediu a jornalista de fazer o seu trabalho, como assumiu: “É uma angústia permanente e algo muito íntimo. Fica-se com algumas limitações a andar, não se pode fazer alguns esforços. Mas eu continuei sempre a trabalhar, inventava mil desculpas para não dizer às pessoas o que tinha.”
Hoje, a pivô vive uma relação de três anos com o ator Luís Lourenço, que lhe traz “muito equilíbrio” e com quem voltou “a acreditar no amor. É um homem encantador, que me tem ensinado muito. Ele é sempre o mais positivo. O Luís acompanhou mais ou menos o processo e sabe de tudo e, a determinada altura, quando estávamos mais próximos, lembro-me de me ter enviado uma fotografia com um penso no braço. Na altura achava que ele tinha ido levar o reforço da Covid. E ele disse-me que não, que tinha ido vacinar-se contra o HPV, porque se tinha intenções de ter alguma coisa comigo, isso iria deixar-me tranquila, e se não fosse por mim, que fosse para que nenhuma mulher passasse pelo que eu passei”, confessou com um sorriso apaixonado.