
Foi à saída do restaurante Darwin’s Café, na Fundação Champalimaud, em Belém, que a CARAS se cruzou com Fernanda Montenegro. Em Portugal a convite do cenógrafo, figurinista e artista plástico português António Lagarto, com quem almoçou nesse dia, a atriz brasileira assegura guardar muito boas memórias das suas passagens pelo nosso país. “Esta já é a quarta ou quinta vez que venho a Portugal. Gosto da luz de Lisboa e da limpeza nas cidades, da organização básica, do atendimento humanista da cidade”, disse a atriz, explicando que não ficará mais tempo em Portugal por ter um compromisso profissional à sua espera no Brasil. Descendente de portugueses e italianos, foi batizada como Arlette Pinheiro Esteves da Silva, mas adotou o nome artístico pelo qual é hoje conhecida, Fernanda, por ter uma sonoridade que remetia para personagens de Balzac ou Proust, e Montenegro em homenagem a um médico que dava consultas gratuitas na sua aldeia aos mais desfavorecidos.

Iniciou a sua carreira profissional aos 15 anos, como locutora e atriz na Rádio MEC, e a estreia em palco aconteceu em dezembro de 1950, com a peça 3200 Metros de Altitude, ao lado de Fernando Torres, com quem esteve casada 55 anos, até à morte dele, e com quem teve dois filhos, a atriz Fernanda Torres e o artista plástico Cláudio Torres. Em Portugal, tornou-se conhecida a partir dos anos 80, com a primeira versão da novela Guerra dos Sexos. É a única brasileira a ser nomeada para o Óscar de Melhor Atriz, pelo seu papel no filme Central do Brasil.