Emma Stone: uma vocação encontrada por sofrer de transtorno de ansiedade

Com um BAFTA e um Golden Globe pelo papel que faz em Pobres Criaturas, Emma Stone, de 35 anos, será talvez a favorita ao Óscar de Melhor Atriz, pelo qual está nomeada ao lado de Annette Bening, Carey Mulligan, Lily Gladstone (aparentemente a sua grande rival este ano) e Sandra Hüller. Seria o segundo na sua carreira, depois do musical La La Land, em 2017, que lhe deu também uma galeria de prémios.

A personagem deste filme, realizado pelo grego Yorgos Lanthimos, Bella Baxter, é uma mulher grávida que se suicida e é ressuscitada por um cientista com laivos de Frankenstein, que lhe dá o cérebro do bebé que ela esperava. Um desafio que fez a atriz apaixonar-se pela personagem, de quem inveja, tem dito em entrevistas, a ingenuidade infantil com que se relaciona com o mundo, mantendo sempre a curiosidade de quem está a aprender sem sentir o peso das convenções sociais. Um ponto de partida invejável para quem sofre de ansiedade desde a infância.

“Estou a encarar os prémios com a leveza possível. Se penso demasiado nisso, entro numa espiral de ansiedade.”

Entusiasmada, mas também um pouco apreensiva com a possibilidade de se juntar ao grupo restrito de atrizes com mais do que um Óscar, disse ao The Times há duas semanas: “Estou a tentar encarar isto com a leveza possível, porque se penso demasiado nisso, entro numa espiral de ansiedade. Mas isso é porque tenho um transtorno.”

Emma Stone sofre de ataques de pânico e de ansiedade desde os seis anos e foi precisamente isso que acabou por levá-la a descobrir a vocação para representar. “A minha ansiedade era constante. Perguntava à minha mãe centenas de vezes de que forma o nosso dia estava organizado, a que horas iria levar-me à escola, onde estaria, o que iria acontecer ao almoço. Isso deixava-­me maldisposta. A certa altura, já nem podia ir a casa dos meus amigos. Mal conseguia sair de casa para ir para a escola”, contou há uns anos à revista Rolling Stone, revelando que nessa altura os pais a levaram a consultar uma terapeuta que lhe sugeriu que se juntasse a um grupo de teatro escolar, onde descobriu que representar a obrigava a focar-se no momento e anulava a ansiedade em relação ao futuro próximo. Foi o primeiro passo para uma carreira de sucesso.

Descoberta a vocação, convenceu até os pais, ele empresário, ela dona de casa, a mudarem-se do Arizona, onde cresceu, para Los Angeles, terra das oportunidades. E não lhe têm faltado. Depois do penoso percurso de aspirante a atriz que participa em castings sucessivos para conseguir ocasionalmente um papel televisivo enquanto vive de outros empregos (trabalhou, por exemplo, numa loja de guloseimas para cães), a organizada e metódica Emily Jean Stone, nome original que trocou pelo artístico, conquistou a sua estreia no cinema em 2007, com a comédia Super Baldas. Quatro anos depois entrava nos filmes As Serviçais e Amor Estúpido e Louco, em 2012 fazia O Espetacular Homem-Aranha e em 2014 Birdman, que lhe valeu a primeira nomeação para um Óscar, o de Melhor Atriz Secundária.

A atriz é casada com o comediante, escritor e realizador Dave McCary desde 2020 e juntos têm uma filha, Louise Jean McCary, de três anos.

Um caminho seguro que a impôs em Hollywood como uma referência incontornável e no qual parece gozar de uma reputação pessoal inatacável: humilde e simpática, nunca se deslumbrou com a fama e mantém amizades duradouras com estrelas como a atriz Jennifer Lawrence ou a cantora Taylor Swift, assim como, por exemplo, com o ator Andrew Garfield, com quem namorou durante quatro anos, até 2015. Discreta e reservada no que toca à sua vida pessoal, sabe-se que é casada desde 2020 com o comediante, escritor e realizador Dave McCary, de 38 anos, com quem começou a namorar em 2017. Os dois são pais de uma menina, Louise Jean McCary, que nasceu em março de 2021.