Há alguns anos, Renato Godinho levava a vida com grande intensidade, a saltitar de trabalho em trabalho e sem gozar férias. A certa altura, apercebeu-se de que algo estava a faltar e trocou o lado workaholic por uma vida mais leve, na qual dá mais importância às pessoas que lhe são próximas, ao seu bem-estar e à Natureza.
Um caminho enriquecedor que foi acontecendo sem imposições e com o qual está bastante satisfeito. “Nunca me imaginei neste lugar tão cedo. A verdade é que comecei a olhar à volta e apercebi-me de que o mundo está muito precipitado, as pessoas vivem distraídas, e eu não me quero distrair. A celeridade com que tudo acontece, ter um filho [Sebastião, de 13 anos, fruto do anterior casamento, com Patrícia Leitão] que começa a entrar numa idade mais exigente, a adolescência, apercebemo-nos do quão depressa eles crescem. Trabalhar é muito bom, mas também há outras coisas que são muito boas, a começar por não fazer nada, que era uma coisa que me fazia muita confusão”, revelou o ator no ensaio de imprensa da peça A Senhora de Dubuque.
Apesar de não se considerar um otimista, Renato, de 42 anos, diz que é um “positivista”. “Ou seja, vejo que não está tudo bem, mas sei encontrar uma forma de ser feliz. Sei que vou morrer [a morte é o tema central da peça], mas, como não posso fazer nada em relação a isso, foco-me no que de facto posso controlar. Gosto do equilíbrio entre deixar fluir, estar recetivo ao que a vida tem para me dar, mas também não ser negligente ao ponto de me entregar completamente ao que acontece. O Miguel Torga tem uma frase que resume bem o meu ponto de vista: ‘O destino destina, mas o resto é comigo’”, referiu.