Melhorar a vida de cada pessoa que a procura e à sua equipa, com foco no equilíbrio mental, emocional e físico, é a prioridade de Sofia Santareno, cirurgiã plástica e diretora clínica da The Dr Pure Clinic. Defende tratamentos ajustados à idade e condição de cada um e cujo resultado seja o mais natural possível. Diz que não faz milagres, mas a verdade é que no seu palco dos sonhos, que é como caracteriza o bloco operatório, melhora em muito a autoestima dos pacientes. Em contagem decrescente para o verão, quisemos saber que cuidados se deve ter em conta, e, embora haja inúmeras possibilidades, Sofia Santareno é apologista de que na prevenção é que está o segredo.
– Nesta altura do ano muitas pessoas começam a pensar na aparência e em formas corporais definidas, o chamado corpo de verão. Qual é a melhor altura para recorrer a tratamentos?
Sofia Santareno – No limite, no início da primavera. Estamos a falar de uma resposta metabólica que envolve ciclos de 100 dias, portanto temos de contar com pouco mais de três meses.
– Quais são os maiores cuidados a ter com o rosto?
– Vamos passar por um processo de secura extrema com o calor e muita desidratação interna, por isso o melhor amigo vai ser sempre o protetor solar. E muita hidratação, claro.
– Mas que tipo de tratamentos são aceitáveis no verão?
– A toxina botulínica é, por exemplo, um tratamento seguríssimo, preventivo e curativo, que vai evitar aquelas pequenas rugas espoletadas pelo franzir de testa, muito comum devido ao sol. A aplicação de bancos de colagénio também é eficaz, por ser responsável por manter a firmeza e elasticidade da pele, e vai estar a funcionar num período de seis a oito semanas, de forma gradual. O rosto mantém-se com a mesma forma, mas com um ar mais repousado, mais rejuvenescido de forma natural. Também é possível recorrer a alguns peelings.
– Podem manter-se os peelings?
– Sim, há peelings, como os endopeel, que não estragam a pele na sua superfície, vão só trabalhar internamente, com recurso a nanotecnologia.
– O que é que se deve mesmo evitar?
– O ácido hialurónico. É instável ao calor. Não é um bom investimento para se fazer antes do verão, porque, devido às altas temperaturas, acabamos por não ter o retorno devido.
– Então o que é um bom investimento?
– A mesoterapia com vitaminas ou o plasma rico em plaquetas (que são fatores de crescimento do próprio sangue da pessoa). O objetivo é alimentar a pele para que consiga passar pelo deserto do verão mantendo-a brilhante e hidratada. Mas a grande novidade da medicina regenerativa este ano são os exossomas, que usamos em protocolos combinados. É uma biotecnologia altamente avançada que consegue mudar o envelhecimento desde o núcleo da célula. Por outras palavras, os exossomas conseguem transformar as células velhas em células novas outra vez. Podemos dizer que estamos perante a fórmula da juventude, o que é absolutamente incrível!
– Quais são os tratamentos menos invasivos?
– O tratamento da pele do rosto com hidrafacial, que são tratamentos de desintoxicação e hidratação da pele. Não tem picas, não dói nada, não tem tempo de recuperação; é um momento de Spa facial que fazemos com a nossa facialista. Terminam com terapia com LED e máscaras de ativos, peelings leves ou radiofrequência. Todos os outros tratamentos vão envolver sempre agulhas, embora não estejamos a falar de cirurgias.
– As manchas são outro inimigo relacionado com o sol. Há alguma forma eficaz de as combater?
– A prevenção. Usar um protetor solar tópico, reforçado de duas em duas horas. Acalmar a temperatura da pele com água termal, usar um chapéu para defender o rosto do sol. Fazer um fotoimunoprotetor oral com Polypodium leucotomos, que tem propriedades antioxidantes.
– Esse tipo de fotoimunoprotetor não bloqueia a ação do sol para quem quer ficar bronzeado?
– Claro que bloqueia um bocadinho, mas mais vale ter a pele homogénea e menos bronzeada do que um bronzeado com manchas. É melhor investir em autobronzeadores. Não produzem melanina e o que fazem é oxidar a queratina da pele. Na prática, douram um bocadinho a superfície, mas não estão a estragar nem a envelhecer as células com a radiação.
– Os cuidados também diferem de idade para idade.
– Claro que sim. O investimento que se faz na pele aos 20 anos é o que se vai colher aos 40. As manchas que aparecem mais tarde são o resultado dos efeitos hormonais e do sol de há 20 anos. Reforço que o uso de protetor solar é imperativo. Alguns séruns antioxidantes adaptados a cada condição também. Depois, no processo da perimenopausa, a pele muda, torna-se muito seca, e nesta altura mais vale regenerar com cremes hidratantes mais à base de óleos, como jojoba, e soluções com ceramidas e vitamina E.
“Devemos ter em mente que o investimento é de dentro para fora, ter atenção à alimentação, à forma como nos cuidamos.”
– E com o corpo, quais são os cuidados fundamentais?
– Primeiro, entender que as cirurgias não são a solução para um problema endógeno. Devemos ter em mente que o investimento é de dentro para fora, ter atenção à alimentação, à forma como nos cuidamos. Mas claro que, se for necessário recorrer a soluções cirúrgicas para conseguir os tais contornos corporais, é preciso programar com tempo. Por exemplo, alguns tipos de cirurgia plástica obrigam à utilização de cintas durante cerca de dois meses e, portanto, é para fazer agora, no máximo em maio, porque com o calor torna-se incomportável. A grande novidade é que atualmente a cirurgia plástica já não obriga a passar por dor ou a ter que parar a vida, graças ao protocolo de recuperação ultrarrápida que temos. No entanto, os tecidos lá dentro, nomeadamente a parte adiposa, demoram o seu tempo a recuperar.
– E quando já não há essa janela temporal?
– Temos os pacotes de verão, que denominamos de bodyshock. Um tratamento em que se combinam várias tecnologias, como a radiofrequência multipolar, o ultrassom microfocalizado e macrofocalizado, as luzes LED, os infravermelhos, que, combinados com princípios ativos muito específicos e muito fortes, vão fazer como se fosse uma mesoterapia, mas sem picas, o que é extraordinário. Ajudam a combater a gordura localizada, a celulite, a compensar os tecidos que estão mais flácidos. Temos tecnologias que até constroem o músculo internamente. Para os melhores resultados os planos de tratamento são de dois meses e nunca menos do que isso.
– Acontece chegarem até si pacientes com expectativas completamente desajustadas? Quando isso acontece, como é que os demove?
– Enquanto profissionais de saúde não podemos prometer uma coisa que não vamos conseguir entregar, porque vai quebrar-se logo o nosso primeiro valor, que é a honestidade. Há, de facto, muita gente que vem sem noção do que realmente apresenta, a pensar que vamos fazer um milagre. E não, não fazemos. Há uma grande parte que depende da pessoa. Não podemos fazer um serviço em saúde sabendo, à partida, que o resultado não vai ser o que a pessoa procura. Nesses casos, diagnosticamos a parte da dismorfia corporal e encaminhamos para a nossa equipa de orientação motivacional, o que inclui acompanhamento psicológico, nutricional, endocrinológico. E então depois, na altura certa, cá estamos para fazermos a nossa parte de tratamento ou cirurgia plástica corporal.
A prevenção como melhor aliado
“Na vida, temos de nos colocar em primeiro lugar, sempre. Andamos sempre a correr de um lado para o outro, paramos poucas vezes para olhar para nós, talvez como uma forma de não doer tanto, mas é na prevenção, no planeamento e no autoamor que está o ganho. E quando nos queremos submeter a algum tratamento mais invasivo, devemos ser bem acompanhados por profissionais de saúde formados que tenham a forte intenção de ajudar verdadeiramente a pessoa. Estamos numa era em que o sonho da aquisição da imagem perfeitaleva a que, infelizmente, se comecem a ultrapassar os limites éticos em saúde. Uma coisa é uma venda desonesta e outra é cuidar verdadeiramente da saúde da pessoa, com amor e ajuste de expectativas. A honestidade, para mim, é invendável.”