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Serenella Andrade tinha 12 anos quando aconteceu o 25 de Abril de 1974 e lembra-se das mudanças que começaram a acontecer nos dias que se seguiram à revolução. “Estava a estudar no Liceu Rainha Dona Leonor, onde, por exemplo, não podíamos descer pela mesma escada que os professores, não podíamos correr no exterior da escola, havia imensa coisa que não se podia fazer. A partir daí, já podíamos fazer tudo e mais alguma coisa. Houve imensas greves e muitos dias sem aulas. Foram tempos muito tumultuosos. Lembro-me de perguntar às minhas amigas de que partido eram e elas responderem que não sabiam muito bem se eram comunistas ou socialistas. Ainda ninguém sabia nada”, recorda a apresentadora.
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Foto: Luís Coelho
No pós-revolução, o seu pai, Luís Andrade, que trabalhava na RTP, estação na qual chegou a exercer o cargo de diretor de Programas, foi raptado pela organização terrorista FP-25. “À saída da RTP estavam quatro homens que lhe apontaram uma arma e o obrigaram a entrar no carro. Cumpriu tudo o que lhe pediram, respondeu às várias perguntas sobre a televisão – na altura ficou desconfiado de que teriam a intenção de pôr alguma bomba na RTP – e acabaram por deixá-lo no meio da estrada, no Guincho, e levaram o carro. Foi um camionista quem lhe deu boleia para casa. Passados uns dias, estávamos a ver no Telejornal que tinha havido um assalto na Malveira, em que morreram algumas pessoas, e a minha mãe reconheceu nas imagens o nosso carro, que já tinha outra matrícula”, conta Serenella, lembrando que o pai chegou a ser saneado pelos colegas da RTP. “Esteve um ano afastado. E durante esse tempo acabámos por visitar todos os museus que havia para conhecer. Tínhamos o pai disponível, coisa que nunca tínhamos tido até então”, afirmou a apresentadora, que se lembra de brincar com os netos de Marcello Caetano na rua. “Eram oito rapazes de todas as idades, com quem convivíamos. Havia muita vida de rua. Na altura, fiquei preocupada com eles. Não sabia o que lhes iria acontecer. Muitos foram para o Brasil e depois regressaram”, disse à CARAS no dia em que assistiu, em família, ao espetáculo Slava’s SnowShow, no Teatro da Trindade.