A comemorar 30 anos de carreira, Fátima Lopes publicou o seu 11,º livro, intitulado O Amor Mora no Andar de Cima. O lançamento aconteceu na sede da UCCLA, em Lisboa, e a comunicadora e escritora contou com o apoio de familiares e amigos que convidou para estarem ao seu lado em mais uma importante etapa do seu percurso. E pediu ao ator Ricardo Pereira que apresentasse o romance.
Sem os filhos, Beatriz, de 23 anos, e Filipe, de 15, a seu lado, pois não puderam estar presentes, mas com os pais, Amélia e Francisco Lopes, e o namorado, Jorge Cristino, sentados na primeira fila, sentiu-se, “como sempre”, muito acarinhada pelos que ama. “Fico muito feliz por os meus pais estarem presentes, porque durante os anos da pandemia, ou seja, no lançamento dos dois romances anteriores, não puderam estar comigo e custou-me imenso. Eles estiveram em todos os outros”, disse a apresentadora, que não esqueceu o companheiro, com quem já partilha a vida, depois de um namoro de dois anos. “É muito importante tê-lo aqui”, afirmou.
“Vim à terra para levar mensagens de amor às pessoas e para as fazer perceber que é isso que faz sentido.”
Nesta obra, tal como noutras que escreveu, o amor é o que se sobrepõe a outras temáticas sobre as quais escreve, como é o caso da violência doméstica, da solidão dos mais velhos nas cidades e do impacto que os traumas do passado podem ter na vida de alguém. “O amor é o meu propósito. Vim à terra para levar mensagens de amor às pessoas e para as fazer perceber que é isso que faz sentido”, sublinhou. “Sinto-me muito amada. Como, aliás, se nota, tenho aqui uma casa cheia. Tenho o amor dos filhos, dos pais, sempre. A minha família esteve sempre presente em todos os momentos da minha vida e é de uma importância absoluta”, acrescentou.
“Diria a todas as mulheres que tivessem a coragem de arriscar, de fazer diferente, de experimentar.”
Fátima, de 55 anos, gostaria ainda, com este livro, de passar a mensagem de que vale a pena, em qualquer altura da nossa existência, arriscar tudo por amor, sabendo que há quem tenha medo de o fazer. “Diria a todas as mulheres que tivessem a coragem de arriscar, de fazer diferente, de experimentar. O pior que pode acontecer é não correr bem, e muitas vezes não corre, mas é pior saber que não arriscámos quando o podíamos ter feito. Normalmente, Deus protege as pessoas ousadas.”
E se o amor é uma escolha livre, quando se comemoram os 50 anos do 25 de Abril Fátima Lopes não esquece também a importância da liberdade em todas as esferas da vida. “É uma conquista tão grande que é bom que se trate bem esta data. É importante que saibamos dar dignidade ao que conseguimos conquistar e que nos lembremos do que é que está por detrás, porque há muitas pessoas com memória curta sobre o que é o 25 de Abril e que fazem, às vezes, declarações de quem não tem consciência do que era a vida antes”, referiu, ao mesmo tempo que frisou o quanto se sente privilegiada por ser uma mulher que cresceu sem imposições ou subjugações: “É fácil ser uma mulher livre hoje, porque o damos como um dado adquirido. Talvez por trabalhar no mundo da televisão, nunca senti que ser mulher era um problema, muito pelo contrário. E fora da televisão, em várias experiências profissionais que tive, também nunca senti que não estava a ser escolhida ou o que fosse por ser mulher. Não sei se tem a ver com a minha postura, com o facto de exigir ser respeitada e valorizada, mas, honestamente, a minha condição de mulher nunca me atrapalhou.”
“Sei que a liberdade pode não existir para sempre. Basta que quem tem o poder tenha uma visão distorcida.”
Em casa, os filhos sempre ouviram falar da ditadura e do quanto custou a conquista da liberdade no país: “Quero sensibilizá-los para saberem escrutinar comportamentos e mensagens que podem ser perigosas para a nossa liberdade. A Beatriz já é adulta e ajuda-me a passar a mensagem ao Filipe, para que não cresça com palas nos olhos e que tenha capacidade de questionar.” Até porque Fátima não vê o 25 de Abril como um dado adquirido, sobretudo no contexto atual. “Nunca dei a liberdade por garantida, talvez porque tive uma educação em que me deixaram bem claro o que era não a ter. Sempre vivi a pensar que sou uma sortuda por viver em liberdade. Mas há quem não a tenha e eu posso perdê-la. É preciso cuidado. Os meus pais educaram-me, a mim e à minha irmã, nesse sentido. Sei que a liberdade pode não existir para sempre. Basta que quem tem o poder tenha uma visão distorcida”, afirmou ainda.
Fotos: José Oliveira