
Estou de férias, a aproveitar o tempo com a família para passear, viajar e fazer projetos enquanto influenciadora.” Foi desta forma que começou a nossa conversa com Rita Pereira, à margem do lançamento da plataforma Max, da HBO, que teve lugar no Maat, em Lisboa. Desde que regressou do Brasil, em fevereiro, onde esteve seis meses a gravar a série Dona Beja, a atriz, de 42 anos, tem-se dedicado maioritariamente ao filho, Lonô, de 5 anos, fruto da sua relação com o francês Guillaume Lalung.
– Fazer Dona Beja no Brasil marca uma viragem na sua carreira?
Rita Pereira – Sim, e já queria isto há muito tempo. Desde que percebi que queria ser atriz, comecei a sonhar com o Brasil. Quando fui estudar para Los Angeles, percebi que o mercado americano seria mais difícil, por isso foquei-me mesmo no brasileiro. E foi uma questão de tempo até aparecer um casting, que acabou por correr bem.
– Quais foram os maiores desafios desta temporada que passou no Brasil, a nível pessoal e profissional?
– Sem dúvida, as saudades do meu filho e estar afastada, não só dele, mas também de uma rotina, da vida formada e da carreira consolidada e estável que tenho em Portugal. De repente, começar do zero e perceber que a cada sítio onde ia não era ninguém enquanto atriz foi um desafio grande. Mas quando dizia Dona Beja já associavam e os olhares mudavam, porque todos os brasileiros queriam ter feito parte deste projeto inacreditável. Tive de voltar a estar sozinha, sem filho e sem companheiro, criando uma nova rotina num país diferente e inseguro, mas ao mesmo tempo encantador. Foi difícil, mas maravilhoso. Enquanto personagem, a maior dificuldade foi encontrar o sotaque de uma mulher que tem mãe brasileira, mas que viveu 15 anos em Portugal. Ou seja, tive de conseguir um meio-termo que os brasileiros entendessem, mas sem ser português do Brasil.
– Teve de sair da sua zona de conforto?
– Não precisava, porque é diferente de estar numa situação em que tens tendência a querer provar que não és só uma cara bonita que veio dos Morangos [com Açúcar], como acontece em Portugal. Quero dar um passo em frente e ser valorizada na minha profissão. Quero tentar que as pessoas olhem para mim de outra forma, não apenas querendo saber da minha vida privada.
– Adaptou-se bem ao meio brasileiro em termos profissionais?
– A forma de trabalhar é muito idêntica. Fiquei muito orgulhosa de Portugal, porque senti que realmente estamos muito a par do que se faz lá fora. A única diferença é o dinheiro que temos para fazer cada produção e as nossas equipas também são mais pequenas. A dificuldade é que os brasileiros não dizem “ação” e eu ficava sempre à espera disso sem entender que já estávamos a gravar [risos]!
– O que é que a podia desafiar neste momento?
– Fazer uma série, por exemplo. Ainda não tive grande oportunidade para o fazer cá e era isso que gostava de experimentar.

– O salto para outros mercados também está nos horizontes?
– Claro, acho que é o sonho de qualquer ator! Mas isso não depende de nós.
– Viagens como a que fez recentemente ao Japão são boas para estreitar os laços familiares?
– Foi ótimo e também a primeira vez que viajámos tanto tempo. Foram 15 dias. Claro que não vou conseguir compensar os seis meses que estive longe deles, mas houve uma união muito forte naqueles dias. Vivemos os três só para os três, sempre juntos e sem rotinas.
– Já disse, em várias entrevistas, que quando tivesse uma pausa profissional maior, como agora, aproveitaria para ser mãe novamente. Continua nos seus planos?
– Sim, estamos a tentar desde que regressei do Brasil.
– É um desejo que quer muito concretizar?
– Deixei de tentar ser mãe de novo para fazer a Dona Beja, portanto priorizei o meu trabalho. Agora estou a deixar que o destino decida se vai acontecer ou não.
– Culpa-se por isso?
– Não, nada! Faço parte da nova geração e acho que também sou um exemplo, para as mulheres de 40 anos, de que a vida não pára aqui. Estava bem, mas queria mais, e se tenho a oportunidade de ter uma família incrível, um marido que me apoia e um filho que ainda não está na idade de decidir o que quer que seja, agarrei-a. Fui seis meses e correu tudo bem lá e cá, por isso agora quero agarrar novas oportunidades. Não foi um momento único, quero mais projetos.
– O Lonô pede um irmão?
– Ele já tem um irmão mais velho [Luan, de 13 anos, fruto de uma anterior relação de Guillaume Lalung], mas às vezes pergunta se está na minha barriga [risos]! Claro que já conversámos com ele sobre isso, para saber se gostava de ser o irmão mais velho e ele disse que sim, pergunta muito sobre um mano ou uma mana. O Gui quer muito que seja uma menina.