Entre as gravações da segunda temporada da série da Netflix Rabo de Peixe, onde interpreta o papel de Bonino, e da novela da SIC Senhora do Mar, onde dá vida a Alberto, além das várias formações de voz e comunicação que dá um pouco por todo o país, Marcantonio Del Carlo não deixou de responder ao convite do empresário e seu amigo Jorge Rebelo de Almeida para estar presente na inauguração do primeiro hotel do grupo Vila Galé em Espanha, situado junto à linha de praia de Isla Canela. Foi precisamente aí que o ator, de 58 anos, conversou com a CARAS sobre a sua nova dinâmica familiar. Recém-separado da atriz Iolanda Laranjeiro, Marcantonio conta que os dois ficaram a viver em casas muito próximas, o que facilita a coparentalidade da filha, Simone, que nasceu em julho de 2020.
– Parece que tem passado muito tempo na estrada. As deslocações tornam-se menos custosas na companhia de uma boa playlist?
Marcantonio Del Carlo – Sim, mas começam a cansar… Para chegar aqui a horas tive de parar um bocadinho a meio, porque já estava muito cansado. Há quase 30 anos, entre espetáculos e formações, que ando de um lado para o outro.
– Como têm corrido as gravações da segunda temporada de Rabo de Peixe?
– Não posso partilhar nada sobre esse assunto, posso apenas dizer que já gravei a minha parte em Lisboa. Em junho continuo as gravações em São Miguel, que terei de conciliar com as de Senhora do Mar, que só terminam no final de junho e ainda terão bastantes gravações na ilha Terceira. Portanto, serão voos de um lado para o outro.
– É praticamente um ilhéu…
– Digo, a brincar com a produção da novela, que qualquer dia tenho um busto como o do Ronaldo no aeroporto de São Miguel [risos].
– No verão vai conseguir parar para descansar ou já assumiu compromissos profissionais?
– Se tudo correr bem, quando terminar a novela vou fazer um filme a Espanha, mas é uma coisa curta, são 15 dias. Depois, quero tirar pelo menos 10 dias de férias com a minha filha.
– Mais do que esses dias de férias é difícil?
– Se tiver mais dias é mau sinal. Quero passar 10 dias só com ela, para estarmos numa praia, sem fazer nada, sem obrigações, sem horários, a fazer castelos na areia.
“Quando passo mais dias sem estar com a minha filha, noto logo diferença. Todos os dias há uma descoberta.”
– A criar memórias?
– Sim. Está numa fase tão bonita que, quando passo mais dias sem estar com ela, noto logo diferença. Cresce, tem mais mundo. Todos os dias há uma descoberta.
– Foi pai tardiamente. Sente que foi na altura certa ou, se voltasse atrás, teria pensado no tema mais cedo?
– Acho que foi no tempo certo. Quando conheci a Iolanda, os dois queríamos muito ter um filho e acho que aconteceu com a Iolanda porque foi a pessoa certa com quem quis ter um filho, que é uma coisa que nos une ao máximo. Agora, por exemplo, vamos todos passar 3 ou 4 dias à Disneyland.
– Com o fim da relação, não fica um sentimento de frustração ou ficou tudo bem resolvido?
– As pessoas nunca ficam contentes quando uma relação acaba. Quando isso acontece é porque já não têm a ver um com o outro. Nós continuamos a nutrir uma enorme amizade e cumplicidade mútua. Há muitos pais que continuam a relacionar-se só por causa dos filhos. Não é o nosso caso. É claramente por causa da Simone, mas também porque temos essa cumplicidade, que vai além disso.
– Ficaram a morar muito perto um do outro o que, calculo, seja muito prático? Ou, pelo contrário, pode causar algum tipo de constrangimento?
– Nenhum. A escola da Simone é ao lado das nossas casas, temos a chave um do outro. Se faltam fraldas ou outra coisa qualquer, abrimos e entramos na outra casa. Temos essa abertura. E acho que as coisas devem ser assim. Não quer dizer que eu não vá ter outra relação ou que a Iolanda não vá ter outra relação. Porque é que as pessoas deverão zangar-se só por se terem separado?
– Ou penalizarem os filhos, que muitas vezes também acontece.
– E usarem os filhos, que também tenho visto por aí e acho horrível. É do pior que há.
– Quais são as suas prioridades enquanto pai neste momento?
– Ui, tantas… Para já, preocupar-me que ela não vá contra os móveis [risos]. Depois, sei que vou falhar como todos os pais falham, mas é tentar falhar o menos possível. Houve um amigo que me disse, quando a Iolanda ainda estava grávida, para nunca deixar de ouvir um filho, mesmo que eles façam a pior coisa do mundo. Porque, no dia em que um filho não falar com os pais, temos um 31… E essa é a minha grande preocupação, ouvi-la sempre.
– O que é que o mantém motivado nesta fase mais difícil de transição pessoal?
– O muito trabalho que tenho, o que é ótimo. Além de ator e encenador, sou formador há mais de 30 anos, portanto trabalho com gente de vários quadrantes, desde empresas, professores, jovens, menos jovens… E também pequenos prazeres como o estar aqui hoje, que tenho muito poucos, porque nunca tenho agenda. O Jorge convidou-me enquanto embaixador dos vinhos do grupo Vila Galé e eu fiz 450 km para aqui estar, porque é um pequeno prazer e porque sei que vou ter um jantar maravilhoso, de conversa, de tertúlia… Amanhã, às 9h30 da manhã, tenho que regressar a Lisboa, porque a nossa babysitter sai às 14h e tenho que lá estar antes disso. Com a idade, vamos começando a valorizar tudo o que são pequeninas coisas: um copo com os amigos, um jantar fantástico…
“Tenho quatro vícios: a música, os vinhos, os livros e a comida.”
– Sempre foi apreciador de vinho ou é uma descoberta recente?
– Tenho quatro vícios: a música, os vinhos, os livros e a comida. Portanto, quando me fizeram o convite para ser embaixador dos vinhos, não pude recusar. Não há melhor do que uma mesa de comensais onde começas um almoço às duas da tarde e às nove da noite ainda está toda a gente à mesa e a falar da vida.