Fernanda Serrano: “Agora até tenho tempo para mim e é o meu maior luxo”

Quando encontramos Fernanda Serrano, é quase impossível não ficar um bom bocado a conversar. Foi o que aconteceu, mais uma vez, na Casa das Histórias Paula Rego, onde assistiu com o filho, Santiago, de 19 anos, à apresentação do novo modelo de relógio Cauny, criado em colaboração com o arquiteto Eduardo Souto Moura. Começámos descontraidamente a falar do tempo e, por superficial que possa parecer, foi precisamente esse o tema que dominou esta conversa.

– Como é que aproveita o tempo?

Fernanda Serrano – Cada vez estou a aproveitá-lo melhor. A gestão do meu tempo sempre foi um bocadinho apertada e nós, mães, sabemos que a gestão familiar em conjugação com a vida profissional, sobretudo com horários invulgares, é muito difícil. Mas sempre tive uma rede familiar que me ajudou muito a conciliar tudo isso. E agora até consigo ter tempo para mim [risos].

– É como se fosse um luxo…

– Para mim, é. É o meu maior luxo [risos]. Há duas décadas que deixei de ter tempo de qualidade para mim. Tenho tempo de qualidade com os meus filhos, aliás, é o que mais valorizo, mas agora começo a usufruir de mim outra vez e sabe muito bem. Começo a ter tempo para fazer o que me apetece, até para não fazer nada, que era uma coisa que eu já não sabia que era possível. Consigo ler a quantidade de páginas de uma obra que quero sem ser só à noite até adormecer em cima do livro. Até já usufruo dos sons da Natureza, que era quase impensável com a azáfama do dia a dia. Consigo estar com as minhas amigas, agora saboreio muito mais tudo.

– E para namorar, há tempo?

– Agora só me namoro a mim, que é o que mais preciso.

“Eu e o Pedro estamos numa relação de cordialidade entre pais de quatro crianças que devem falar sempre sobre o percurso e educação dos mesmos.”

– Mas continua a especular-se que a Fernanda e o seu ex-marido, Pedro Miguel Ramos, estão juntos.

– Estamos numa relação de cordialidade entre pais de quatro crianças que devem falar sempre sobre o percurso e educação dos mesmos.

– E o tempo que dedica aos seus pais, que sempre foram muito presentes na sua vida e na dos netos, é também mais precioso?

– Agora começámos a fazer férias em família com eles, eu e os meus filhos. A determinada altura da nossa vida temos uma maior noção da finitude e, pela ordem natural da vida, os nossos pais serão os primeiros a deixar de estar connosco, por isso quero aproveitá-los ao máximo.

“Já não perco tanto tempo a tomar decisões. Ponderava demasiado, agora pus o pé no acelerador.”

– E já não perde tempo com…

– …com pessoas que não são uma mais-valia, porque não lhes reconheço qualidades ou valências que possam acrescentar algo de bom à minha vida familiar, pessoal e profissional. E já não perco tanto tempo a tomar decisões. Ponderava demasiado algumas coisas, agora pus o pé no acelerador.