O segundo semestre do ano será intenso para Custódia Gallego. A atriz de 65 anos, que atualmente brilha no pequeno ecrã na novela da SIC A Promessa, vai arrancar com os ensaios de duas peças de teatro, sendo que uma estreia em setembro e a outra no último mês do ano. Custódia marcou presença na apresentação da programação da nova temporada do Teatro da Trindade, em Lisboa, e falou com a CARAS sobre os vários desafios que tem em mãos e de como os irá conciliar com a sua vida pessoal e familiar.
– Fale-nos um pouco desta A Médica, a peça que estará em cena no Teatro da Trindade em dezembro.
Custódia Gallego – Bom, deixe-me dizer-lhe que antes dessa ainda vou começar e acabar outra, mas já lá vamos. Esta que vamos apresentar no Trindade tem tanto que se lhe diga. É um universo que está ali dentro daquele texto, exatamente porque fala do ser humano, da relação do humano dentro da sociedade. Por ser um texto tão bom e tão rico, sinto o peso da responsabilidade. Sinto que tenho o dever e a obrigação de não comprometer nem estragar um bom texto. Temos de o entender, de o descarnar, para poder vivenciá-lo para que o público o perceba. Este texto do Robert Icke tem isso mesmo e é muito atual, no sentido em que fala nos limites da liberdade. E, tal como é a nossa vida, esta peça não é só um drama, tem comédia, mas também há sarcasmo, porque é com tudo isso que funcionam os humanos.
– E aceitou logo o convite quando lho foi feito?
– Sim. Quando há uma proposta de trabalho em que sei qual é o encenador e o elenco que fará parte da peça, na maioria das vezes, nem preciso de conhecer o texto. E foi o caso. Este projeto tem um encenador com quem trabalho há já algum tempo, que é o Ricardo Neves-Neves, e em quem confio muito porque gosto das estratégias que tem para pôr os textos em cena. E depois, vou contracenar com um grupo de atores, dos quais conheço muitos deles de outros projetos e de quem gosto bastante. Devo ainda acrescentar, que o facto de ter atores com quem nunca trabalhei também me desafia, porque não estão dependentes daquilo que sabem de mim e do meu trabalho. A equipa técnica também é fenomenal. Portanto, perante estas condições, aceitei logo, mesmo sem ver o texto.
– Referiu que tinha outra peça em mãos…
– Sim, nos próximos dias vou começar uma residência artística para a preparar e vamos dar início aos ensaios em agosto, sendo que a peça vai estrear em setembro. Vai estar em cena durante um período na Culturgest e depois vai andar em digressão pelo país inteiro. Vou trabalhar com a equipa com quem fiz a peça Maria, a Mãe.
– Vai conciliar as duas peças?
– Será mais ter uma em palco e estar com os ensaios da outra. Ter duas em cena em simultâneo seria impossível e também ter dois processos criativos ao mesmo tempo, é muito doloroso, porque implica muita concentração física e mental. Vou é conciliar uma delas com a novela que estou a fazer.
– Como estão a correr as gravações de A Promessa?
– Estão a correr muito bem. O elenco que faz parte do meu núcleo de ação e com quem estou mais tempo é fenomenal e isso é um grande conforto. Começámos a gravar no início de abril e está previsto que terminemos em novembro. O balanço e o feedback das pessoas está a ser muito positivo.
– E férias, no meio de tanto trabalho, haverá tempo para uns dias de descanso?
– Férias, esqueci-me delas! Este ano não vai ser possível, não vou conseguir ir de férias com a família. Isto falando daquelas típicas férias de temporada. Mas fica para 2025, prometo! A verdade é que quando me desejam para eu fazer o que gosto tenho dificuldade em dizer que não, não consigo mesmo recusar. Neste mês de julho, como não estou a ensaiar, tenho os fins de semana mais livres e vou aproveitar para fazer umas escapadelas com os meus netos.
– E ficará cá por Portugal, certo?
– Sim. Temos uma casinha pequenina na Serra da Estrela que é onde costumo ir com a família e sempre que posso vou lá passar uns dias. Mas não é nenhum drama não haver a temporada de férias este ano. Os meus filhos já nasceram comigo atriz, sempre estiveram habituados a que nem sempre tivesse essa disponibilidade. Os meus netos hão de se habituar também. Já vou começando a explicar ao mais velho, que tem 5 anos, qual é a minha profissão, e ele há de entender que a minha vida é diferente de alguém que tem um horário das 9 às 5.