Filha de mãe madeirense e de pai persa, Carolina Nashtai, de 28 anos, não é apenas mais um rosto bonito do Instagram. Dona de uma imagem clássica, mas jovem e fresca, é atenta às últimas tendências, mas assume que nem sempre as segue, pois prefere optar por “peças intemporais, tons neutros e um toque de inovação”.
Preocupada com as publicações que faz e com a forma como influencia os seus seguidores, Carolina é uma apaixonada pela vida e, apesar de as suas redes sociais serem mais viradas para marcas de luxo, tenta cada vez mais passar uma mensagem que não seja meramente fútil.
Foi no Mónaco, numa das suas inúmeras viagens que faz em trabalho, que conversámos com a influenciadora sobre o seu percurso.
– A Carolina é madeirense e viveu na Madeira até aos 18 anos. Sentiu necessidade de deixar a ilha?
Carolina Nashtai – Sim. Apesar de a Madeira ser a minha “casa”, senti que precisava de sair para ganhar mundo. Na altura, estava indecisa entre Arquitetura e Design de Moda, mas nenhum dos cursos estava disponível na ilha, o que me obrigou a ir para Lisboa. Foi difícil deixar a família, mas esse desafio ajudou-me a crescer e a tornar-me muito mais independente. Felizmente, a parte mais fácil foi que muitos dos meus grandes amigos também vieram para Lisboa, o que facilitou tudo.
– É filha de mãe madeirense e pai persa, duas culturas muito diferentes. Como é que isso enriqueceu a sua vida?
– É verdade, são culturas completamente distintas, mas por essa mesma razão acredito que tive uma educação muito rica. As personalidades dos meus pais complementam-se perfeitamente. Cresci numa casa tipicamente portuguesa, especialmente porque passava muito tempo com os meus avós maternos, que eram bastante conservadores e tradicionais. Ao mesmo tempo, o meu pai trouxe para casa a sua vivência noutras culturas, não só a persa, mas também a britânica, por ter vivido muitos anos no Reino Unido. Esta diversidade cultural reflete-se na nossa vida quotidiana: temos o bolo de mel madeirense, iguarias persas que amigos do meu pai trazem do Irão,e o five o’clock tea [chá das cinco] com amigos.
– Essas memórias não aumentam as saudades?
– Vou à Madeira com imensa frequência e os meus pais também me visitam em Lisboa, por isso estamos sempre juntos. Aliás, uma das últimas viagens em trabalho que fiz levei a minha mãe e ela adorou [risos].
– Tirou o curso de Design de Moda. A paixão pela moda surgiu cedo?
– Sim. A minha avó era costureira e, como passava muito tempo com ela em criança, via-a criar peças lindas, desde vestidos e fatos para casamentos e festas até toalhas de mesa em bordado da Madeira. Eu adorava brincar com Barbies e estava sempre a mudar-lhes os outfits.
– Estudou em Madrid. Foi uma boa experiência?
– Sim, estive em Madrid durante um período de Erasmus, na Universidade de Desenho, Inovação e Tecnologia. Foi uma experiência maravilhosa. A faculdade era excelente, e sinto que aprendi mais sobre moda nesses seis meses do que em três anos de licenciatura em Lisboa. Não é que os meus professores em Lisboa não fossem bons, mas os de Madrid eram especiais, todos grandes designers com experiência em grandes marcas.
– Tornar a viver fora é para repetir?
– Já pensei muito nisso… Gostava muito de ir para fora, mas nesta fase não está a fazer sentido. Como viajo muito em trabalho, sinto que consigo ter um pé em Portugal e outro no estrangeiro. Vou pensando no tema, mas sem pressas.
– Em pouco tempo tornou-se numa das influenciadoras portuguesas mais requisitadas pelas marcas de luxo. Foi planeado ou aconteceu naturalmente?
– Aconteceu naturalmente. Aos 13, 14 anos comecei a seguir blogues de moda, especialmente o The Blonde Salad, da Chiara Ferragni, e foi aí que o meu interesse pelo luxo começou a crescer, algo que muitas pessoas podem ver como fútil, mas que não vejo dessa forma. Curiosamente, as pessoas surpreendem-se quando digo que tenho poucos artigos de luxo, mas para mim qualidade é mais importante que quantidade. Enquanto algumas amigas preferem ter 50 malas de diferentes cores e formatos, eu prefiro ter 10 boas. Gosto de ter menos, mas o que tenho é bom. E cada vez mais sinto que consigo inspirar quem me segue, especialmente quando me pedem opinião sobre um artigo de luxo, algo que acontece frequentemente.
– Isso obriga-a a ter cuidado com o que publica nas suas redes?
– Claro! Tenho muito cuidado, porque prefiro manter a minha vida pessoal separada do meu trabalho. A minha página é uma plataforma inspiracional, e sinto que a minha comunidade me segue pelo interesse em moda, viagens e lifestyle, e não para “bisbilhotar” a minha vida pessoal.
– Está sempre atenta às tendências da moda?
– Estou, mas não sigo todas. Tenho um estilo muito próprio e é raro gostar de várias tendências numa mesma estação. O meu estilo tem evoluído, mas sempre dentro da mesma linha: peças intemporais, tons neutros e um toque de inovação aqui e ali, com uma ou outra tendência.
– Preocupa-se em associar-se apenas a marcas com as quais se identifica?
– Sempre. Desde que comecei a levar o Instagram mais a sério, em 2018, preocupo-me em divulgar apenas marcas que realmente adoro.
– As viagens são uma constante na sua vida. Consegue aproveitar ou tem de estar sempre a criar conteúdos digitais?
– Conciliar tudo é difícil, mas a cada ano sinto-me melhor a fazê-lo.
– Acaba por ter oportunidades que de outra forma seriam mais difíceis de alcançar?
– Sempre viajei muito, e se o Instagram deixasse de existir, continuaria a fazê-lo. Dou muito valor a todas as oportunidades que tenho através das marcas com que trabalho, mas, com tantas viagens em trabalho, começo a valorizar cada vez mais o tempo que passo em casa.
– O que perspetiva para o seu futuro?
– Tenho uma imagem clara do meu futuro, mas não passa exclusivamente pelo Instagram. Sei que continuarei a usá-lo por muito tempo, porque adoro partilhar as minhas viagens, inspirações, looks e lifestyle, mas tenho outros planos para o futuro. No ano passado pensei que o digital tinha terminado para mim, mas enganei-me. Por enquanto estou a planear o futuro, mas ainda dedicada ao digital.
Agradecemos a colaboração de Eisenberg Paris, Giacomo – Big Mamma Group e Poseidon Comms