Com mais de 1,3 milhões de seguidores nas redes sociais, Raquel Janeiro, de 29 anos, e Miguel Mimoso, de 35, são um verdadeiro fenómeno. Em 2017 criaram a página de Instagram Explorerssaurus, onde partilham as viagens que fazem pelo mundo. Conhecem mais de 50 países e dão dicas sobre os locais que visitam e de como tirar as melhores fotografias. Mas desengane-se quem pensa que têm uma vida de sonho. Não tiram férias há sete anos e o desgaste de estar sempre de malas feitas tem tido algum impacto nas suas vidas. O casal esteve no Algarve para a inauguração do ÀCosta by Olivier, o novo restaurante de Olivier da Costa a Sul, e conversou com a CARAS.
– Quem são os “Explorer- ssaurus” e de onde vem esse nome?
Raquel Janeiro – Somos a Raquel e o Miguel. Quando nos conhecemos, a minha maior paixão era viajar. Na altura tinha 22 anos e já tinha viajado por mais de 20 países. O Miguel, por seu lado, adorava fotografia. Ele era aquele amigo que quando ia de férias em grupo tirava e editava as fotos. Pouco depois de iniciarmos o namoro, criámos um blogue e o Instagram, onde começámos a partilhar um bocadinho da nossa vida. A primeira grande viagem que fizemos os dois foi a Bali, na Indonésia, e fomos a uma praia que tem uma formação rochosa em forma de dinossauro cujo acesso é por um desfiladeiro. Quando chegámos à praia, o Miguel, que só estava habituado a fazer férias de resort, disse-me que se sentia um explorador. E juntámos essas duas palavras, explorador e dinossauro.
Miguel Mimoso – Na altura achámos importante criar um alterego para a conta, mas se fosse hoje não o faríamos.
– E quando é que nasceu a conta de Instagram?
– No final de 2017. Nós começámos a namorar em abril e em setembro a Raquel foi fazer Erasmus para Valência, Espanha, e foi aí que tivemos a ideia de, em vez de eu ir onde ela estava a estudar ou de ela vir ter comigo ao Porto, passarmos a encontrar-nos noutras cidades uma vez por mês.
Raquel – E eu via qual era o voo mais barato para nos encontrarmos. No primeiro mês fomos para Marraquexe, no seguinte, Barcelona, depois Veneza, Milão e terminámos em Paris.
– E também foi no contexto de uma viagem que se conheceram?
Miguel – Não. Vi a Raquel pela primeira vez numa discoteca do Algarve, eu estava com os meus amigos e ela estava lá a trabalhar. Falámos de forma circunstancial, na altura era bastante tímido. Comecei a segui-la no Instagram e a mandar umas mensagens por lá. Ela uma vez deu um salto de paraquedas e partilhou na conta, comentei e a partir daí começámos a falar. Na altura nenhum de nós era influencer.
Raquel – Eu tinha dois trabalhos em part-time para financiar o meu gosto por viagens: era barmaid em discotecas e dava explicações em centros de estudos. Na altura estava a tirar o mestrado em Engenharia Biomédica. Quando ele respondeu a essa minha publicação do salto de paraquedas, dei finalmente uma oportunidade para o conhecer. Um mês depois começámos a namorar e mudei-me para casa do Miguel. Como estava a estudar e trabalhava, ou vivíamos juntos ou não nos víamos.
Miguel – E, entretanto, casámo-nos há dois anos.
– Como é que passaram de um simples casal de viajantes aos donos de uma conta de Instagram com mais de um milhão de seguidores?
Raquel – Ao fim de seis meses a conta teve a primeira foto, que sed tornou viral, e a partir daí foi crescendo. Na altura não se falava da profissão de criador de conteúdos ou influenciador. Mas começámos a ser abordados por marcas para fotografar, para fazer publicidade, e nem cobrávamos dinheiro, não tínhamos noção.
– E quando é que começaram a dedicar-se a 100% a esta vida digital?
Miguel – No início, eu trabalhava numa empresa de construção civil, na parte da gestão. A Raquel estudava e ainda tinha os part-times. Ao final de um ano, largámos os nossos empregos definitivamente.
Raquel – Juntámos 13 mil euros e decidimos viajar a tempo inteiro. O Miguel estava encarregue de toda a parte de edição e de aprender como fotografar e eu de toda a parte criativa e de planeamento de viagens. Fomos ao Sudoeste Asiático, na altura ficávamos em hostels e quartos muito baratos. Tivemos até uma das piores discussões de sempre, porque cheguei a reservar locais sem casa de banho e sem uma secretária para o Miguel trabalhar na edição das imagens.
– Houve essa necessidade de se especializarem para potenciarem os vossos conteúdos?
– Sim, o Miguel foi aprender a editar, fez vários cursos. E as pessoas faziam-nos tantas perguntas sobre as imagens que, mais tarde, decidimos nós termos cursos para ensinar a como editar no telemóvel.
– Sendo trabalho, conseguem desfrutar de uma viagem?
Miguel – Sabemos que, aos olhos de quem nos segue, parece que a nossa vida é um sonho, mas a verdade é que não desfrutamos das viagens. O processo de fotografar, mesmo que já o façamos com mais agilidade, ocupa-nos todo o tempo. Não temos férias desde 2017.
Raquel – Costumo dizer que trabalho para um dia ter a vida que parece que tenho no Instagram. Adoramos aquilo que fazemos, mas é muito intenso e cansativo.
– Além das viagens, têm outros projetos em mãos?
– Sim. Começámos, juntamente com outro casal, por ter uma academia online, onde damos cursos de como se trabalha com o Instagram, como se fazem parcerias, como se podem potencializar as fotos. Foi também com os nossos sócios que tivemos a ideia de ter um espaço onde um dia pudéssemos fazer retiros e cursos presenciais e escolhemos Bali para ter esse nosso espaço. Ficou tão bonito que decidimos abri-lo como boutique hotel. E também temos uma marca de roupa
– Sentem que são vítimas de preconceito por serem influencers?
– Vítima é uma palavra muito forte. Mas sim, somos alvo de preconceito.
– Qual é a vossa média de viagens por mês?
Miguel – Hoje em dia viajamos uma vez por mês, mas quando começámos a fazer isto a tempo inteiro passávamos dois meses em Portugal e os restantes fora, sempre de um lado para o outro.
– Não “desligam”? Estão sempre online?
Raquel – Não. Nunca tirámos uma semana só para nós. Fazemos terapia de casal e a terapeuta diz-nos que temos de conseguir ir de férias. Eu adoro o que faço e não vejo necessidade de parar, mas espero que com filhos consiga abrandar.
– Então serem pais faz parte dos vossos objetivos?
– Sim, neste momento já estamos a tentar engravidar.
– Quantos países já conhecem e quais os que mais vos surpreenderam pela positiva ou pela negativa?
Miguel – Já visitámos mais de 50 países. Fiquei sensibilizado com alguns aspetos da Índia, tem coisas lindíssimas, mas não voltava lá.
Raquel – A pobreza, a poluição ambiental e sonora e os cheiros da Índia são chocantes.
Miguel – Pela positiva, o país que mais me fascina e a que volto sempre é Itália. Tem desde montanhas para esquiar a praias paradisíacas e atividades culturais.
Raquel – Eu sou louca por Bali, tem tudo e com um custo de vida muito barato, sinto que posso viver como uma rainha sem pesos na consciência por gastar muito.
– Qual é a próxima viagem?
Miguel – No final de agosto vamos às Maldivas e depois temos um cruzeiro planeado pelo Mediterrâneo.
– E a viagem que ainda não fizeram, mas querem muito fazer?
Raquel – Islândia e Japão.
Miguel – Sem dúvida o Japão, estivemos para ir este ano, mas surgiram contratempos. Queremos ir no próximo.