Cautelosa na forma como gere a sua carreira, Benedita Pereira, de 39 anos, teve um verão mais preenchido do que é habitual. A atriz gosta de se dedicar apenas a um projeto de cada vez, mas os convites que recebeu eram irrecusáveis e conseguiu gerir a sua vida profissional e pessoal de forma a gravar uma série espanhola, Faváritx, o remake da novela da TVI Ninguém Como Tu, e ainda subir ao palco do Teatro da Trindade, em Lisboa, com a peça Telhados de Vidro.
A sua maior preocupação foi que o filho, Álvaro, de 4 anos, do seu casamento com Francisco Roldão Cruz, não sentisse uma maior ausência da mãe. E tudo correu como esperava.
– Setembro marca o regresso à televisão e aos palcos. Têm sido tempos mais exigentes?
Benedita Pereira – Sem dúvida. Não cabe nem mais uma agulha no meu horário, mas são fases. Não me posso queixar, pois gosto mesmo muito de trabalhar.
– Não podia recusar nenhum dos projetos.
– Não podia mesmo. A peça estava planeada há muito tempo e o remake de Ninguém Como Tu surgiu e era igualmente irrecusável. Têm sido semanas de enorme trabalho, mas estou feliz.
– Fez Ninguém Como Tu há 20 anos. Passado este tempo, como foi juntar-se a parte do elenco original?
– Confesso que no início foi estranho, pois olhava para os meus colegas e para mim própria e só nos via nos papéis anteriores, que não são os que fazemos agora, mas com o tempo fui entrando no novo projeto. Por outro lado, havia um grande saudosismo. Na altura fiz amigos para a vida e reencontrá-los num projeto com o mesmo nome é muito especial para mim, tal como ver uma nova geração juntar-se ao elenco inicial. No fim de cada projeto o mais importante para mim são sempre as pessoas e sinto-me muito bem rodeada.
– Este remake levou-a a fazer um balanço destas duas décadas que, entretanto, passaram?
É inevitável. Na altura, antes de Ninguém Como Tu, tudo o que tinha feito era Morangos com Açúcar, e era uma miúda, mas, olhando para mim agora, ainda me sinto uma miúda. Não sou assim tão diferente do que era. Já vivi muita coisa, mas tenho ainda uma energia muito nova e a sensação de que há também muito para vir. Não dei por terem passado 20 anos e até acho que estou muito melhor.
– Sente-se melhor em quê?
– Acho que estou mais bonita, que sou incomparavelmente muito melhor atriz. Quando vejo os meus trabalhos antigos, tenho vergonha, mas a verdade é que todos temos de evoluir e sinto que o fiz. Também acho que sei dominar a minha energia de outras formas, e isso veio com a maturidade e a experiência. Estou numa fase em que me sinto bem e feliz.
– Ter um filho obriga-a também a uma gestão diferente da vida pessoal.
– É uma gestão que vou fazendo. Se começo a ver as coisas a longo prazo, fico em pânico, mas o dia a dia consegue-se levar bem. Tive a sorte de estes dois projetos e a série espanhola da RTP e HBO acontecerem no verão. O meu filho andou de um lado para o outro, esteve com os avós, com os tios e primos e está feliz. O meu filho está sempre feliz, sei que está bem e isso descansa-me. Tento estar com ele o máximo de tempo possível, explico-lhe e falo-lhe sobre as coisas, digo-lhe que estou a trabalhar mais, mas que depois terei mais tempo para ele. A falar que é a gente se entende, e mesmo ele tendo apenas 4 anos já percebe muita coisa. Felizmente, também tem um pai espetacular, que é tão pai quanto eu sou mãe, e quando eu estou mais fora ele está mais presente, e o inverso também acontece. Foi a mãe que ele arranjou e está bem com isso. Tivemos apenas seis dias de férias juntos no verão, mas vamos compensando com fins de semana e estou a planear uma viagem grande para o início do ano que vai ser muito boa para todos.