Juntos há sete anos, Kelly Bailey e Lourenço Ortigão parecem estar a conseguir superar, com enorme sucesso, um dos momentos mais desafiantes na vida de um casal. O dia a dia com o filho, Vicente Blue, que a 9 de julho completou o seu primeiro ano de vida, não poderia estar a correr melhor, garante o casal, que tem partilhado nas redes sociais as primeiras gargalhadas, os primeiros passos e as primeiras viagens do seu bebé.
Convidados para um evento da Westwing, loja online de artigos para a casa e de decoração da qual assumem ser fãs, a conversa com os dois atores começou pela recente mudança de casa – trocaram um apartamento que tinham no centro da cidade por um loft perto do rio Tejo –, passou pelos papéis de protagonistas que ambos se encontram a interpretar – Lourenço em A Promessa, da SIC, e Kelly em A Fazenda, da TVI –, e abordou as estratégias que têm adotado para conseguirem manter a harmonia a dois assim como os desafios de conciliar a carreira com a vida familiar.
– Mudaram recentemente para uma casa maior. A família aumentou e a casa tornou-se pequena demais ou já estão à procura de um espaço que acolha uma família maior?
Kelly Bailey – [risos] Não estamos a projetar esta casa para o que aí vem, mas sim para o que temos agora. Na verdade, antes de termos um filho já tínhamos essa vontade de ir para uma casa maior. A nossa primeira casa vai ser sempre muito especial, guardamos muito boas memórias, mas já tínhamos essa ideia de um dia mudar. Claro que, quando a família aumentou, foi um incentivo para que isso acontecesse.
Lourenço Ortigão – A vida vai-nos surpreendendo. Sentíamos que precisávamos de mais espaço, mesmo antes do bebé nascer. Estávamos à procura desse espaço, surgiu uma oportunidade, e mudámos.
– Como é que definiriam o vosso estilo em termos de decoração?
Kelly – Há uma grande mistura. Ou seja, não consigo ir só para o lado clássico e para peças intemporais, apesar de sentir que estamos a ir mais nessa onda minimalista que nunca falha, mas faz sempre falta termos peças mais arriscadas. Acredito que também definem muito a nossa personalidade. Não somos clássicos, mas também não somos um género muito minimalista.
Lourenço – Nós viajamos muito, já estivemos em sítios com ambientes completamente diferentes, e tanto nos sentimos bem num estilo clássico como num estilo mais moderno. Depende também do propósito da casa. Se for a casa onde vamos morar, vamos ter mais cuidado a escolher os materiais, porque vão ser usados no nosso dia a dia, nas paredes vamos procurar ter quadros com os quais nos identifiquemos, de artistas que gostamos, alguma peça de instalação em que valha a pena investir. Se for uma casa de férias, será uma coisa mais minimalista, num estilo mais simples e descontraído.
Kelly – Gosto de pensar que não tem de ser uma casa para a vida toda, que não temos que escolher peças que nunca mais vão sair dali. Mas algumas peças é bom que venham connosco, que passem de casa em casa, pois trazem-nos memórias.
– Há alguma peça que tenha uma história em particular que queiram partilhar?
Lourenço – Há um espelho muito especial do Gustaf [Westman] que é uma peça que marca muito a nossa casa. Há muitas imagens nossas à frente desse espelho na outra casa. Mas ainda temos muitos anos pela frente para colecionar, a nossa história ainda vai no início…
– Têm o hábito de trazer peças das viagens que fazem, de ir colecionando memórias através desses objetos? A Kelly esteve recentemente a gravar em Angola, por exemplo.
Kelly – Sim, acontece muito. Aliás, muitas das peças que vi em Angola até estão nos décors dos estúdios, para nos remeterem para aquele universo. Nós temos um bocado esse defeito. Do Brasil já trouxemos uns tapetes enormes, pelos quais me apaixonei.
Lourenço – A Kelly apaixona-se por peças e, por vezes, esquece-se que temos que comprar mais uma mala ou pagar um lugar extra no avião para trazer esse objeto. E, se calhar, até nem precisávamos muito dele. O tapete ainda está embrulhado e deu trabalho a trazer dos confins do mundo…
Kelly – Acho que, na nossa casa de férias, há algumas coisas que vão fazer sentido. Mas sim, por vezes não são fáceis de transportar.
Lourenço – Mas devo frisar que confio muito no gosto da Kelly.
– Estão a viver uma das fases mais desafiantes na vida de um casal, que é a chegada de uma criança à família. E parecem estar a conseguir adaptar-se às exigências de um bebé, encarando as eventuais dificuldades com alguma ligeireza.
Kelly – Pelo menos tentamos, o que também é importante…
Lourenço – Não há uma fórmula perfeita, não há um livro que diga que deve ser assim ou assado. Nós somos muito intuitivos.
Kelly – E até agora, pelo menos, tem resultado.
Lourenço – O nosso grande objetivo é estarmos sempre um para o outro. Somos uma família, temos um bebé, e queremos estar também aqui para os dois, para que as coisas resultem. Não interessa se foi este que fez isto, se foi o outro que fez aquilo. O que interessa é que nos complementamos em tudo na vida. Os dois, no final, temos de dar suporte a tudo o que a nossa estrutura de vida nos exige. E, neste momento, é um bebé.
Kelly – Temos de ser uma equipa.
Lourenço – Temos vivido assim, um dia de cada vez. As nossas intenções são as melhores, de parte a parte, e temos a sorte de ter uma família maravilhosa e um bebé maravilhoso.
Kelly – E temos uma família que nos apoia e isso também é importante para podermos conciliar com a nossa vida profissional.
– Que é exigente e, atualmente, estão os dois em fases de trabalho intenso.
Kelly – Sim, mas entretanto o Lourenço vai terminar de gravar a novela no final do ano. Gravar novelas é sempre mais exigente.
Lourenço – Ninguém imagina a ginástica de um dia de gravações de uma novela, o desgaste emocional que implicam. Nós podemos estar a gravar uma cena em que nos assassinam e, a seguir, termos de gravar uma cena romântica….
– Os atores terão de ter uma preparação mental grande para conseguirem interpretar papéis e, no final do dia, seguirem para as suas vidas pessoais de forma equilibrada.
Kelly – Felizmente, a saúde mental está a deixar de ser um tabu. É como fazer exercício físico. O cérebro também precisa desse acompanhamento. No nosso caso, acho que isso também é importante.
– Serem atores também poderá ajudar na vida pessoal, uma vez que já que estão habituados a trabalhar com as emoções?
Kelly – Acho que nos ajuda, sim.
Lourenço – Ajuda também na compreensão um do outro. Temos alguma experiência para saber a inércia do trabalho, mas eu costumo dizer que aquilo que se passa durante as gravações é um part-time na nossa vida. Estarmos neste evento hoje não é um extra na nossa vida, faz parte da nossa profissão. É outra vertente, mas, para todos os efeitos, temos este lado social que também faz parte e não é menos exigente, é apenas diferente. É uma exigência muito maior do que aquilo que exclusivamente fazemos dentro de um set de gravações, de decorar um texto ou interpretar as cenas o melhor possível. Nunca deixamos de estar com atenção à nossa volta.
– Daí a necessidade de fazerem escapadelas para fora do país, para se desligarem?
Kelly – Isso é uma das coisas que também nos une, e ainda bem que pensamos da mesma maneira: a maioria das nossas viagens não são planeadas, são marcadas em cima da hora. Eu achei que com o bebé isso iria mudar, mas até agora não.
Lourenço – A única coisa que muda é pensarmos se é um destino bom para levar o bebé.
– Têm conseguido viajar com ele?
Kelly – Temos. O Vicente já viajou connosco para o Brasil mais do que uma vez, já foi para o Funchal pelo menos três vezes, já foi a Paris, a San Sebastian. É um bebé muito viajado.
– O que é preciso é ter pais descontraídos…
Kelly – Ele também tem o seu mérito. Não é por ser nosso filho, mas temos sorte, porque o Vicente é muito especial. Não somos só nós. Ele ajuda muito.