Com o álbum de estreia lançado em abril do ano passado e dois importantes concertos agendados para este mês de outubro, o nome de Joana Almeirante vai sendo cada vez mais familiar para o público português. A cantora e guitarrista, que, além de atuar em nome próprio, também integra a banda de Miguel Araújo, conversou com a CARAS sobre o seu percurso profissional, a sua inspiração e os seus sonhos.
– Quando é que nasceu a sua paixão pela música?
Joana Almeirante – Comecei a perceber que gostava de música por volta dos 12 anos e foi aí que disse aos meus pais que gostava de ter aulas de guitarra e que entrei num coro. Na altura era só um capricho, mas que se foi tornando essencial para mim à medida que fui crescendo.
– E era importante para si aprender música?
– Sim, por isso ingressei no Conservatório de Albergaria-a-Velha, onde fiz o curso de jazz. E foi a paixão que tinha pela guitarra que me fez entender cedo que o que me faria feliz era poder viver da música.
– Nessa fase da adolescência e do Conservatório, o que é que gostava de ouvir, com que tipo de música se identificava?
– Ouvia muito rock n’roll e heavy metal, o que é estranho para uma miúda de 12 anos, mas era por influência do meu pai. Depois comecei a ouvir um pouco de pop e de música portuguesa.
– Quando é que a música se tornou uma coisa profissional?
– Depois de terminar o Conservatório fiz uma audição para ingressar na banda do Miguel Araújo. Entrei e fiquei até hoje, e foi aí que começou a minha carreira.
– O que faz exatamente na banda?
– Faço back vocals [coros] e sou guitarrista.
– Quando é que decidiu que queria seguir definitivamente a carreira artística e apostar na sua vertente de cantora?
– Nunca imaginei ser artista. O meu sonho era ser guitarrista apenas e era para isso que estava a estudar. Só que muitas pessoas me diziam que gostavam mais de me ouvir a cantar do que a tocar e acabei por começar a traçar esse meu caminho, a compor os meus temas, a cantar, e acho que foi acontecendo.
– Como é que a família encarou esta decisão?
– Os meus pais sempre adoraram música e lá em casa nunca foi opção eu fazer outra coisa que não música. Eles foram as pessoas que mais me apoiaram, o meu pai é louco por guitarras e sempre me incentivou a seguir esse caminho. Aliás, foram eles que me “obrigaram” a fazer a audição para entrar no Conservatório, senão nunca tinha ido. Os meus pais são espetaculares, não podia ter tido mais sorte. Apoiarem o meu sonho, sem haver um plano B, tem sido incrível.
– Portanto, não há plano alternativo. Só a música.
– Pois… Gosto muito de arquitetura e acho que um dia ainda vou tirar o curso, mas por mim, nunca porque alguém me tenha dito que deveria ter esse plano B. Claro que todos sabemos que viver da música é um risco, é uma profissão instável, porque hoje podemos estar no auge da nossa carreira e amanhã estar lá em baixo.
– Ao contrário de muitos jovens cantores da sua geração, não passou por concursos de talentos. Porquê?
– Já tive um convite para participar no Festival da Canção, mas na altura não tinha nenhum tema cá fora e queria primeiro lançar as minhas coisas e mostrar quem sou. Mas agora que já me dei a conhecer essa é uma hipótese em aberto. Hoje em dia sinto-me mais confiante e já tenho a minha sonoridade, o que é superimportante.
– Como é que define a sua sonoridade?
– A minha música tem influências de pop e de rock. As minhas canções, que são sempre em português, batem muito na temática do desgosto amoroso, desse mundo todo que existe quando se tem um coração partido.
– E porquê essa temática? São canções autobiográficas?
– Para ser sincera, nunca tive um desgosto amoroso dramático, mas escrevo também sobre o que me rodeia. E desde sempre que me fascina o lado menos bom do amor e canto sobre isso, sobre como o desgosto nos pode tornar outras pessoas e levar-nos por caminhos sinuosos.
– Tem namorado?
– Sim, há sete anos, chama-se Miguel.
– E como é que ele reage às suas canções com essa temática dos amores que não resultam?
– Eu digo-lhe sempre que não é sobre ele. Mas a verdade é que as relações não são perfeitas, há fases boas, há fases más, há fases péssimas, e nós também passamos por elas, por isso algumas canções falam disso, dessas fases menos boas que fazem parte de todos os relacionamentos.
– E, com um namoro já longo, fazem planos para se casarem, por exemplo?
– Vamos começar agora a viver juntos, vai ser a prova de fogo! Mas o casamento ainda não nos passa pela cabeça.
– Ele é a primeira pessoa a quem mostra o que faz?
– Sim. Apesar de ele não estar no mundo da música, tem um ouvido musical muito crítico.
– Em que fase está a sua carreira?
– Ainda é uma carreira pequenina e ainda me estou a descobrir. Tenho um álbum cá fora, que saiu em abril do ano passado, e gosto da música que faço, e isso para mim é o mais importante. Estou superorgulhosa do meu trabalho.
– E tem perspetivas para um novo trabalho discográfico?
– Sim, mas daqui a uns dois anos. Vou caminhar nesse sentido de single em single.
– Vai ter dois grandes espetáculos em breve…
– São concertos em que vou contar com as pessoas que participaram no disco e que, de alguma forma, fazem parte do meu caminho. Em Lisboa, vou atuar no Teatro Maria Matos, a 9 de outubro, e vou ter a Nena e a Luísa Sobral. No Porto, no Coliseu, a 17, vou contar com o Samuel Úria, o Miguel Araújo, a Bárbara Tinoco e a Rita Rocha.
– Como descreve os seus espetáculos?
– São essencialmente orgânicos e intimistas.
– Encher uma MEO Arena, por exemplo, é um sonho?
– Uma pergunta difícil, porque é e não é. Vejo-me muito mais num espaço como o Theatro Circo de Braga ou o Coliseu de Lisboa. Mas o meu sonho mesmo é tocar lá fora.
– Quem são as suas referências musicais, em quem é que se inspira?
– A maior influência é a Sheryl Crow, que tem aquela coisa do country com rock e pop que é uma mistura que adoro. Mas também gosto de Maren Morris, Miguel Araújo, Mafalda Veiga e Clã.
– E há o sonho de cantar com algum deles?
– Com a Sheryl Crow, claro, é o sonho dos sonhos. Impossível de acontecer, mas um sonho. Mas já realizei o desejo de cantar com a Mafalda Veiga, de quem sou uma grande fã.
– Também tem um projeto com a Nena. Fale-nos dele.
– Chama-se Dois Pares de Botas e é um conceito que se baseia na música country. Vamos ter uma digressão a partir de novembro.
– Como se sente em palco?
– Muito bem! As canções ganham outra dimensão e o contacto que tenho com o público é especial.
Produção: Fashion Studio Lab
“Styling”: Sandrina Francisco assistida por Camila Sofia e Alana Adolfo,
Maquilhagem: Patrícia Ribeiro com produtos L’Oréal Luxe
Agradecemos a colaboração de Hotel Independente Príncipe Real, Gloss by Irmãs Morais e Calçado Manuel Alves