Com o lema “Que se lixe a ‘troika’, o povo é quem
mais ordena”, as manifestações, que contam com o apoio da
CGTP, coincidem com a presença da delegação da ‘troika’
(Comissão Europeia, Banco Central Europeu e Fundo Monetário
Internacional) em Lisboa, para fazer a sétima avaliação do
memorando de entendimento.
As manifestações foram antecedidas por diversos
protestos, junto de governantes, quase sempre ao som de
“Grândola, Vila Morena”.
O coordenador do Bloco de Esquerda
João Semedo destacou hoje o significado de
uma das
“maiores manifestações da democracia”, afirmando que
é um sinal claro que a
“troika e o Governo estão a mais no país”.
“É preciso mudar de política, é preciso condenar esta política
e dizer ao Governo que tem de ser demitir. Esta já está a ser
uma das maiores manifestações da democracia portuguesa e é um
sinal claro de que a `troika e o Governo estão a mais no
país”, afirmou.
João Semedo integrou a manifestação de Lisboa, com
a também coordenadora do BE
Catarina Martins, junto do Marquês de Pombal, onde
estavam também os ex-dirigentes bloquistas
José Manuel Pureza,
Fernando Rosas e
Francisco Louçã.
Sem querer fazer qualquer declaração, Francisco Louçã repetiu
apenas a palavra de ordem que se ouvia
“está na hora de o Governo se ir embora”.
Para Catarina Martins,
“o mar de gente” que se juntou hoje à manifestação
de Lisboa
“não se vai calar nem resignar” e está a dizer
“que o Governo já não tem legitimidade e que o Governo
tem de se demitir”.
O movimento “Que se lixe a ‘troika'” convocou para hoje
manifestações em mais de 40 cidades, em Portugal e no
estrangeiro, para pedir o fim das políticas de
austeridade.
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LISBOA
A cabeça da manifestação “Que se lixe a ‘troika'”
chegou ao Terreiro do Paço, em Lisboa, cerca das 16:40, a uma praça
praticamente vazia, depois de um percurso bastante silencioso, que
começou no Marquês de Pombal.
“Isto, para mim, parece mais um cemitério”, diz à agência
Lusa
Silvestre, um reformado, que, na Rua do Ouro,
distribuía aos manifestantes uma crónica sua, fotocopiada num papel
A5, em que perguntava:
“Andaremos todos a dormir?”
Este antigo pescador e trabalhador na marinha
mercante diz não acreditar
“que isto vá lá com manifestações ou mesmo greves”,
defendendo que é preciso
“uma mudança radical, uma espécie qualquer de revolução”.
PORTO
Milhares de pessoas, desde crianças a idosos,
estiveram hoje reunidas em protesto na Praça da Batalha, no Porto,
onde cerca das 16:00 se pôde ouvir o grito “Que se lixe a
‘troika’, o povo é quem mais ordena”.
AVEIRO
Mais de mil pessoas juntaram-se hoje, em Aveiro, à
manifestação “Que se lixe a ‘troika’, o povo é quem mais
ordena”.
Entre os cartazes com palavras de ordem contra o
Governo e contra a ‘troika’, destacava-se uma vassoura empunhada
por um dos manifestantes.
“Simbolicamente, trago uma vassoura, porque este país precisa é
de ser varrido, de ser limpo. Quando temos lixo em casa, varremo-lo
para o contentor e o país, neste momento, tem lixo a
governar-nos”, disse à Lusa
Celso Assunção, de 57 anos.
CASTELO BRANCO
Cerca de setecentas pessoas estiveram hoje
concentradas, às 16:30, em frente à Câmara de Castelo Branco, na
manifestação “Que se lixe a ‘troika’, o povo é quem mais
ordena”.
Empunhando cartazes com palavras de ordem contra o
Governo, cravos e ao som de Grândola, Vila Morena”, de José Afonso,
uma das senhas de Abril de 1974, os manifestantes vão dando
colorido ao protesto.
Na Covilhã, às 15:30, várias centenas de pessoas
também aderiam ao movimento e estavam reunidas em frente à Câmara
Municipal, com alguns discursos contra a política do Governo.
LEIRIA
Centenas de pessoas protestaram hoje no centro da
cidade de Leiria e algumas delas exibem cartazes com palavras de
ordem sobretudo dirigidas ao primeiro-ministro,
Passos Coelho, e ao ministro Adjunto e dos
Assuntos Parlamentares,
Miguel Relvas.
“Esta é uma marcha de indignação perante despedimentos,
desaparecimento de freguesias e centros de saúde, contra impostos
disfarçados e a privatização de bens que são de todos e ainda
contra a degradação da qualidade de vida e emigração forçada”,
disse um dos elementos da organização de Leiria do movimento “Que
se lixe a ‘troika'”.
Por isso, sublinhou,
“está na altura de dizer um grande basta”, antes de abrir
as inscrições para as intervenções de outros manifestantes.
VISEU
Cerca de seiscentas pessoas saíram às 16:30 de hoje
do largo de Santa Cristina, em Viseu, para um desfile pela cidade,
gritando “FMI fora daqui” ou “A rua é nossa”.
Levando na frente uma faixa preta com a inscrição
“O Povo é quem mais ordena”, os manifestantes subiram a rua
Alexandre Lobo em direção à rua Formosa, onde vão ficar
concentrados.
Nas mãos, levavam cartazes com inscrições como
“Estou à rasquinha para trabalhar” e “É melhor ter carne de cavalo
nas lasanhas do que burros no Governo”.
GUARDA
Cerca de duzentas pessoas estiveram concentradas
hoje, às 16:00, na Praça Velha, no centro da cidade da Guarda, para
participarem na manifestação “Que se lixe a ‘troika’, o povo é que
mais ordena”.
Alguns dos manifestantes exibem cartazes, nos quais
se podem ler: “Eles comem tudo”, “Ouçam-nos”, “O povo vencido
jamais será unido”, “Adeus pátria, família”.
Entre os manifestantes estão vários professores,
funcionários públicos, muitos jovens, reformados e dirigentes
sindicais.
SANTARÉM
Cerca de 200 pessoas estiveram hoje concentradas,
às 15:45, junto ao Centro de Emprego de Santarém, para participarem
na manifestação “Que se lixe a ‘troika’, o povo é que mais
ordena”.
O início da manifestação foi marcado simbolicamente
para o Centro de Emprego, em
“protesto pelos elevados índices de desemprego no país e, em
particular, no distrito e no concelho de Santarém”, disse à
Lusa
Diogo Gaivoto, do movimento “Que se lixe a
‘troika'”.
O protesto prosseguirá agora até à estátua de
Salgueiro Maia, local no qual se prevê que os manifestantes cantem
“Grândola, Vila Morena”, de José Afonso, uma das senhas da
revolução de Abril de 1974. Continuará depois até ao largo do
Seminário, no centro da cidade.