Pianista, compositor, maestro, escritor, realizador, ator, historiador da música e pai de três mulheres de carreiras reconhecidas – as atrizes Maria e Inês de Medeiros e a violinista e compositora Anne Victorino de Almeida –, António Victorino d’Almeida, de 74 anos, não precisa de apresentações: há muito que os portugueses o conhecem e admiram, pelas suas capacidades de comunicador nato, pela forma didática, simples e acessível como fala da sua grande paixão: a música. Entre maio e setembro, a convite da Câmara Municipal
de Lisboa, o maestro retoma os Concertos nos Bairros, que o ano passado tiveram grande sucesso, e que desta vez o levarão, com convidados, aos bairros lisboetas de Campolide, Ajuda/Alcântara, Olivais e Santa Clara. Todos os concertos têm entrada livre. Info em: www.agendalx.pt.
LIVRO – “Os Maias”
Há tanto livro que ainda não li e há tantos que talvez nem possa ler, que até me custa encarar como razoável o desejo de ler pela terceira ou quarta vez uma obra como Os Maias… E, no entanto, não garanto a ninguém – nem a mim próprio – que não volte efetivamente a abrir esse espantoso retrato do nosso país, tal como foi, tal como ainda hoje é, mudadas certas roupagens, tal como talvez nunca deixe de ser. Até porque, ao lado das facetas ridículas e de uma consabida tirania da mediocridade, há nesta terra muitas coisas comoventemente boas!
FILME – “O Milagre em Milão”
Também vi e revi muitas vezes esta obra de Vittorio de Sica… E jamais esqueço a mensagem de incomensurável confiança que ele nos transmite. Ou seja: quando tudo, mesmo tudo ou quase tudo estiver perdido, resta sempre a solução do milagre.
DISCO – Milhares
Ao longo dos anos, juntei em casa mais de cinco mil CD, algo que está longe de ser uma espécie ameaçada, ao contrário do que por aí se anda a espalhar, em benefício de outros produtos que se pretende lançar no mercado. Há muita gente a defender o charme discreto da perna de galinha trincada à mão… Mas o pratinho com garfo e faca, copinho de vidro e direito a guardanapo, é sempre outra coisa… De qualquer modo, escolher um único disco entre os tantos milhares que já tenho e os muitos outros que ainda desejarei ter – até porque há sempre novos autores e novos intérpretes a trabalhar e a produzir – seria uma atitude bastante redutora.
CONCERTO – O próximo
Desejo sempre que seja o próximo, pois acho muito deprimente viver agarrado ao passado, seja no que for…
RESTAURANTE – Estrela da Sé
Já o proclamei várias vezes: o Estrela da Sé, mas com o desejo de que sejam repostas as cortinas… Eu sei que havia quem a elas limpasse os dedos, algo sem dúvida muito desagradável para quem tenha que as lavar depois… Mas o mundo está cheio de horrendas imperfeições, enquanto o Estrela da Sé com cortinas nos gabinetes entrava pelos domínios da perfeição.
VIAGEM – Moledo
Gosto muito de viajar e talvez ainda goste mais de ter viajado, embora a memória só sirva verdadeiramente se for um estímulo para o futuro. Logo, a melhor viagem é sempre aquela em que revejo, a aproximar-se, o monte de Santa Tecla. Isso significa que estou a regressar a Moledo…
A escolha de… António Victorino d’Almeida
Incansável na sua paixão pela música erudita e na sua divulgação, o maestro vai tocar em vários bairros lisboetas.
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