Jani Gabriel ganhou, este ano, o Globo de Ouro de Melhor Modelo Feminino 2009. Mas há cinco anos
"nem sabia o que era a moda", conta. Aos 14 anos era uma adolescente normal que passava os dias entre a escola, em Vila Real de Santo António, Algarve, de onde é natural, e os treinos de basquetebol. Isto até ao dia em que apareceu na sua escola um cartaz a pedir candidatas para o concurso Elite Model Look. Os amigos insistiram e conseguiram convencê-la a participar, fazendo uma aposta com ela. Jani perdeu a aposta, mas ganhou o concurso. A partir daí, mudou-se para Lisboa e não parou. Hoje, com 19 anos, Jani é uma das manequins mais requisitadas do nosso país e ambiciona uma carreira internacional, mas sempre com os pés bem assentes na terra.
"Não deixei os estudos e quero formar-me em psicologia. Gosto de jogar pelo seguro", afirma.
– O que mudou na sua vida depois de ter ganho o Globo de Ouro?
Jani Gabriel – Ganhar um Globo é razão para ficarmos ainda mais motivados com o nosso trabalho. É uma forma de reconhecimento que me dá força para continuar a lutar e ambicionar mais. É sempre bom ver o meu trabalho reconhecido. Agora, o que mudou foi mais o reconhecimento a nível das pessoas. Porque acho que a moda é uma área um pouco esquecida. Só quando ganhamos um prémio relevante como este é que as pessoas passam a saber quem nós somos. Mas com o Globo veio, também, mais trabalho, claro.
– Mas as pessoas passaram a reconhecê-la na rua?
– Algumas. Um manequim em Portugal não é muito conhecido, mas já tive alguns casos em que as pessoas me abordaram na rua… é muito bom. E em Vila Real de Santo António, de onde sou natural, foi diferente e muito giro. Cheguei, uns dias depois de ganhar o Globo, e toda a gente na rua me felicitou e me deu força. Fiquei muito contente.
– Como filha única, deve ser o orgulho da família…
– Sim, os meus pais estão muito orgulhosos de mim. Eles estavam presentes na Gala quando eu recebi o Globo, e isso foi, para eles, um momento muito especial.

– Como é que os seus pais reagiram quando lhes disse que queria ser modelo? Apoiaram-na?
– Decidi que queria ser modelo aos 14/15 anos, quando ganhei o Elite Model Look. Inscrevi-me por mero acaso, numa aposta de escola, uma brincadeira, nem sabia o que era a moda. E foi assim: perdi a aposta, ganhei o concurso e cheguei onde cheguei. Os meus pais sempre me apoiaram, desde o início que me deram muita força.
– Nunca tiveram receio que se ‘perdesse’ ou deslumbrasse com esse mundo, muitas vezes associado a drogas, anorexias…
– É mais o que se fala do que aquilo que realmente se passa. É natural que, no início, os meus pais tivessem um certo medo, por também não conhecerem o meio, mas informaram-se e acompanharam-me desde sempre, já que eu só tinha 14 anos… perceberam que as coisas não eram assim tão negativas, e como estiveram sempre presentes, ajudaram-me a não ir por outros caminhos. Mas eu sempre tive ‘cabeça’ e não me desviei dos objetivos que tracei. Os meus pais confiam em mim, e isso para mim é muito importante.
– Então não se deixou deslumbrar?
– Não, não me deixei deslumbrar, e quem me conhece bem sabe que eu sou muito pacífica, faço as coisas com calma, nunca me iludi. Cada coisa a seu tempo.
– E namorado, tem?
– Não, não tenho namorado. Estou apaixonada pela vida. Tenho de dar mais tempo a mim própria. Nós temos uma vida um pouco instável, principalmente quem opta por um percurso internacional. Andamos sempre de um lado para o outro e, por vezes, não dá para conciliar as coisas.

– É essa a sua prioridade agora, seguir uma carreira internacional?
– Comecei a minha carreira internacional, mas tive que parar para acabar os estudos. Fui para Paris pela primeira vez muito novinha, aos 15 anos. Agora que já acabei os estudos, voltei a Paris, de onde regressei há cerca de três semanas. O mercado in-ternacional é muito mais difícil do que o nosso, é uma grande competição, porque estamos a competir com modelos de todo o mundo. Mas isso não me desmotiva. Se nós queremos, temos de lutar. Ao início, ouvimos mais ‘nãos’ que ‘sins’ e quem não tem força pode desistir. Mas temos que persistir e acreditar que um dia as coisas vão dar certo.
– Onde quer chegar? Qual é o seu objetivo em termos de carreira?
– Não sei. Vou lutar para ver onde posso chegar. Agora vou começar esta nova etapa internacional e vamos ver o que vai dar. Não gosto de fazer planos antes das coisas surgirem, gosto de ir com calma.
– Os estudos ficaram para trás para se dedicar à moda?
– Não. Terminei agora o 12.º ano e vou para a faculdade, mas tudo terá de ser conciliado com a carreira. Se tiver muito trabalho… Se for possível, vou apostar em Psicologia, o curso que sempre quis desde pequena. Nunca se sabe o dia de amanhã e a carreira de manequim é muito curta. E eu gosto de ter duas coisas seguras, se uma não der, tenho sempre outra solução.
– Terminar os estudos e ir para a faculdade foi uma exigência dos seus pais?
– Não. Os meus pais sempre me deram liberdade para fazer o que quiser, a opção é minha, eu é que gosto de jogar pelo seguro.
*Este texto foi escrito nos termos do novo acordo ortográfico.