Em 2007, a modelo
Isabelle Caro, natural de Marselha, então com 25 anos, aceitou posar nua para o fotógrafo italiano
Oliviero Toscani, autor das polémicas campanhas publicitárias da Bennetton. O facto não teria sido notícia se Isabelle não pesasse apenas 31kg para o seu 1,65m de altura… Meses antes, Isabelle tinha estado em coma, pois chegara a pesar 25 quilos. Com o tempo, conseguiu aumentar para os 32 quilos, mas nunca ultrapassou o seu grave distúrbio alimentar, que lhe arruinou irreversivelmente a saúde. De tal forma que, com apenas 28 anos, não resistiu aos efeitos de uma pneumonia.
As fotos de Isabelle nua, com os ossos todos a verem-se, a pele macerada pela psoríase e o corpo precocemente envelhecido (como a própria salientou na altura), foram feitas no âmbito de uma campanha contra a anorexia da marca italiana de roupa No-l-ita, e eram de tal modo chocantes que foram rapidamente proibidas e os
outdoors retirados das ruas italianas. Tiveram, ainda assim, tempo suficiente para provocar impacto mundial. Isabelle conseguira o seu objetivo: alertar para esse flagelo que é a anorexia, uma doença mental que afeta cerca de dois por cento das mulheres dos países desenvolvidos, sobretudo adolescentes e jovens adultas, e que as expõe a inúmeras complicações de saúde, muitas delas mortais.
![Morreu Isabelle Caro Morreu Isabelle Caro](/users/0/15/morreu-isabelle-caro-13a5.jpg)
Por ocasião do lançamento da campanha, Isabelle declarou:
"Essas fotos são o horror. Aceitei participar nesta campanha para alertar as jovens, mostrando-lhes os perigos das dietas, da ditadura da moda e dos flagelos da anorexia. O objetivo é chocar para sensibilizar."
Posteriormente, em 2008, Isabelle lançou um livro,
La Petite Fille qui ne Voulait pas Grossir (
A Rapariguinha que não Queria Engordar), no qual relatava a sua infância, marcada por uma mãe depressiva, o espoletar da sua anorexia, aos 12 anos, e a sua luta contra a doença.
Isabelle Caro tinha plena consciência do seu problema e enfrentou-o com grande coragem, dando exemplo de uma força que a sua aparência frágil não deixava adivinhar. Isso não foi suficiente para a ajudar a vencer a anorexia, mas talvez o seu exemplo possa, agora, ser pedagógico para muitas jovens que padecem do mesmo distúrbio. Se assim for, a morte de Isabelle não terá sido em vão.
*Este texto foi escrito nos termos do novo acordo ortográfico.