Tem 60 anos, mas aparenta pouco mais de 50, talvez por servir de ‘cobaia’ aos tratamentos de rejuvenescimento que ele próprio cria desde 1982.
Christian Chams, um iraniano radicado em França, é hoje um dos médicos mais famosos na área da estética. Entre os rostos que já rejuvenesceu, contam-se os de celebridades como
Sharon Stone,
Demi Moore,
Madonna,
George Clooney, o presidente
Nicolas Sarkozy, a princesa
Letizia ou
Rania da Jordânia. A princesa das Astúrias já recorreu várias vezes aos tratamentos do Dr. Chams, com resultados bem visíveis. A CARAS foi a Madrid entrevistar o médico iraniano – que tem consultórios em várias capitais – e perceber como funciona, afinal, a ‘fórmula mágica’ que o colocou no top das preferências dos famosos.
– Diz que optou pela medicina estética por influência da sua mãe…
Christian Chams – Completamente. Nasci numa família de médicos e, quando tinha doze anos, já queria ir para medicina. Adorava a minha mãe, como todas as crianças dessa idade, e ela estava muito preocupada com o envelhecimento e as rugas. E foi nessa altura que decidi seguir medicina e cirurgia estética. Estudei em França e, quando terminei o curso, comecei pela cirurgia estética, mas não gostei, porque mudava muito a cara das pessoas. Havia um médico em Paris, apenas um, que fazia um pouco de medicina estética, e fui trabalhar com ele. Viajei para os Estados Unidos e para Inglaterra, para ver como outros médicos trabalhavam, e regressei a Paris, onde abri o meu próprio consultório, quando este ramo ainda estava a dar os primeiros passos e nem sequer existiam muitos medicamentos disponíveis. Na altura, trabalhava mais o rosto, problemas capilares, e o próprio corpo, em pessoas que tinham problemas de celulite, por exemplo. E usava muitos produtos homeopáticos, porque nessa época não haviam outras opções. As pessoas começaram a interessar-se pelo assunto e três meses depois tinha o consultório cheio.
– E teve êxito em pouco tempo…
– Em cerca de seis meses já estava a tratar pessoas muito importantes de Paris. Também porque era o segundo médico a exercer medicina estética no país, isto em 1982.
– Nessa altura trabalhava com injecções, depois criou um creme que hoje é uma das suas coqueluches…
– Sim. Comecei a perceber que muitas pessoas, sobretudo homens, não gostavam das injecções, porque tinham medo de infecções, e decidi então criar o creme, que demorei oito anos a aperfeiçoar.
– Tem como princípio experimentar primeiro em si próprio todos os produtos que utiliza nos pacientes…
– Nunca na minha vida injectei ou usei algum produto num paciente sem que antes o tivesse experimentado em mim. É uma questão de princípio.
– Qual é a base dos produtos que usa?
– Todos os que temos à nossa disposição, mas sobretudo produtos naturais, como vitaminas, antioxidantes, minerais, enfim, os que fazem mais falta à pele. Uso também colastina, ácido hialurónico, colagénio. Às vezes um pouco de botox, mas sempre tendo como limite as feições naturais da pessoa, porque não quero, nunca, mudar a cara de ninguém.
– Quais os efeitos secundários dos produtos que utiliza?
– Não têm efeitos secundários. Em pessoas mais sensíveis, podem surgir um ou dois pequenos hematomas, que duram no máximo quinze dias. Antigamente, quando a pele precisava de colagénio, recolhíamos colagénio de vaca e injectávamos. E era assim com vários outros produtos. Agora, o que fazemos é estimular a pele para que recupere o seu próprio colagénio, ou o seu próprio ácido hialurónico. Por isso, já não há alergias, nem modificações da cara, nem efeitos secundários. O resultado é progressivo e funciona com toda a gente, mas pode ser mais rápido ou mais lento, consoante a pessoa.
– Também já recebeu críticas pelos seus tratamentos…
– Sim, claro. Porque as pessoas não percebiam como podia ter resultados tão bons. Então, diziam que utilizava produtos especiais. Não! E dei sempre este exemplo: os pintores têm todos os mesmos materiais à disposição, mas nem todos são um Picasso ou um Velásquez!
– Quanto pode custar um tratamento?
– Quando fazemos toda a cara, 700 euros, se fazemos apenas uma parte da cara, menos. Basicamente, um tratamento pode ir de 500 a mil euros, no máximo. Isto por cada sessão, claro.
– E quantas sessões são necessárias para um tratamento completo?
– Depende. Uma pessoa de 30/35 anos, pode fazer apenas uma sessão por ano, ou de dois em dois anos. Uma de 50/55 anos, por exemplo, já poderá ter que fazer quatro ou cinco sessões. Tudo depende da qualidade e da idade da pele, e do estilo de vida das pessoas.
– Diz-se que às pessoas famosas faz um tratamento diferente…
– Não. A sério que não. O que acontece, por vezes, com pessoas mais famosas, que trabalham na televisão ou têm que dar a cara por alguma razão, é que tenho que fazer o tratamento de uma forma mais suave, para garantir que não ficam hematomas ou marcas na cara. De resto, é tudo igual.
– Sei que não pode falar dos seus pacientes mais conhecidos, mas gostava que comentasse os casos da rainha Rania e da princesa Letizia, que têm mudado muito os seus rostos. O que é que faz em pessoas tão jovens?
– Com pessoas jovens, o que faço é, sobretudo, revitalizar a pele. Mais uma vez, nunca mudo nada no rosto. Com essas pessoas, utilizo produtos à base de vitaminas e outros produtos que melhoram a circulação, para dar mais luz, mais vitalidade à pele, rejuvenescendo-a sem a mudar.
– Como chegaram até si pacientes tão famosos?
– Creio que as pessoas famosas vêm ver-me porque sabem que logo a seguir ao tratamento podem ir trabalhar, seja em televisão, seja no que for. Depois, sabem que nunca vou mudá-las, porque não procuro efeitos espectaculares, apenas quero devolver-lhes a vitalidade que tinham. E depois, neste meio, as coisas funcionam pela publicidade boca-a-boca. Se trato uma rainha, logo a seguir aparecem dez rainhas, se trato uma actriz, logo a seguir aparecem dez actrizes.
– É verdade que há famosos que não vão ao seu consultório, sendo o senhor que se desloca a casa deles?
– Sim, por vezes sou eu que vou aos palácios e às casas de algumas pessoas. Sempre o fiz, em Inglaterra, França, Espanha, e mesmo em Portugal, onde tenho alguns pacientes.
– Entre os famosos que tratou, quem foi a pessoa que mais prazer lhe deu conhecer?
– Falo mais de caras… E as caras de que mais gosto são, por exemplo, a de Sharon Stone, porque tem um rosto maravilhoso, e de Demi Moore, que tem uma estrutura óssea que permite fazer muita coisa, permite-me trabalhar muito. E isso é o mais importante para mim.
– Ou seja, mais do que conhecer essas pessoas famosas, interessa-lhe saber o que pode fazer nos seus rostos…
– Completamente. Tenho um paciente de 98 anos, em Paris, que trato desde 1982. Actualmente ele está cego, mas mesmo assim continuo a tratá-lo. Ele diz que não pode ver os resultados, mas confia em mim e diz-se feliz, porque é uma forma de continuar com uma boa imagem para os filhos e netos. E para mim é um grande prazer tratá-lo.
– Uma das pessoas que admite ter tratado é Camilla Parker-Bowles. Foi um trabalho que lhe deu prazer?
– Camilla Parker-Bowles tem um problema de flacidez e queria ter a pele mais firme no dia do seu casamento. Quando a pele fica flácida, significa que está com falta de colagénio, de ácido hialurónico. Então, podemos tentar recuperá-los, para que, progressivamente, a pele recupere a sua elasticidade, a sua firmeza. Isso é perfeitamente possível.
– E Madonna?
– Madonna tem um rosto que sofreu muito, devido à luz, à maquilhagem, ao stresse, à vida nocturna. Em caras como a dela, podem sempre conseguir-se resultados muito bons. E conseguimos.
– Os tratamentos que faz também podem ser aplicados em homens?
– Os homens, quando vêem resultados nas suas mulheres e percebem que elas saem da consulta sem mazelas, querem também fazer o tratamento. E isto funciona muito para os políticos, por exemplo, porque sabem que podem fazer a sua vida normal logo após o tratamento. E cada vez tenho mais pacientes do sexo masculino, e muitos políticos.
– Que tipo de tratamento é mais comum entre os homens?
– Normalmente, querem tirar as olheiras, que lhes dão um ar doente, e a ‘papada’, que lhes muda completamente as feições. E geralmente até respondem melhor ao tratamento.
– Disse que já tem muitos pacientes portugueses…
– Sim, tenho muitos, que vão aos meus consultórios de Paris ou Madrid. E os portugueses, mais do que todos os outros, têm a preocupação de não mudar nada na sua cara.
– Por isso vai abrir um consultório em Portugal…
– Sim, apesar de não saber ainda exactamente onde será. Estou em conversações com três clínicas de medicina estética portuguesas e penso que vamos começar a trabalhar em Portugal em Outubro. Esta ideia surgiu por que muitos dos portugueses que me visitam em Paris ou Madrid me pedem para ir pelo menos uma vez por mês a Portugal.
– E já conhece alguns portugueses famosos?
– Não, mas não posso falar muito, sobretudo porque os portugueses são dos que mais me pedem para não divulgar nomes. Tenho pacientes em Portugal que já me disseram que vão continuar a vir aos meus consultórios de Madrid ou Paris, porque não querem que se saiba o que fazem.
– Mas já trata alguns políticos portugueses…
– Sim, dois homens muito importantes de Portugal.
– Qual é o principal problema da pele dos portugueses? Será o excesso de sol?
– Isso mesmo. As pessoas em Portugal apanham muito sol e, por isso, perdem muita elastina, e a pele tem tendência, com a idade, a ficar muito fina e frágil. Para esses tipos de pele, temos um tratamento um pouco diferente, que permite recuperar mais rapidamente a elastina.
– Li numa entrevista sua que considera a medicina estética mais uma ‘necessidade social do que uma obsessão’…
– Mantenho. E primeiro que tudo para a pessoa, que, quando se vê pela manhã com uma pele mais limpa e tratada, fica feliz. Uma felicidade que a motiva mais para o dia-a-dia, que a faz sentir-se melhor, seja para trabalhar, seja para tudo na vida.
– Como vê o futuro da medicina estética?
– Maravilhoso. Porque existem muitos laboratórios que estão neste momento a realizar inúmeros estudos sobre a pele, o rejuvenescimento da mesma e os produtos a usar. Cada vez existem mais produtos com maior eficácia, com menos efeitos secundários e que dão um resultado mais rápido. Penso que a próxima geração vai chegar aos 60/65 anos, sem quaisquer rugas ou flacidez.
– Tem um ritmo de trabalho alucinante, sem fins-de-semana e sem férias. Como é que gere a sua vida pessoal e o tempo para estar com a sua família?
– Tenho dois filhos crescidos, que estudam em Paris, e não tenho grandes problemas em estar com eles, porque estamos próximos e conseguimos reunir-nos algumas vezes. E, depois, tenho a sorte de trabalhar em algo que me faz muito feliz. Adoro o que faço e não me canso nunca. Para mim, isto não é um trabalho.