Empenhada na luta contra o flagelo da sida,
Stéphanie do Mónaco organizou a 1 de Dezembro, Dia Mundial da Sida, um leilão cuja receita reverteu a favor da Fight Aids Monaco, fundação que a princesa criou e à qual preside. E apesar de há já algum tempo não prestar declarações em público, nesta ocasião a princesa fez questão de falar da campanha que a fundação está a levar a cabo no principado:
"Estamos a fazer uma campanha para as pessoas com mais de 40 anos, que não se mostram muito preocupadas com a sida. Infelizmente, essa faixa etária é muito atingida. Temos de falar de sida nos 365 dias do ano, porque a sida não ‘ataca’ somente a 1 de Dezembro, ‘ataca’ todos os dias."
Como seria de esperar, durante o leilão, que teve lugar no Sea Club Meridien, as obras alusivas à família Grimaldi foram as mais licitadas, tendo uma fotografia de
Grace Kelly rendido €30.000 e uma efígie de madeira do príncipe
Alberto, criada pelo escultor brasileiro
Marcos Marin, foi arrematada por €6000.
O artista, que esteve em Lisboa recentemente, para apresentar algumas das suas obras no Espaço Arte Livre, conversou com a CARAS sobre a sua relação com a família Grimaldi, visto que é o artista oficial do palácio do Mónaco desde Janeiro de 2006.
"É uma enorme responsabilidade, que me fez sair de Miami para morar na Riviera francesa, a duas horas de carro de Monte Carlo, visto que quando o príncipe Alberto me chama, tenho de ir imediatamente", explicou Marcos.

Foi com um sorriso que Marcos, que também usa técnicas como a da
op art, explicou como chegou a este ‘cargo’:
"Há cinco anos fui convidado para fazer uma exposição individual no Mónaco e levei um retrato da princesa Grace, que acabou sendo comprada por
Berlusconi, que a ofereceu ao príncipe Alberto. Este ofereceu o retrato ao Museu do Mónaco e quis conhecer-me pessoalmente. Entretanto, o príncipe Rainier morreu e só nos encontrámos depois dos 40 dias de luto. O príncipe soube que eu também fazia esculturas monumentais e disse-me que queria dar uma nova cara ao Mónaco e que queria homenagear o pai, mas que não queria um bronze na antiga técnica de escultura italiana. Aí criei a escultura do príncipe Rainier, que é a oficial após a sua morte e que marca também os seus 50 anos de governo."
Desde então, Marcos tem privado com os Grimaldi, sendo também um dos grandes adeptos da Fight Aids Mónaco, visto que tem um irmão que sofre da doença. A situação acabou por criar uma maior ligação entre o artista e a princesa Stéphanie.
"Temos uma relação de amizade muito sincera e fico muito contente por saber que nestes leilões ajudo as outras pessoas e a fundação através da minha arte. Isso sela a minha amizade com a princesa, que todo o mundo intitulava de princesa rebelde e que hoje inverte essa situação, tornando-se uma pessoa com um papel importante para a sociedade."
Durante o leilão deste ano, o artista apresentou uma escultura de Alberto, que foi feita a partir de uma fotografia.
"Primeiro, quis saber como é que o príncipe queria ser retratado, se jovem ou na fase actual. Depois, tive de cumprir as normas e restrições que o país
impõe, como não ser nem de perfil nem de frente. Por vezes, quando recebo uma encomenda de um retrato, vem com duas páginas de imposições. A foto que derivou no retrato do príncipe é uma em que ele está num campo de ténis, e na qual está com um olhar e um sorriso muito luminosos. Das mais de 40 fotos que me enviaram, achei que aquela, sem pretensões, traduzia o seu espírito verdadeiro. E hoje em dia já não preciso da aprovação da parte política, é ele quem decide. Ele gostou muito e a
Charlene adorou", concluiu Marcos Marin.