Ex-modelo de sucesso a viver em Londres, a brasileira
Andrea Dellal, de 53 anos, costuma dizer que viaja para o Rio de Janeiro ao sabor do vento. Ultimamente, parece que este tem soprado muito naquela direção. Só este ano, Andrea voltou várias vezes à cidade onde nasceu:
"Gosto de manter as raízes. Mas não é só isso. Por mais piegas que soe, sempre que aqui venho, recarrego baterias. Mergulhar na minha praia e pisar na minha terra faz-me sentir outra."
Esse é um dos motivos pelos quais a
socialite, que mora em Londres com o marido, o empresário inglês
Guy Dellal, de 52 anos, não se desfaz do apartamento de seis quartos e 600 m². Um refúgio onde não faltam obras de artistas consagrados como
Vik Muniz e
Adriana Varejão e onde costumam marcar presença figuras internacionais como a
top model
Naomi Campbell, o fotógrafo peruano
Mario Testino ou o estilista italiano
Valentino.
"Nunca contratei um decorador. O ambiente acaba por se tornar um reflexo do dono, conta um pouco da história da pessoa que ali vive", descreve. Frequentemente, Andrea conta com a companhia dos quatro filhos: a estilista
Charlotte, de 28 anos, o fotógrafo
Alexander, de 26, namorado da princesa do Mónaco
Charlotte Casiraghi, a modelo
Alice, de 22, e o estudante de cinema
Max, de 19. Quem também parece adorar passar temporadas nesta casa é o neto de Andrea,
Ray, de um ano, fruto do casamento da filha mais velha com
Maxim Crewe.
"Faço questão de trazer a família toda. Quero todos a falar português e a virem cá muitas vezes.
Acho importante não perderem este lado brasileiro", frisa.
– Sempre se imaginou mãe de quatro filhos?
Andrea Dellal – O meu lado maternal sempre foi muito forte. Em criança, costumava dar ordens aos meus irmãos, tomava conta deles, defendia-os e lutava por eles. Sou aquela que protege, mas não atrapalha. Não me meto nas desavenças. Os meus filhos tiveram que aprender a lutar as suas próprias batalhas. Amar é deixar voar, e foi o que fiz.
– E como é enquanto avó?
– Sou apaixonada! Fico até com dores de barriga quando não o vejo durante uns tempos. Não é por ser meu neto, mas é o menino mais simpático que conheço. É uma luz. Adoro dormir ao lado dele e vê-lo sorrir, adoro quando me vou embora e ele começa a chorar. É uma maldade, [risos] mas é nessas alturas que vejo o quanto ele gosta de mim.
– Os seus filhos moram consigo em Londres?
– O Max sim, mas em setembro vai para a American University, em Washington. A Alice vive sozinha, a Charlotte já se casou e o Alex montou a sua casa por cima da sua galeria de arte, a 20 Hoxton Square. Ele tem feito um trabalho fantástico, do qual estou muito orgulhosa. Eles aprenderam cedo a ser independentes. [risos]
– É curioso todos terem uma carreira ligada às artes…
– É verdade. Cultura, arte ou moda… A Alice e o Alex são excelentes fotógrafos. O meu marido, Guy, fez cinema e fotografia. Ele adora arte e os meus filhos cresceram neste meio. Eu também sempre gostei de moda, trabalhei nessa área. Acho que, sem querer, acabamos sempre por influenciar um pouco os nossos filhos, embora cada um tenha escolhido o seu caminho. O que desejo é que sejam felizes.
– Como é o seu dia-a-dia em Londres?
– Movimentado. Sou controladora, tomo conta das minhas casas, e administrar dá imenso trabalho. Gosto que tudo seja feito à minha maneira. Tenho pessoas que me ajudam, mas a palavra final é minha.
– Por que foi para Londres?
– A minha irmã
Cristina era casada com um inglês e morava lá. Fui visitá-la, apaixonei-me pela cidade e não quis voltar. Isto aconteceu em fevereiro de 1973. Comecei a trabalhar lá e, após três anos, conheci o Guy. Foi tudo muito rápido.
– Ele apoiou sua profissão?
– Quando nos casámos, fomos viver para a África do Sul, depois comecei a ter filhos e não deu. Há mulheres que conseguem conciliar a profissão com a maternidade. Tiro-lhes o chapéu. A própria Charlotte é assim, guerreira. Mas eu não conseguiria. Além disso, nunca me imaginei a trabalhar com a imagem para o resto da vida. A obrigação do espelho sempre me incomodou. Prefiro não olhar muito para não encontrar defeitos. Neste meio, a cobrança é grande e sou perfeccionista. Jamais aguentaria.
– Qual o segredo do êxito do seu casamento de 34 anos?
– Sermos bons amigos é primordial, mas claro que o romance faz parte. Gostamos da companhia um do outro. Quando discutimos, ele já sabe o que fazer, e deixa-me a falar sozinha. Sou brasileira, passional. Ele é inglês, tem uma ‘paciência de Jó’ comigo. [risos]
– Falta realizar algo?
– Sou privilegiada. Não posso pedir mais nada a Deus, que já me deu tanto. Tenho uma vida feliz, filhos ótimos, bons amigos, diversão, viagens e nenhum problema financeiro.
*Este texto foi escrito nos termos do novo acordo ortográfico.