Letizia sofre pressões para que tenha um terceiro filho e que tudo faça para que seja um rapaz. Este "tudo faça" implica o recurso a uma clínica de fertilidade onde seja feito um tratamento que permite escolher o sexo do bebé: um varão, claro está, para assegurar o futuro da monarquia sem mudanças na Constituição. Para Letizia, este é um sapo difícil de engolir, pois as suas convicções sempre foram, e continuam a ir, no sentido da igualdade dos sexos e não da discriminação que a Constituição consagrou, ao impedir às mulheres o acesso ao trono. E já partilhou com amigos próximos que, por vontade sua, não teria mais filhos e que
Leonor e
Sofía, de cinco e três anos, respetivamente, deveriam ser as legítimas sucessoras de
Felipe. Mas o rei
Juan Carlos já lhe terá explicado os perigos de uma revisão da Constituição: a ser feita, suscitaria um sem-número de reivindicações, a mais ‘perigosa’ das quais a exigência de um referendo à monarquia. Um risco que a família real espanhola, sobretudo neste período de instabilidade social e económica, não quer correr. E há ainda uma outra questão a ter em conta: no caso de a Constituição ser alterada, para permitir que uma mulher acedesse ao trono, como impedir que a infanta
Elena, irmã mais velha de Felipe, passasse a ser a sucessora de Juan Carlos?

Conformada, portanto, com a necessidade de corresponder aos desejos da família, a princesa das Astúrias fez já duas visitas, uma em novembro e outra em dezembro, a uma clínica de Valência especializada em tratamentos de fertilidade. Tratamentos esses que poderão assegurar o nascimento de um rapaz. A informação foi avançada em Espanha por várias fontes e confirmada por
Jaime Peñafiel, cronista da realeza, há uns dias. Se para a própria Letizia esta ‘gravidez assistida’ poderá ser uma contrariedade, talvez não o seja menos para Felipe.

Recorde-se que, há cinco anos, quando nasceu Leonor, foi o próprio príncipe quem declarou, durante a conferência de imprensa dada na ocasião, que,
"pela lógica dos tempos que vivemos", não se aceitaria que a filha mais velha não fosse a herdeira. Aliás, foi ainda mais taxativo quando lhe perguntaram se preferia rapaz ou rapariga após o nascimento da sua segunda filha:
"Para nós é igual. Vamos gostar dele da mesma forma e nem sequer é urgente que se faça uma revisão da Constituição. Estamos cá nós – referindo-se a ele e a Letizia –
, que somos uma geração intermédia." Estas declarações do príncipe, garantem fontes da Zarzuela, foram influenciadas por Letizia e acabaram por criar uma cilada ao próprio Felipe, que terá de dar o dito pelo não dito quando for pai de um rapaz e este for assumido como o seu sucessor.

Conclui-se, portanto, que se tudo correr como parece estar previsto na família real espanhola, o nascimento do terceiro filho dos príncipes das Astúrias deverá acontecer ainda este ano. O que, por si só, não pode sequer considerar-se uma notícia imprevista: afinal, no dia em que anunciou o noivado com Letizia, em novembro de 2003, Felipe prometeu em público
"mais de dois filhos e menos de cinco". Letizia não escondeu o seu espanto quando ouviu o futuro marido dizer isto, mas a verdade é que, ao fim de sete anos, tudo parece caminhar no sentido de Felipe ver cumprido esse desejo.
*Este texto foi escrito nos termos do novo acordo ortográfico.