Antes do anúncio oficial do noivado de
William e
Kate, em novembro passado, a im-prensa inglesa especulou muito sobre o porquê da demora do príncipe em pedir a mão à sua namorada de longa data. E uma das razões apontadas era o facto de o filho mais velho de
Carlos e
Diana, que é piloto de helicópteros de busca e salvamento, estar destacado, pelos próximos três anos, numa pequena ilha ao largo da costa noroeste do país de Gales, Anglesey. Acreditavam os jornalistas que dificilmente William ousaria propor a Kate que trocasse o estilo de vida cosmopolita que tinha em Londres pela pacatez provinciana e insular de Anglesey. Como se enganaram! Afinal, Kate, que já estava a viver com William no País de Gales quando foi anunciado o noivado, parece gostar bastante da tranquilidade de que desfruta naquela recôndita ilha com 742km²! Ao ponto de ter deixado para trás as tardes de compras com as amigas ou a mãe e a irmã nas lojas chiques da capital para, cinco dias depois do casamento, ser vista a empurrar um carrinho de compras no supermercado local da cadeia Waitrose.
A duquesa de Cambridge dava, assim, os primeiros passos na sua nova vida, que, segundo ela própria afirmou, nos próximos anos será igual à de qualquer dona de casa anónima. Uma decisão que mostra bem que a mulher do futuro rei de Inglaterra tem os pés bem assentes na terra e não se deixou deslumbrar pelo estilo de vida luxuoso dos palácios de Sua Majestade. Aliás, a simplicidade marcou esta sua ida ao supermercado, tanto no guarda-roupa – Catherine estava verdadeiramente
casual numas calças de ganga
skinny,
pullover branco com decote em V, um xaile verde musgo pelos ombros e sabrinas castanhas, destacando-se, no conjunto, o seu anel de noivado de safira e brilhantes, a contrastar com um elástico para o cabelo no pulso direito – como na atitude, pois cumprimentou, sorridente, todos os que dela se aproximaram, com a cortesia própria de um novo vizinho que quer ser bem recebido.
A opção de Kate mostra, por um lado, que o amor que sente por William é suficientemente forte para a levar a aceitar uma temporada menos glamorosa, mas muito mais pro-pícia a que ela e o marido usufruam com descontração de uma verdadeira intimidade. Ou seja, que terão uma vida o mais semelhante possível à de um par de recém-casados que não carregue o peso de um dia ter de usar coroa.
Por outro lado, ao aceitar casar-se com o príncipe antes de este ter acabado a sua comissão militar, Catherine concedeu a si própria uma ‘trégua’, um tempo em que será poupada a um ritmo demasiado intenso de eventos oficiais. Isso permitir-lhe-á uma adaptação gradual à sua condição de futura rainha. Uma condição com muitos atrativos, é inegável, mas também com algumas exigências quase sobre-humanas, como aparentar sempre uma saúde de ferro, uma boa disposição a toda a prova e a capacidade de aguentar todas as situações desconfortáveis que alguns eventos protocolares implicam.
E, talvez ainda mais importante do que tudo o que já foi dito, a sua vida em Anglesey permitir-lhe-á, nesta primeira fase, estar menos sujeita ao constante assédio da imprensa e ao escrutínio atento e crítico da opinião pública. Assédio e escrutínio que tanto dificultaram a vida à princesa Diana nos seus primeiros tempos de casada. Totalmente consciente do que a mãe sofreu, William tem sabido submeter Kate a doses homeopáticas de exposição mediática. Quanto a ele, em Anglesey pode dedicar-se à sua grande paixão pelos helicópteros e, ao mesmo tempo, sentir-se útil ao próximo. No seu primeiro dia na base da RAF após o casamento, ele e os três colegas da tripulação do seu helicóptero, o Sea King, salvaram cinco vidas!