Eram 12h00 (hora local em Palma de Maiorca) da passada sexta-feira, dia 17, quando a juíza Samantha Romero proferiu a sentença do caso Nóos. Terminava, assim, um longo processo judicial iniciado há mais de três anos e no qual a infanta Cristina de Espanha, o marido, Iñaki Urdangarín, e mais 17 arguidos foram julgados por fraude fiscal, tráfico de influências, desvio de dinheiros públicos e branqueamento de capitais, entre outros crimes financeiros. A acusação pedia oito anos de prisão para a irmã do rei Felipe VI e 20 para o cunhado. Após oito meses de deliberação, a juíza absolveu a infanta e condenou o marido desta a seis anos e três meses de prisão.
Apesar de ser considerada suave pela opinião pública espanhola, a condenação é histórica, pois se já houve outros membros de famílias reais europeias sob investigação judicial, até hoje nenhum fora condenado. E isso foi possível porque, preocupado em salvar a imagem da monarquia, o rei Felipe se demarcou do caso desde o início, quase cortando relações oficiais com a irmã e o cunhado, a quem retirou o título de duques de Palma. Atitude que os espanhóis esperavam de Juan Carlos, mas que este nunca conseguiu tomar, acabando por abdicar, em junho de 2014.
Naturalmente, a Casa Real foi confrontada com a sentença. Felipe, que à hora da leitura do acórdão presidia à inauguração de uma exposição em Madrid, não comentou o assunto, mas um porta-voz do Palácio da Zarzuela reagiu por ele, declarando: “Temos respeito absoluto pela independência do poder judicial.”
No dia da sentença, Cristina e Iñaki também não estavam no Supremo Tribunal de Justiça das Baleares, mas sim em Genebra, Suíça, onde vivem desde 2013, depois de terem passado dois anos em Washington quando Iñaki se viu forçado a demitir-se da presidência do Instituto Nóos. O advogado da infanta fez entretanto saber que esta ficou satisfeita com o reconhecimento da sua inocência, mas “muito desgostosa com a condenação do seu marido, que considera injusta, porque continua a acreditar na inocência dele”. Refira-se que, apesar de ter sido ilibada dos crimes de cumplicidade, a filha dos reis Juan Carlos e Sofía foi condenada a devolver mais de 265 mil euros que gastou com um cartão de crédito da Aizoon, empresa que detinha em quotas iguais com o marido. A Iñaki, além da pena de prisão, foi ainda aplicada uma multa de 512.553 euros. O sócio, Diego Torres, foi condenado a oito anos e meio de prisão.
Seja porque acredita na inocência do marido ou porque não deixou de o amar – a verdade é que, devido ao caso Nóos, viu todo o seu mundo desabar e preferiu perder o estatuto e os privilégios a abandonar Iñaki – a infanta não quer ficar demasiado longe enquanto ele cumprir pena em Espanha. É por isso que se prepara para trocar a Suíça por Portugal, onde os seus avós, pai e tios viveram exilados. O rumor circulava há meses na imprensa espanhola e voltou a ser avançado pelo El País depois de lida a sentença. Diz aquele diário que Cristina deverá mudar-se para Lisboa com os filhos – Juan Valentín, de 17 anos, Pablo Nicolás, de 16, Miguel, de 14, e Irene, de 11 – no fim do ano letivo e irá trabalhar na sede da Fundação Aga Khan.
Com Iñaki preso em Espanha, Cristina deverá vir com os filhos para Lisboa
Devido ao caso Nóos, Cristina caiu em desgraça, viu todo o seu mundo desabar e alguns membros da família, nomeadamente Felipe e Letizia, virarem-lhe as costas, mas preferiu perder o estatuto e os privilégios a abandonar Iñaki. E é pelo marido que agora pretende trocar a Suíça por Portugal: para estar mais perto de Espanha, onde ele vai estar preso.
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