
Esta terça-feira, dia 30 de junho, a República Democrática do Congo celebrou 60 anos de independência, dado que até 1960 o território era dominado pelos belgas. Este aniversário foi assinalado por um momento histórico: o rei Philip da Bélgica redigiu uma carta onde reconheceu a “violência e crueldade” exercidas no Congo antes da independência.
“Quero expressar o meu profundo pesar por estas feridas do passado cuja dor é reavivada hoje pelas discriminações ainda demasiado presentes nas nossas sociedades”, escreveu, na missiva enviada ao primeiro-ministro do Congo, Félix Tshisekedi, realçando também o movimento Black Lives Matter, que ganhou força recentemente após o homicídio de George Floyd, em Minneapolis, EUA.
Esta foi a primeira vez que um monarca belga falou sobre o momento em que o Congo era ainda território da Bélgica. Calcula-se que durante aqueles anos tenham perdido a vida mais de dez milhões de congoleses. “Cometeram-se atos de violência e crueldade que ainda pesam na nossa memória coletiva. O período colonial que lhe sucedeu também causou sofrimento e humilhações”, escreveu Philip.
O monarca sublinhou ainda o seu compromisso em “combater todas as formas de racismo”. “Encorajo a reflexão iniciada pelo nosso Parlamento para que a nossa memória seja definitivamente pacificada”, acrescentou, numa carta que o primeiro-ministro congolês recebeu com satisfação.