A chegada ao trono das mulheres é algo cada vez mais comum nas monarquias, em especial no Ocidente. Inglaterra e Dinamarca são lideradas por rainhas, Suécia, Espanha ou Holanda terão mulheres no trono dentro de alguns anos, dado que as primeiras na linha da sucessão são princesas. No entanto, na Casa Imperial do Japão, o acesso ao trono é privilégio exclusivo dos homens.
Esse é o principal motivo pelo qual o país atravessa uma crise de sucessão. Neste momento, o imperador Naruhito tem apenas uma filha, a princesa Aiko, e o seu irmão, o príncipe Fumihito, tem duas filhas, Mako e Kako e um filho, Hisahito, de 15 anos, que é atualmente o segundo na linha da sucessão ao trono, atrás do seu pai.
Além de as mulheres da família imperial não poderem integrar a linha da sucessão ao trono, ao casarem-se com plebeus, que atualmente é a única possibilidade, perdem o seu título e passam também a ser plebeias. Isto significa que, mesmo que venham a ter filhos rapazes, eles nunca poderão constar na linha da sucessão ao trono e também significa que dentro de alguns anos, Hisahito ficará sozinho a liderar o país, dado que não existirão mais elementos na família real.
Perante este cenário, muitas foram as vozes que pediram que esta proibição em relação às mulheres deixasse de existir e assim terminar com a iminente crise de sucessão, um pedido que Governo japonês, liderado pelo primeiro-ministro Yoshihide Suga, recusou.
Agora, um comité de especialistas designado para encontrar alternativas que ponham fim à crise de sucessão, propôs uma ideia que causou alguma estranheza. A proposta passa pela adoção legal de um descendente de uma antiga família aristocrata, ao qual seriam dados todos os direitos sucessórios.
A explicação dada para esta ideia é a de que as antigas famílias aristocratas partilham um antepassado comum com a família imperial, o primeiro imperador do Japão, Jimmu. Desta forma, o descendente adotado também pertenceria à família desse primeiro imperador, pelo que não se quebraria a tradição milenar.
Esta ideia já tinha sido pensada anteriormente, mas foi agora reforçada quando foi definido que o terceiro na linha da sucessão ao trono, atrás de Hisahito, seria o seu tio-avô, o príncipe Hitachi, de 85 anos, irmão do antigo imperador Akihito, sem descendência, portanto altamente improvável de alguma vez chegar ao trono.
A maioria da opinião pública é a favor de que as mulheres ocupem um lugar na linha de sucessão ao trono do Crisântemo, uma possibilidade que permitia terminar com a crise da sucessão, dado que existiriam sempre descendentes de Naruhito e, portanto, do primeiro imperador, no trono, uma ideia que sempre foi rejeitada pelo Governo.