Maria Teresa do Luxemburgo deu recentemente uma entrevista ao programa “Aquí y ahora”, da Univisión, a propósito da comemoração dos 40 anos de casamento com o grão-duque Henri, na qual falou sobre o início da relação com o marido, a alegada má relação que tinha com a sogra e o polémico ‘relatório Waringo’, que revelou o seu lado mais autoritário.
Nascida em Cuba, a grã-duquesa cresceu na Europa e começou por contar como conheceu o marido, na época em que ambos ingressaram no ensino superior para estudarem Ciência Política, na Universidade de Genebra. Foi através de um amigo em comum que os dois tiveram o primeiro contacto e, garante, foi amor à primeira vista. “Foi uma atração imediata”, revela, acrescentando que o então príncipe herdeiro era muito tímido. “Foi muito protegido pela sua educação e chegar à universidade foi para ele uma liberdade extraordinária”.
As dificuldades da vida como princesa
Namoraram durante quatro anos, antes de o seu compromisso ser anunciado. Ao longo desse tempo, Henri nunca escondeu que teria que pedir permissão à família para se poder casar, pelo que, caso esta não lhes fosse concedida, os dois nunca poderiam contrair matrimónio. Nessa altura, Maria Teresa decidiu procurar um emprego na Cruz Vermelha de Genebra, algo que nunca veio a acontecer, porque o noivado foi anunciado pouco depois, mas antes, revela que o primeiro contacto que teve com a sua possível futura vida foi “impressionante”. “Convidaram-me para uma caçada no castelo de Berg e foi impressionante para mim. Estava diante daquilo que poderia ser o meu futuro. Tentei tomá-lo da forma mais natural possível, mas era impressionante”, contou.
Maria Teresa e Henri casaram-se a 14 de fevereiro de 1981. Em entrevista, garante que nos primeiros tempos viveu algumas dificuldades e que a vida da realeza não é o “conto de fadas” que muitos acreditam ser. “A ideia do casamento com um príncipe é muito bonita para os contos de fadas, mas esta vida é muito exigente. Renunciamos à nossa liberdade e muitas pessoas não se dão conta disso. Para mim foi um dos maiores desafios. Sempre me aceitaram com muita bondade, mas é difícil entrar noutra cultura, noutra maneira de pensar. Tornei-me humilde, porque era o meu dever”, afirmou.
A relação conturbada com a sogra
Sempre se disse que Maria Teresa e a sogra, a grã-duquesa Josefina, não teriam uma relação idílica, uma ideia que a própria confirmou. “A princípio foi muito cordial comigo. Depois as coisas mudaram. A única coisa que posso explicar é que tinha uma educação muito diferente da minha. Era princesa da Bélgica, muito mais estrita e menos expressiva que eu. Como latina, ao ser muito expressiva, consegui o carinho das pessoas. Inveja, talvez?”, questionou.
O polémico ‘relatório Waringo’
Numa entrevista na qual falou abertamente sobre vários aspetos da sua vida, não poderia deixar de fora o polémico ‘relatório Waringo’, um pedido feito pelo primeiro-ministro, Xavier Bettel, depois de Maria Teresa ter sido acusada de criar um péssimo ambiente de trabalho para os funcionários do palácio, que terá levado às dezenas de despedimentos que aconteceram nos últimos anos, além de um suposto abuso de poderes e de um mau uso dado a fundos públicos, questões que foram confirmadas no relatório.
O documento concluiu que era a grã-duquesa quem tinha a última palavra dentro do palácio, uma tarefa que deveria ser do grão-duque e que este se viu obrigado a assumir, depois da publicação do relatório. Até agora, Maria Teresa nunca tinha falado sobre o caso, pelo que aproveitou esta entrevista para se pronunciar pela primeira vez. “É uma das críticas às quais não pude responder, porque o mundo político não nos deixa expressar-nos. Esse relatório diz coisas que não são verdade. Houve uma decisão e disse-se que tudo o que eu pudesse fazer de humanitário era parte da minha vida privada, não da minha vida oficial. Assim, dá-me liberdade por, pela primeira vez em 40 anos, poder dar esta entrevista a essa população hispânica e latina, de quem tanto gosto e que trago no coração, algo que até hoje não me foi permitido. Faço-o com muita felicidade, na minha qualidade privada”, concluiu, com alguma ironia.