Há 50 anos foi gravado um dos mais revolucionários documentários sobre a família real britânica: uma equipa de filmagens teve acesso à esfera privada de Isabel II. Porém, mais tarde o vídeo acabou por ser ‘banido’ pela rainha e desde então desapareceu de circulação… até este ano. O documentário Royal Family ressurgiu online e agitou as águas.
O filme, de 1969, foi realizado por Richard Cawston, que seguiu a família real durante 12 meses. Foi depois exibido na televisão britânica por diversas vezes, em 1972, e revelou-se um estrondoso sucesso de audiências, com cerca de 23 milhões de pessoas e 350 milhões em todo o mundo a não perderem a estreia. Até que, ao final de um ano, Isabel II ordenou que o documentário nunca mais fosse mostrado sem a sua permissão.
Cinquenta anos depois, o documentário de 90 minutos surgiu no YouTube no início deste de janeiro e foi visto milhares de vezes desde então. Dias depois desapareceu novamente, com base numa reivindicação de direitos autorais da British Broadcasting Corporation (BBC).
Nunca antes – nem depois disso – a família real surgiu tão exposta na sua privacidade. No documentário, assistimos ao príncipe Philip a fazer um barbecue durante um piquenique com a mulher e os filhos, a família a ver televisão e a trocar impressões, a rainha a trabalhar no seu escritório, Carlos a fazer esqui aquático e ciclismo, Isabel II a entrar numa loja com o filho Eduardo e a tirar a carteira da mala para pagar um souvenir com moedas, entre outras cenas inéditas.
O príncipe Philip é mostrado como um homem independente, a dar ordens aos seus assistentes, passando a imagem de que, como representante na Coroa, não depende da autorização de Isabel II para fazer o seu trabalho. Por outro lado, Carlos surge inúmeras vezes, dado que, como herdeiro da coroa, parece ser objetivo do documentário mostrar também quem será o próximo rei de Inglaterra: além de surgir a fazer variados desportos, são partilhadas imagens do príncipe a preparar com a mãe uma receita de família, durante uma estada em Balmoral.
Porém, apesar do sucesso, Isabel II lamentou a decisão de ter permitido a gravação, e foi reforçada nessa ideia por sir David Attenborough, que terá afirmado que o documentário poderia “matar a monarquia”.