
Alvo de escrutínio público desde que foi apresentada como noiva do então príncipe herdeiro de Espanha, Felipe, em novembro de 2003, Letizia, hoje rainha de Espanha e a cumprir 50 anos este dia 15, tem plena consciência do poder da imagem. E não o descobriu aí: o seu passado de jornalista de televisão era mais do que suficiente para lhe despertar essa preocupação e ensinar que uma figura pública é sempre julgada, pelo menos em parte, pela aparência. Mas a entrada na família real espanhola acentuou-lhe a preocupação e o avançar da idade tê-la-á agudizado.
Comparar as imagens de Letizia na época do casamento, em 2004, às dos últimos anos revela que a rainha começou por ir fazendo pequenas correções e tratamentos de rejuvenescimento e acabou a exagerar nas intervenções estéticas. Contudo, mais recentemente nota-se uma inflexão nesse percurso: a rainha decidiu não disfarçar os ainda poucos cabelos brancos que tem, quem sabe para responder às críticas de artificialismo.
Um rosto artificial
O rosto cada vez mais artificial que Letizia passou a exibir há uns anos tornou-se um tema amplamente comentado na imprensa espanhola, mesmo nos jornais de referência, que chegaram a consultar especialistas sobre o assunto. Ao El Mundo, por exemplo, o cirurgião plástico Javier Mato Ansorena declarou: “Dona Letizia, ou melhor, o médico que a trata, abusa dos tratamentos. Sempre disse que é uma mulher muito bonita e elegante, não precisa de se transformar numa Barbie. Creio que está a ser mal aconselhada. É a rainha de Espanha e, acima de tudo, deve ser natural e um exemplo para todos. Tem uma enorme responsabilidade.”
Até onde se sabe, em agosto de 2008 fez uma septorrinoplastia que lhe deu um nariz mais fino e bem desenhado, algo que a Casa Real não só assumiu como explicou ter por objetivo resolver problemas respiratórios. Em contrapartida, não foi justificada a razão por que fez, na mesma ocasião, uma correção do queixo, que o deixou menos saliente. Mais tarde, a rainha aumentou as maçãs do rosto e os lábios, provavelmente com injeções de botox, mantendo os tratamentos de rejuvenescimento, que passarão por injeções de ácido hialurónico e peelings. Daí que ocasionalmente surja com o rosto inchado e sem expressão, pois a toxina botulínica imobiliza alguns músculos faciais, de forma a prevenir o apareci mento de rugas, pelo que retira a expressão natural, sobretudo quando a pessoa sorri. Se o rosto tem recebido intervenções recorrentes, no caso da silhueta a manutenção cuidadosa parece ser a solução escolhida.

A dieta e o exercício dão-lhe uma silhueta irrepreensível
A boa forma da rainha, que sempre foi magra, embora agora mais do que quando chegou à família real, mesmo tendo sido mãe duas vezes (Leonor tem agora 16 anos e Sofía 15), será resultado de uma enorme disciplina no que toca à alimentação e à prática regular e intensiva de exercício físico. Sabe-se ainda que segue uma dieta antienvelhecimento e anti-inflamatória que trava a oxidação celular, melhora a aparência da pele e potencia a energia (quinoa, kéfir e farinha de espelta serão algumas das inovações que introduziu na cozinha do palácio).
Há uns anos, quando a sua magreza começou a parecer excessiva, levantando a suspeita de um distúrbio alimentar, a Zarzuela acabou por revelar alguns dos hábitos alimentares de Letizia: o pequeno-almoço será composto por uma omeleta de três ovos, frutos vermelhos e chá sem cafeína, prefere o peixe fresco à carne e sempre que pode vai ela própria ao mercado escolher produtos frescos de agricultura biológica.

Rigorosa no seu trabalho
Um reflexo do perfeccionismo da rainha é a forma exemplar como procura cumprir todas as obrigações profissionais. Não há uma intervenção pública que deixe dúvidas sobre o estudo aprofundado do dossiê em causa nem uma aparição oficial que não pareça bem ensaiada e preparada. Se for preciso discursar em inglês, também aí se mostra irrepreensível e tem procurado que as filhas o aprendam de forma igualmente perfeita, o que se vê, por exemplo, no facto de Leonor, a mais velha, de 16 anos, estar a estudar neste momento no País de Gales.

Reclamando uma agenda para si, nos útimos anos a rainha tem-se dedicado a diversas causas e cumpre exemplarmente o seu papel, contudo, tem o cuidado de manifestar poucas opiniões. Letizia dificilmente se deixa apanhar em falso e são muito poucas as exceções. Se lhe foi perdoada a ingenuidade com que interrompeu Felipe no dia em que anunciaram à imprensa o noivado, mostrando que ainda não dominava o protocolo que a partir daí haveria de cumprir à risca, mais complicado foi apagar a má impressão que deixou na missa de Páscoa em 2018, quando tentou impedir a filha mais velha de ser fotografada com a avó, a rainha emérita Sofía. Um raro momento em que perdeu o controlo e que lhe custou caro em termos de opinião pública. Danos que tem vindo a tentar controlar, surgindo afável e sorridente com a sogra em público.
Consciente de que nem sempre consegue evitar deslizes de comportamento, pelo menos na aparência física está decidida a manter-se irrepreensível. O que se nota igualmente na forma como se apresenta, sempre elegante, e nos últimos anos também com outra preocupação: a de reciclar várias peças de roupa e comprando nas lojas espanholas de custo acessível, evitando que a considerem despesista.