A rainha Rania da Jordânia viajou até Lisboa para marcar presença na Web Summit, tendo subido ao palco esta quarta-feira, dia 2 de novembro. Na sua intervenção, a monarca apelou às pessoas para que passem menos tempo em frente a ecrãs e que empreguem o uso da tecnologia na melhoraria da vida das populações mais vulneráveis em todo o mundo
“O verdadeiro progresso de que precisamos não são máquinas melhores, mas que todos nós sejamos humanos melhores”, disse, durante a sua intervenção. “No último ano, a média diária online aumentou quatro minutos. Pode não parecer muito, mas ao fim de um ano, são mais 24 horas, um dia inteiro”, referiu ainda.
“Preocupa-me que estejamos a subestimar a moeda mais valiosa de todas – o nosso tempo. Estou preocupada que, mesmo que a realidade virtual melhore a cada dia, estejamos a negligenciar as necessidades da nossa realidade real. E a nossa saúde mental também está a sofrer com isso”, afirmou ainda.
Durante a sua participação, a rainha focou-se ainda na questão dos refugiados, um tema que a preocupa particularmente e observou que, embora a resposta da comunidade internacional à crise dos refugiados ucranianos tenha demonstrado até onde pode chegar a ação coletiva dos vários países que tomaram a iniciativa de apoiar o povo da Ucrânia, também destaca uma acentuada “diferença de generosidade, tom e urgência”, em comparação com a ajuda prestada aos refugiados de países como a Síria, o Sudão do Sul ou Mianmar.
“É difícil não nos perguntarmos se a cor da pele e a religião afetam os instintos humanitários da comunidade global e se o impulso é ajudar ou desviar o olhar”, disse ela. “Enfrentar esse preconceito não é trabalho de um algoritmo – depende de nós”.
No final, a monarca foi entrevistada pelo jornalista da CNN Inernacional Frederik Pleitgen, uma conversa durante a qual abordaram vários tópicos, incluindo as desigualdades na resposta global às crises de refugiados em todo o mundo. “É assustadoramente simples para a mente humana ignorar o sofrimento dos outros, principalmente quando eles não parecem ser como nós ou quando têm nomes que achamos difíceis de pronunciar”, referiu.