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Emanuele Filiberto de Sabóia, de 51 anos, filho único do príncipe Vittorio Emanuele de Sabóia, que morreu no dia 3 de fevereiro, aos 86 anos, e neto do último rei de Itália, Humberto II, voltou atrás na sua decisão de renunciar aos seus direitos dinásticos a favor da filha mais velha, a princesa Vittoria, de 20 anos, nascida do seu casamento de 20 anos com a atriz francesa Clotilde Courau, de 54 anos.
O duque de Sabóia e príncipe de Veneza e Piemonte autoproclamou-se, agora, chefe da Casa Real italiana, apesar de o país ser uma república desde 1946, altura em que os cidadãos elegeram, através de um referendo, a abolição da monarquia.
Por ocasião daquele que seria o 87.º aniversário de Vittorio Emanuele, nascido a 12 de fevereiro de 1937, Emanuele Filiberto emitiu um comunicado desconcertante. O príncipe, que não escondeu a sua tristeza nas cerimónias funebres do pai, quis não só expressar o seu agradecimento público a todos os que o apoiaram neste momento de luto como falar sobre o futuro da Casa de Sabóia e esclarecer como será feita a sucessão.
Vittoria ainda não está, segundo o pai, preparada para o título que vai herdar

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Na sua declaração, começa por dizer que nem a morte o separará do pai: “É para mim uma grande consolação saber, através dos olhos da fé, que o nosso diálogo não foi interrompido, mas pode continuar ainda hoje, num novo tom. De facto, nem mesmo a morte pode quebrar o laço intenso, vivo e fecundo que nos une.”
Referiu, também, a dor da sua mãe, Marina Doria, que ficou devastada com a perda daquele que foi o amor de uma vida, e agradeceu a todos os que tornaram possível o último desejo do seu pai: ser sepultado na Basílica de Superga, em Turim, ao lado dos seus antepassados.
Palavras do príncipe causam surpresa
Mas foi o final da nota que trouxe surpresa. Contrariamente ao que tinha anunciado anteriormente – que renunciava aos seus direitos dinásticos a favor da sua filha primogénita – , Emanuele Filiberto afirmou que por agora será ele o chefe da Casa Real de Itália.
“O meu pai deixa-me uma grande responsabilidade. É meu dever liderar a Casa de Sabóia num mundo contemporâneo cada vez mais complexo. Ao preparar-me para esta difícil tarefa, estou mais consciente do que nunca de que a unidade da família é o maior recurso para enfrentar este desafio. A Casa de Sabóia tem o dever de continuar a dar testemunho da riqueza de uma tradição e de uma história com mais de mil anos. É um compromisso que assumo hoje, mais do que nunca, num espírito de serviço”, declarou.
Dias antes de ter feito esta declaração pública , numa entrevista ao jornal italiano La Repubblica o duque de Sabóia afirmou ter sido “mal interpretado” quando falou nos direitos dinásticos pela primeira vez. “Na minha opinião, Vittoria é muito jovem, está a estudar e tem de aprender pouco a pouco, ficando ao meu lado, como eu fazia com o meu pai”, esclareceu.
Em 2020, Vittorio Emanuele de Sabóia tinha introduzido alterações à Lei Sálica e adotou o Tratado de Lisboa – reforma da União Europeia que entrou em vigor em 2009 e que promove a igualdade entre homens e mulheres -, para que a filha mais velha de Emanuele Filiberto fosse a titular. Se esta alteração não tivesse sido efetuada, Vittoria teria sido preterida a favor de Amadeo de Sabóia Aosta, primo de Vittorio Emanuele, com quem este tinha um litígio sobre quem teria direito a chefiar a Casa Real.