Ana Antunes é uma mulher de emoções, gosta do que faz, de proporcionar através do seu trabalho sorrisos alheios. Desde sempre convive com cores, texturas e formas, em parte pela ligação a uma família dedicada às artes. Começou um percurso profissional como produtora de televisão e reconhece que "Querido, Mudei a Casa", em exibição na SIC Mulher há vários anos, é o melhor curso prático que alguma vez poderia ter frequentado. Foi com o formato que aprendeu a maximizar recursos e minimizar custos, o que a ajudou a seguir um caminho que desde tenra idade sabia estar-lhe destinado, entre as telas da mãe pintora e os vestidos glamorosos do tio costureiro.
O projeto que assina para a Caras Decoração re-
sume na essência um cruzamento de referências, inspirações colhidas de viagens, da pesquisa e estudo constantes, tudo bem equilibrado com inevitável sentimento: "quantas vezes estamos num restaurante e não nos sentimos bem. E quando tentamos perceber a razão, notamos que a luz é fria, o pavimento não é o mais indicado, as cores também… o lugar não nos transmite nada, falta o inesperado, a emoção", refere Ana.
Neste quarto, Ana Antunes pôs em prática um objetivo, conceber um espaço onde a sofisticação marca o estilo, uma homenagem ao mundo da moda (preto e branco, intemporal e recorrente), a ícones de elegância como Audrey Hepburn, ao perfume: "a cabeceira de cama foi inspirada na caixa do Chanel 5, era o perfume usado pela minha mãe e por algumas mulheres cuja elegância foram referência na minha adolescência. Lembro-me de lhe pedir, quando não tinha idade para usar perfume, para brincar com as caixas… guardei-as durante anos. Quando neste projeto houve necessidade de criar uma estrutura que escondesse o closet, mas respeitasse a estrutura do quarto, pensei num elemento vertical com alguma imponência, a caixa Chanel 5 em grande escala".
E os principais desafios que teve de enfrentar na decoração deste quarto? "Era imperativo respeitar a nobreza do pé-direito, a riqueza do tecto trabalhado, a cabeceira alta, sem ser uma nova parede, acabou por chamar a atenção para a estrutura, ao mesmo tempo serve de apoio a uma parte do roupeiro. Os cortinados brancos deixam entrar a luz que inunda o quarto, sem criarem filtros de cor", resume a decoradora.
Conforto, equilíbrio de peças, iluminação, são vetores pelos quais Ana se rege, por isso, espelhos, candeeiros, peças de família e objetos com brilho são elementos sempre presentes e este quarto é disso exemplo: "gosto de brincar com o que pode refletir, iluminar pormenores, contar histórias, dar aqui e ali um toque mais sofisticado". À intemporalidade latente do ambiente íntimo, a decoradora deixa a porta aberta à mudança: "apesar da predominância de brancos e tons neutros, pincelados com detalhes de cor, a qualquer alteração de humor, estação ou tendência, podemos trocar peças por outras até de menor investimento".
Em tempos de austeridade, e por se falar em economia, a pergunta impõe-se: uma casa elegante é um luxo acessível apenas a alguns? Ana discorda, aconselha a mistura de objetos baratos com outros mais dispendiosos e sublinha que com todas as opções disponíveis no mercado e ajuda especializada, decorar uma casa pode ser uma tarefa bem mais acessível.
Texto e vídeo: Teresa Mafalda; Produção: Ana Antunes, Rita Vilhena [mercado]; Fotografia: Giorgio Bordino, Alexandre Bordalo [mercado]