Situada em pleno centro histórico de Coimbra, a habitação remonta à primeira década do século XX, e foi adquirida em 2009 pelos atuais proprietários, um casal com filhos, “tendo em atenção o relevo arquitetónico do imóvel, a sua localização na cidade, assim como o potencial de incorporar todos os espaços e as funcionalidades que pretendiam”, revela Rosarinho Gabriel, da Coisas da Terra, autora do projeto de interiores, acrescentando: “Logo após a aquisição da casa, foi feito um programa do que se pretendia e aberto um concurso de ideias. A opção recaiu sobre o projeto do arquiteto Luís Neto“.
O resultado alia a arquitetura de linguagem contemporânea às potencialidades do espaço: “Antes das obras, o corpo da casa tinha uma área de implantação de 170m, garagem e arrumos à cota do jardim. Foi decisão dos proprietários ‘esconder’ a garagem e arrumos em piso subterrâneo e aproveitar para construir dois corpos contemporâneos integrados no antigo edifício, dotando o piso social de uma área adicional extremamente importante, além de permitir que o jardim pudesse ‘respirar’ e oferecer uma excelente utilização”, sublinha Rosarinho Gabriel. “A opção foi de total demolição da casa antiga, com manutenção da cobertura e alçados, permitindo que o seu interior fosse reorganizado, dotando-o de um ambiente moderno e funcional”.
Inserida num lote com 800m, a casa apresenta uma área útil de 600m, distribuídos por quatro pisos: o -2 é ocupado pela garrafeira, garagem e salas técnicas, enquanto o -1, ao nível do jardim, recebeu as salas (estar, jantar e cinema), vestíbulo, lavabo social e cozinha, além das zonas de serviços. No piso 0 situa-se a entrada principal, com ligação à suíte do casal e ao escritório, e no primeiro andar encontramos os quartos (das crianças e de hóspedes), bem como uma sala de estudo.
Para evitar subir e descer escadas, optou-se pela instalação de um elevador, “mais do que a comodidade, permitirá uma ampla utilização da casa em quaisquer condições de acessibilidade”, observa Rosarinho. Aliás, prossegue, “a casa foi pensada para que, em determinada fase de utilização, se possa abdicar da necessidade de ocupação de todos os pisos, sem interferência no dia-a-dia do casal”.
Aqui, da arquitetura à composição dos interiores, tudo foi pensado ao pormenor, de forma inteligente e racional, e é precisamente pelos pequenos (grandes) detalhes que o projeto se afirma. Entre eles constam as novas tecnologias: “Foram longas horas de debate sobre toda a futura vivência da habitação, além de esta estar dotada de um conjunto de equipamentos integrados numa plataforma tecnológica de domótica, capaz de proporcionar todo o conforto e comodidade de utilização”.
A decoração de inspiração étnica procurou respeitar o espaço, assim como as peças e elementos já existentes, misturando-os com mobiliário e objetos da Coisas da Terra, provenientes de diversos países, da Índia à China e Indonésia, que se conjugam com um estilo contemporâneo. “Tínhamos algumas peças de mobiliário e alguns sofás para transformar: com patines, cortar e aumentar… conseguimos os nossos objetivos”, assegura Rosarinho Gabriel, profissional que tem o dom de transformar o interior de uma casa num espaço requintado, com aspeto vivido, sempre com carta branca dos proprietários que confiam plenamente no resultado. “Tenho sempre alguma dificuldade em passar as emoções dos espaços que criamos. Em Coimbra, cidade histórica e mágica que realmente inspira, foi a primeira vez que acompanhámos um projeto do início. Uma família com duas crianças com imenso entusiasmo e curiosidade, o que nos motivou ainda mais”.
Lá fora, no jardim, pensado pela Coisas da Terra, desenhado por Patricia Jonet e executado pela Sograma, Rosarinho Gabriel optou por colocar paus naturais, junto ao muro que separa a casa de alguns prédios em mau estado, introduzindo a ilusão de natureza criada. As extensões envidraçadas, assumidamente sem cortinas, garantem a ligação da área social com o exterior. “No jardim, temos uma sala de jogos e um pequeno SPA de apoio à piscina. A par da sala de cinema, que é uma divisão diferente, confortável e acolhedora, o exterior é uma das partes da casa preferidas pelos proprietários. A zona de refeições ao ar livre, envolvida pelo jardim vertical e pela queda de água da fonte, consegue fazer esquecer que estamos numa cidade”, garante a profissional. “Mal se entra na casa somos imediatamente invadidos por uma sensação relaxante e de conforto. A energia positiva que transmite é contagiante!”
Decoração: Inspiração natural em Coimbra
Uma casa antiga foi transformada num espaço contemporâneo, com interiores coerentes com a vivência familiar dos seus utilizadores.