Esta não é a primeira vez que Fernando Hipólito é chamado a intervir num imóvel adquirido por estes clientes. No entanto, o entusiasmo do arquiteto é sempre o mesmo: muito, claro. Até porque cada projeto se traça segundo determinadas características que o transformam num achado único. Este T4, situado num condomínio privado, numa das principais artérias da cidade de Lisboa, apresentava-se bastante equilibrado a nível de área (250m) para a década de 90, altura em que foi edificado. No entanto, os acabamentos de origem exigiam uma reforma urgente. O soalho era flutuante, as portas em carvalho, as casas de banho em mosaico cerâmico e os tectos sem qualquer tipo de detalhe. “O proprietário deu-me carta branca. Embora não tenha havido obras de demolição, o maior desafio foi usar madeiras nobres numa extensão que, à partida, exigiria um grau de execução e detalhe muito grande”, explica Fernando Hipólito. O profissional forrou uma das paredes da sala com madeira de pau-santo, idêntica à usada nos tabliês dos carros nos anos 60, e cuja estrutura se desenvolve com um móvel/bar, incorpora a zona da televisão e integra, ainda, o aparador da área de jantar. Mais: prolonga-se através da porta giratória de acesso ao hall e percorre um pequeno corredor que dá para os quartos. A tarefa, embora difícil, foi superada com sucesso e, ao primeiro olhar, faz-nos sentir num apartamento em Lisboa, como se estivéssemos numa casa em Nova Iorque. “Esta foi a grande intervenção, a par de todo o sistema de iluminação e de algumas infraestruturas, como a implementação do ar condicionado que obrigou a colocar tectos falsos em todas as divisões”.
A sala é o porto de abrigo deste casal, com dois filhos adolescentes, e o ponto de encontro de amigos e familiares em dias de festa. O espaço pretendia-se sofisticado, sem ser pretensioso. O sofá de cabedal – imposição do cliente – apresenta umas linhas contemporâneas em contraponto com as cadeiras Luís XV e materiais como o veludo, o vidro ou a madeira. “Foi tudo escolhido por mim, segundo os gostos dos proprietários, com quem estabeleci uma grande relação. Há projetos em que os clientes nos dão total liberdade, outros em que estamos sujeitos a orçamentos limitados e alguns que nos pedem para misturar peças. Aqui, disseram-me aquilo que queriam: uma casa com algum luxo. Eu tentei interpretar isso”, conta o arquiteto. Em todas as divisões há um denominador comum: as obras de arte de artistas de renome, como Cargaleiro, Júlio Pomar, Vieira da Silva ou Bual.
Ao sairmos da sala, encontramos a cozinha à direita. Um compartimento pintado a branco, tinta da Farrow & Ball, com pormenores em azul-petróleo e cromado. Os armários, da Salvarani, primam pela suavidade das linhas direitas e cruzam o toque de modernidade com os candeeiros de tecto, da Light Design, e a pedra Silestone da bancada. Numa divisão ampla, há direito a um espaço reservado às refeições diárias, apoiado por uma mesa retangular, com tampo em pedra. Daqui, partimos em direção aos quartos, sem deixar de “piscar o olho” ao lavabo social, pela pureza das linhas. No fundo do corredor, as duas suítes fazem as honras dos convidados e dos donos da casa. Estes últimos dispõem de alguns metros quadrados de puro conforto. “Quis que o quarto tivesse um ar de hotel chique. Muito quente e acolhedor”, adianta Fernando Hipólito, que soube conjugar da melhor forma o brilho das sedas da Dedar com o vidro, os lacados e os prateados do papel de parede. Nos quartos dos filhos do casal, embora lhe “tenha sido pedido para aplicar as mesmas coordenadas”, o arquiteto optou por maior informalidade, em tons de azul e castanho. A mesma característica usada para tirar partido do escritório. Tudo foi pensado ao pormenor, seguindo as tendências atuais. “A ideia foi atualizar a casa, modernizá-la e acompanhar essas intenções segundo os desejos do cliente”. Um verdadeiro xeque-mate!
Decoração: Urbano chique
Neste projeto singular, o grande desafio de Fernando Hipólito foi conseguir que os proprietários estivessem numa casa em Lisboa como se vivessem num apartamento em Nova Iorque.
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