Formado em Design Industrial, Samy Rio, cujos trabalhos incluem o uso do design e a exploração de materiais naturais, como o bambu, para criar objetos sustentáveis, elaborou uma máquina de produção/fabrico industrial, a qual intitulou de CNC 360 Mark II (assemelha-se a uma espécie de híbrido, entre um torno e moinho de CNC, capaz de esculpir tubos de bambu), destacando o enorme potencial de uma matéria-prima, abundante e de rápido crescimento, que pode, e deve, ser aplicada
a produtos do dia-a-dia, comercializáveis e esteticamente apelativos.
O que o levou a escolher a área do design?
Antes de estudar design, fazia artesanato em madeira e o design foi uma maneira de aprender mais sobre as ferramentas e os métodos industriais por forma a criar pontes entre as duas práticas (trabalho artesanal e design industrial).
Onde trabalha os seus projetos?
Na verdade, a minha base é em Paris, mas estou sempre em movimento, para atender a produtores, oficinas e artesãos.
E a inspiração de onde vem?
Na maioria das vezes, sou inspirado pelo processo e pelas ferramentas. Estas são, hoje em dia, ‘abertas’ e podemos sempre encontrar uma maneira de criar algo que inicialmente não estávamos à espera.
Tem algum mentor?
Sim, até mais do que um! Mas, se tivesse que escolher um, destacava o arquiteto e designer italiano Carlo Scarpa. Não há nada que ele tenha feito que eu não adore! Também tenho uma enorme admiração e respeito pelo trabalho do arquiteto colombiano Simón Vélez.
Como é que define as suas criações?
É difícil encontrar uma definição! Tento sempre criar um projeto justo e adaptado ao seu ambiente e à sua possível utilização.
Como escolhe os materiais que utiliza no seu trabalho?
Às vezes, escolho, outras vezes não. depende do projeto. Mas, quando posso, tento escolher o material mais adaptado à utilização.
De todos, qual é o seu projeto mais bem sucedido?
Acho que é o projeto de pesquisa que fiz sobre o bambu. Os objetos (os secadores de cabelo e os altifalantes) são muito simples, mas surpreendem, pelo material inesperado, levando à pergunta “e se…?”, e é isso que tem interessado as pessoas.
Que ícone do design gostaria de ter criado e assinado?
Adoro a cafeteira Venus, da Bialetti. É a combinação perfeita de forma simples e funcionalidade.
Quais são os seus lugares favoritos em casa?
A biblioteca. Nem toda a gente tem uma, é claro, mas quando entro numa casa com uma sala cheia de livros e objetos, consigo passar ali horas, não necessariamente a ler… É um espaço realmente pacífico!
Como imagina os interiores de uma casa daqui a 100 anos?
Não muito diferente de agora, espero. Não sou um grande fã de tech house (casa tecnológica) e do conceito de casa futurista… mas, obviamente, os interiores, tal como os conhecemos, vão mudar e o lado bom é que uma série de novos produtos, como frigoríficos ou máquina de lavar louça, serão ainda mais económicos, gastando menos energia ou água. Só espero que este tipo de objetos dure mais de um século para não termos de os substituir a cada 10 anos.
Próximos projetos…
Este ano, tive a oportunidade de fazer uma residência num centro de pesquisa sobre vidro soprado e de colaborar com um grande fabricante de cerâmica. Logo, há novas peças saindo e uma exposição sobre todo este trabalho no corrente mês de julho! Também continuo a trabalhar em madeira de bambu e alguns novos objetos já estão a caminho.