Qual é a sua abordagem ao design?
É uma pergunta bastante complexa. Não consigo definir o que é o design, mas posso revelar o que me interessa quando crio objetos. Os temas recorrentes no meu trabalho são o movimento, a leveza e a surpresa. Tento encontrar um equilíbrio entre ergonomia e imaginação, pois acredito que se concebe um objeto não só para o corpo, mas também para a mente. Além disso, sou inflexível quanto ao facto de o design ter de ser visualmente sustentável. Não se trata apenas da materialidade. O design tem de resistir ao teste do tempo. É preciso querer manter um objeto durante anos e décadas.
Como parte para o processo de criação?
No início do processo há sempre uma pequena faísca que pode vir de todo o lado, da vida quotidiana. De um raio de luz, de uma textura, de uma pintura… Logo, costumo dizer que começo por desenhar mentalmente. A fase seguinte passa, de um modo geral, pelos primeiros esboços e modelos. Estes são muito importantes, já que representam um passo essencial para a experimentação de ideias, seja em 3D ou à mão. E por fazer muitos e muitos testes. Aprende-se imenso e resolve-se inúmeros problemas.
Neste momento, em que tipo de projetos está a trabalhar?
Estou a trabalhar em coisas muito diferentes. Objetos, espaços, projetos em França e no estrangeiro, design de produto (tanto de fabricação industrial como artesanal). Gosto muito desta diversidade. Os projetos, embora todos eles bastante distintos, alimentam-se uns aos outros. O que se aprende a fazer uma cenografia pode tornar-nos melhores a criar objetos, por exemplo.
De entre as novidades previstas para 2024 destacaria alguma?
Uma obra muito importante, que abre as suas portas este ano, é o Suchaillou. Trata-se de um refúgio de montanha para caminhantes, localizado em Raffy, Queyrières (nas imediações do Caminho de Santiago), França. A ideia era criar um abrigo perfeitamente integrado na paisagem e, ao mesmo tempo, surpreendente. Imaginei uma forma, com cinco metros de altura, que ecoasse a Natureza das montanhas da região. Trabalhei apenas com artesãos locais, utilizando o seu saber-fazer, e materiais regionais. Utilizámos unicamente pedras secas interligadas, sem recorrer a qualquer argamassa. Realizado graças à ajuda do presidente da câmara e dos habitantes, o projeto será inaugurado no mês de junho. E mal posso esperar para dormir aqui!
FOTOS: cedidas
Entrevista publicada na edição 322 da Caras Decoração