O destino foi o Palácio Duques de Cadaval, em Évora, onde visitámos uma exposição invulgar, representada num conjunto de dioramas (apresentação artística tridimensional, de maneira muito realista, de cenas da vida real) assinados pelo artista francês Ronan-Jim Sévellec.
Ronan-Jim Sévellec, nascido, em 1938, em Paris, é um artista conhecido pelas suas miniaturas criteriosamente detalhadas. Formado pela Escola Nacional Superior de Belas Artes de Paris, Sévellec começou a carreira na pintura e no desenho, mas foi no mundo dos dioramas que encontrou a sua vocação. Palácio Duques de Cadaval
As suas obras representam cenas de um quotidiano longínquo, lembram uma Paris de outras eras, onde as estrelas são detalhadas miniaturas. Mostram um passado imaginado, com uma minúcia e complexidade que impressiona quem as observa. Estes dioramas provocam no visitante uma experiência visual e emocional profunda.
O artista explora mundos meticulosamente construídos que “transcendem a mera representação visual para oferecer uma viagem emocional através do tempo e das memórias”, pode ler-se na apresentação.
Cada diorama – nesta mostra encontra doze- “é um microcosmo repleto de reminiscências e emoções, transportando o observador para cenários que parecem congelados no tempo. Espaços oníricos, muitas vezes escuros e desbotados, que revelam histórias dos seus antigos habitantes, capturando a poesia do banal e a magia do quotidiano”, pode ainda ler-se. Palácio Duques de Cadaval
Sendo a memória um fio condutor desta exposição, as várias salas do Palácio mostram ainda um mobiliário e muitas obras de arte, peças históricas ou de arte contemporânea, todas elas pertencentes ao espólio da família Cadaval.
Ronan-Jim Sévellec, apresentado à família dos Duques de Cadaval pela galerista Antonine Catzéflis, é um artista reconhecido na sua arte. Ao longo dos anos, Sévellec realizou exposições em vários países, incluindo França, Bélgica, Suíça, Itália, Mónaco e Países Baixos. Sévellec afirmou: “Nunca desejei que uma obra de arte me interessasse ou me entretivesse, mas que me encantasse, seduzisse, ou num outro nível, me perturbasse”. E para quem as contempla, esse objetivo é atingido.
Sévellec descreve a sua trajetória artística como um processo de “colecionar objetos aparentemente sem valor”, que com o tempo se revelaram a matéria-prima da sua arte. Os dioramas são construídos a partir desses fragmentos do passado, oferecendo uma nova vida a objetos esquecidos e permitindo ao público uma reflexão sobre o tempo e memória. As criações são conhecidas por combinar realismo e surrealismo, evocando sentimentos de nostalgia e melancolia. Utilizando objetos antigos e banais, o artista constrói cenários que parecem familiares e misteriosos, provocando no observador uma resposta emocional intensa.
The Scnery of Memory pode ser visitada até 27 de outubro, no Palácio Duques de Cadaval em Évora, de terça a domingo, 9h às 13h e das 14h às 18h.
Fotos: Francisco Nogueira
(texto a partir da apresentação)