Seguimos o percurso e trabalho da Grau Cerâmica praticamente desde o início. O projeto, criado durante a pandemia por Diogo Ferreira e Isac Coimbra, foi destaque na rubrica Portugal Faz Bem da edição de julho da Caras Decoração em 2020. De lá para cá, muita coisa mudou.
A tranquilidade terapêutica da cerâmica, encarada a princípio como hobby, passou – a pouco e pouco – a profissão a tempo inteiro, dando origem a uma nova marca e dupla de artesãos. “Inicialmente fazíamos peças para nós, para a nossa casa. As primeiras foram as máscaras. Comprámos quilos de barro e cozíamos as peças fora, num forno alugado”, lembra Diogo, com formação em Design e Cultura Visual.
Tudo começou na marquise da cozinha (“um espaço mínimo com dois metros”) do apartamento partilhado por Diogo e Isac, no Bairro do Rego, em Lisboa. O espaço de aprendizagem e experimentação tornou-se ainda mais pequeno à medida que o trabalho a quatro mãos evoluia. O ‘salto’ para a área assotada da casa, onde hoje fica o ateliê, foi inevitável. Daqui saem – que nem ‘pãezinhos quentes’ – cerâmica de autor e peças de edição limitada.
Graças à formação de Isac em Arquitetura, o sótão foi transformado num estúdio funcional e luminoso, com uma agradável zona exterior, que pode, e deve, ser visitado mediante marcação prévia ou a convite da dupla – no nosso caso, prontamente aceite.
A visita ao ateliê da Grau Cerâmica dá-se num dia tórrido de verão, com temperaturas acima da média. É Isac quem nos recebe à porta. Diogo junta-se logo de seguida. A sala é o cartão de visita da casa (revelando “um bocadinho a nossa intimidade e o nosso gosto”). Ali, as escadas de madeira convidam-nos a subir ao andar superior, onde fica o espaço de criação e produção com bancada de trabalho, forno e uma recente aquisição: uma mesa de lastras novinha em folha. Tudo o que é necessário para criar e fazer nascer uma peça.
Na parede expositiva, em madeira, criações geométricas e minimalistas, em barro de diferentes tons (preto, branco, terracota), com e sem vidrados, aliam-se a composições de juta e corda. As taças, com utilização dupla, podendo ser invertidas, pontuam o espaço.
Cada peça é feita manualmente no local, com processos artesanais e em pequenas quantidades de cada vez, não havendo duas peças iguais: “Todas elas têm a mão dos dois”, sublinha Isac, exaltando a parceria da dupla. “Há uma sintonia entre nós em termos pessoais e profissionais. Encaixamos bem, complementamo-nos”.
Das máscaras como ponto de partida à participação na última Lisbon Design Week, a Grau Cerâmica não para de surpreender e, com tantos pedidos, não tem mãos a medir para responder às encomendas. Novidades prontas a sair do forno? “A marca é um projeto em desenvolvimento. Há ainda tanto para realizar! Fazer novas peças, coisas diferentes, trabalhar outras escalas, continuar as colaborações com artistas, arquitetos e designers de interiores e… arranjar um ateliê maior (risos)”.
FOTOS: João Lima