Sempre demonstrou aptidão para as artes?
Quando era pequena passava horas a desenhar e os meus cadernos da escola tinham sempre muito mais desenhos que apontamentos.
Como é o seu processo criativo?
Inspiro-me muito nas coisas do dia a dia. Para além da técnica e do que vou realmente desenhar, gosto de pensar que o meu trabalho pode vir a estar na parede de alguém e essa ideia de influenciar o espaço em que as pessoas vivem dá mais sentido ao que faço. Acho que trouxe isso comigo da Arquitetura (Mestrado Integrado em Arquitetura da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra).
Vale tudo (tela, papel, paredes)?
Sim! Uso muito o digital, mas ultimamente regressei ao desenho à mão e tenho gostado da liberdade que isso traz.
O que nasce primeiro: a ideia, a ilustração?
A ideia, sem dúvida. Tenho uma lista muito longa de ideias que visito quando quero criar alguma coisa nova. Não são todas boas, mas felizmente são sempre muitas.
Que mensagem e símbolos são recorrentes nos seus trabalhos?
As paisagens, os objetos do dia a dia, os lugares onde passo mais tempo. O meu trabalho é muito uma interpretação dos sítios por onde passo.
Quais as cores mais utilizadas nas suas ilustrações?
É muito difícil escolher só uma. Uso muita cor no meu trabalho por ser uma coisa que me traz muita alegria e é esse sentimento que quero passar aos outros. Acho genuinamente que a cor influencia o meu estado de espírito e sei que não sou a única. É um elemento muito importante nos meus desenhos, por isso não posso ter preferidas.
Quais são as suas principais influências e fontes de inspiração?
Artistas que trabalham a cor inspiram-me muito. Ultimamente diria que David Hockney é a minha maior referência, pela cor e pelos temas. A arquitetura também continua a ter um papel importante no meu trabalho, mesmo sem querer. O trabalho do arquiteto Ricardo Bofill é um bom exemplo disso.
Tem trabalhos seus em casa?
Sim, na minha sala. Tenho uma mistura de trabalhos e os meus estão lá muito bem acompanhados.
Qual é a peça de decoração que mais gosta, ou não prescinde?
Quadros nas paredes. Tenho pavor às paredes brancas e por isso estou lentamente a transformar a minha casa numa pequena galeria esquizofrénica.
A sua divisão preferida é…
A sala, porque é onde tenho mais paredes para preencher!
O que gostaria de ter feito e ainda não fez?
Uma residência artística, de preferência num sítio com muita natureza à volta e pouca Internet.
Próximos planos, projetos?
Vou ter uma exposição no Porto no próximo verão e tenho mais alguns projetos ainda em fase de concepção. Acima de tudo, planeio dedicar mais tempo ao desenho.
FOTOS: cedidas