A visão e o empreendedorismo de António Champalimaud, que morreu em 2004, marcaram Portugal. Hoje, a memória do empresário é perpetuada através da Fundação Champalimaud, cuja presidência deixou a Leonor Beleza. Tendo como objecto de trabalho a investigação na área oftalmológica, a fundação atribui anualmente o Prémio António Champalimaud de Visão. Os claustros do Mosteiro dos Jerónimos, em Lisboa, foram o palco de uma cerimónia que acolheu diversas personalidades portuguesas para assistirem à atribuição deste galardão a Jeremy Nathans e King-Wai Yau, dois cientistas da Johns Hopkins University. A cerimónia, à qual presidiram Leonor Beleza e o Presidente da República, Aníbal Cavaco Silva, contou com as presen-ças do primeiro-ministro, José Sócrates, de Maria Cavaco Silva, Jorge Sampaio, António e Manuela Ramalho Eanes e Maria Barroso, entre outras figuras do panorama político e social nacional. Para além de todas estas individualidades, destacavam-se ainda os familiares do empresário. Maria Luísa Champalimaud, filha do industrial, dirigiu à audiência algumas palavras, onde recordou calorosamente a personalidade ímpar de António Champalimaud: "No fim da sua vida, o meu pai decidiu deixar uma parte significativa da sua fortuna para a investigação, assegurando o bem-estar de muitas pessoas. Como filha mais velha, e interpretando os sentimentos dos seus descendentes, é com uma enorme alegria que vejo o nome do meu pai associado a este prémio." Num dia em que se distinguiram talentos, Cavaco Silva não quis deixar de referir o empenho da presidente desta fundação, que tem conseguido interpretar a visão do industrial português: "O prestígio deste prémio deve-se em muito à Dra. Leonor Beleza, que tem sabido, como seria de esperar, dar plena expressão à ambição e ao sonho do fundador, que, ao doar cerca de 500 milhões de euros à causa da luta contra a cegueira, deu o exemplo de responsabilidade social que é uma referência e uma honra para Portugal." Habituada a ver o seu empenho e profissionalismo distinguidos, Leonor Beleza não se deixa deslumbrar pelo que já atingiu e é com humildade que fala sobre a missão que lhe foi confiada, há quase quatro anos, por um dos homens que constou na lista dos mais ricos do mundo. "Era o que faltava alguém a quem um projecto como este tivesse sido confiado não fizesse tudo aquilo que é capaz de fazer para ter sucesso! As coisas vão funcionando bem e estamos a alcançar os objectivos a que nos propusemos e, por isso, estou muito feliz. Somos exigentes e queremos coisas de excelência, e este prémio reflecte esse espírito. Uma das coisas que nos esforçamos por fazer é imaginar o que é que o Dr. Champalimaud quereria que fizéssemos, porque deixou muito poucas instruções", partilhou com a CARAS a presidente desta fundação, que vai começar as obras para um novo centro de investigação nos próximos dias. Depois dos discursos formais, foi servido um coquetel, ao longo do qual os convidados aproveitaram para trocar impressões sobre a cerimónia. Apesar de não ter deixado nenhuma mensagem específica, José Sócrates esteve sempre muito animado, conversando com várias figuras presentes no evento.