Depois de realizar um dos projectos da sua vida, a série Equador, Maria João Bastos prepara-se para uma nova etapa, fora de Portugal. Aos 33 anos, a actriz vai viver para Espanha, com o objectivo de tirar um curso no Estúdio Corazza, onde se formou, por exemplo, o actor espanhol Javier Bardem. Sempre pronta para novos desafios, Maria João continua, contudo, a manter reservas sobre a vida privada e evita falar do suposto namorado, o actor Marco d’Almeida, com quem contracena em Equador. Mas adianta que vai sozinha para Madrid. – Equador foi um dos maiores desafios da sua carreira…Maria João Bastos – Foi um dos projectos mais marcantes, sem dúvida. Vi-me obrigada a fazer um trabalho muito profundo de pesquisa, de estudo da personagem, do comportamento da época, enfim, de todas as envolventes desta história. Foi um trabalho intenso a todos os níveis. "Nunca deixaríamos [sobre Marco d’Almeida] que nada do exterior afectasse o nosso trabalho." – Chegou a sentir que se tinha deixado influenciar pela personagem?- Já trabalhava no Equador há tantos meses que, quando comecei a interpretar a Ann, não conseguia pensar em mim. Entrei completamente na vida dela. E em nenhum momento me comparei com a Ann, porque ela ganhou uma vida própria dentro de mim com todo esse envolvimento. O Equador foi muito especial, porque nos permitiu ter bastante tempo para estudar as personagens e toda a história, o que não é normal noutro projecto. Além disso, a produção, os técnicos, as condições que nos deram, foi tudo fantástico. – E emocionalmente, foi um projecto intenso?- Foi. A história é muito forte e envolve-nos facilmente. Note-se que foi um projecto gravado em vários países que nos fez passar muito tempo longe das nossas famílias. Eu gosto de viajar, mas é óbvio que em alguns momentos sentimos falta da nossa casa, da família, dos amigos. E isso proporciona uma união muito forte no grupo de trabalho. Foi o que aconteceu quando gravámos no Brasil, onde estava o maior número de actores. Tornámo-nos uma família muito coesa, em que cada um precisava todos os dias de um carinho, de uma atenção especial. E isso foi lindo, deixou marcas muito fortes e boas. – A certa altura da história, a Ann tem que fazer a opção de deixar tudo por amor. Seria capaz de fazer o mesmo?- Não sei. É uma decisão extremamente forte que só se consegue tomar se estivermos perante ela. Mas também temos que ter em conta que a minha realidade hoje é muito diferente da realidade da Ann. Enquanto mulher, tenho uma liberdade diferente para conduzir a minha vida. Mas seria muito difícil abdicar da minha família e de tudo aquilo que construí ao longo destes 33 anos. Não digo que seria impossível, mas teria que ponderar muito. – Uma coisa partilha com ela: vive intensamente as suas paixões.- Vivo intensamente a vida, tal como ela. Essa é a semelhança mais óbvia entre nós. "Sempre entrei nas aventuras sozinha. Não me custa mudar de país e de vida." – Em algum momento da sua vida se deparou com uma situação de ter que optar ou desistir de algo devido a uma relação?- Nunca me senti na necessidade de optar seja pelo que for. Sempre consegui conciliar os meus objectivos profissionais e pessoais. – Até porque sempre foi muito independente…- Sim. E a independência passa por aí, por gerirmos a nossa vida de forma a que estejamos sempre bem, sem termos que desistir de algo. É óbvio que tem de haver cedências para se conseguir viver bem com as outras pessoas, não só nas relações, como no trabalho e com os amigos. – As notícias constantes sobre a sua relação com o Marco d’Almeida interferem com o trabalho?- Somos dois profissionais que respeitamos muito a nossa carreira e nunca deixaríamos que nada do exterior afectasse o nosso trabalho. Falo por mim, mas penso que ele partilha a opinião. – Conhecerem-se bem acaba por facilitar o trabalho conjunto?- Já fizemos vários trabalhos juntos, e é natural que isso traga alguma facilidade de comunicação para fazermos as cenas, mas trabalhei pela primeira vez com outros actores e foi igualmente fácil. Havia uma energia muito forte em toda a equipa de Equador, e isso foi importante. – Como lida com tudo aquilo que sai na imprensa sobre a sua vida privada?- Já não me incomoda nada. Ao fim de algum tempo de muitos boatos e histórias inventadas, arranjei mecanismos para lidar com isso e não me deixar influenciar. Percebo a curiosidade das pessoas, mas também sei que o público respeita a minha decisão de não falar da minha vida pessoal. – Aos 33 anos, sente que a sua vida tende a acalmar? – Não me sinto a acalmar nada. [risos] Sinto-me é com imensa vontade de viver, de ter novas experiências e de aprender muito como ser humano e como profissional. – Sempre disse que gostava de ter filhos. Não sente que o tempo urge?- Não sinto nada. Tenho imenso tempo para ser mãe. Tenho vontade de ter filhos, sei que os vou ter, mas não vivo na ansiedade de que isso aconteça. Sei que irá acontecer no momento certo. "A independência passa por gerirmos a vida de forma a que estejamos sempre bem, sem termos de desistir de algo." – Tal como o casamento?- Casar não é importante para mim. Importante é construir uma vida ao lado de alguém com quem possa partilhar tudo o que tenho para dar. – Terminado mais um projecto, qual é a próxima etapa da sua vida?- Lá está, por não me sentir com 33 anos e a acalmar na vida, decidi ir para Espanha fazer um curso no Estúdio Corazza. Vou viver para Madrid durante algum tempo e cumprir um sonho antigo. É uma cidade de que gosto, que conheço bem, e por isso acho que vai ser bom. E ter oportunidade de estudar neste estúdio é muito bom. É um projecto antigo que pude concretizar agora. – Não receia sentir-se um pouco sozinha em Espanha?- Não. Sempre entrei nas aventuras da minha vida sozinha, corri riscos, mas não me custa absolutamente. Não me custa mudar de país e de vida.
Maria João Bastos: “Vou viver para Madrid e cumprir um sonho antigo”
+ Vistos
Mais na Caras
Mais Notícias
Parceria TIN/Público
A Trust in News e o Público estabeleceram uma parceria para partilha de conteúdos informativos nos respetivos sites