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O casal com as filhas, Madalena e Matilde
Luís Coelho
Foi sobre esta vida dedicada à família que falámos com o casal, que passou um fim-de-semana especial no Monte Velho, na Carrapateira, a convite da CARAS.
– Por que é que optou por ser mãe a tempo inteiro?
Susana – Eu era consultora de recursos humanos e trabalhava muito. Chegava tarde a casa e muitas vezes trabalhava durante o fim-de-semana. E comecei a pensar que passava mais tempo com os meus colegas do que com a minha família. Na altura, nem conseguia dar banho à Matilde. E estava sempre desencontrada do meu marido, porque ele trabalhava muito aos fins-de-semana. Entretanto, engravidei da Madalena e a ideia de deixar de trabalhar começou a fazer mais sentido.
– Foi uma decisão difícil?
– Não. A vida passa tão depressa… Apercebi-me de que tinha de aplicar o meu tempo na minha família e nas coisas que realmente valem a pena. E sei que o meu marido e as minhas filhas ficaram a ganhar com esta minha decisão. Ganhámos qualidade de vida. E até o nosso casamento saiu fortalecido, porque consigo ter tudo muito mais organizado.
– Mas não tem saudades de ter um emprego fora de casa?
– Não há situações ideais… Claro que às vezes sinto saudades de trabalhar. Mas não me arrependo.
– Acha que abdicou de si e dos seus projectos a favor do bem-estar da sua família?
– Não, pelo contrário. Eu é que fiquei a ganhar com isto, porque é uma experiência pessoal muito recompensadora. Acompanhei todos os passos da Madalena e isso é muito mais gratificante para mim do que qualquer emprego. Não quer isto dizer que, mais tarde, não volte a trabalhar… Mas sei que é difícil voltar ao mercado de trabalho. O que até posso fazer é dedicar-me ao voluntariado. Como as minhas filhas já estão na escola, tenho mais tempo livre e quero dedicar umas horas do meu tempo às pessoas mais velhas.
– O António e a Susana são muito diferentes. Essas diferenças nunca prejudicaram a vossa relação?
– Costuma-se dizer que os opostos se atraem. Se fôssemos iguais, a nossa relação não funcionava. Somos os dois muito diferentes, mas temos o mesmo sentido de família. E isso é muito importante. O que mais me atraiu no Tó foi o desejo que ele sempre teve de ser pai.
António – Podemos ser diferentes e quase não temos gostos em comum, mas também somos muito amigos.
Susana – E apesar de não gostarmos das mesmas coisas, fazemos questão de as partilhar um com o outro.
– Têm tido um casamento feliz, mas com certeza também já passaram por momentos menos bons. Como é que os têm superado?
António – Com muito respeito um pelo outro. A amizade também tem sido muito importante. Tivemos uma educação com valores, e a família sempre foi um deles. Claro que temos problemas, como todos os casais, mas conseguimos sempre ultrapassá-los.
Susana – A nossa família é aquilo que mais queremos preservar. Pode parecer um cliché, mas vivemos realmente para a família e para que este projecto dê certo. Gostamos muito de ter filhos e de estarmos casados. E também nunca tivemos uma situação de ruptura…
– Com uma vida tão dedicada à família, têm tempo para estar só os dois?
– Sim. Claro que o facto de eu não trabalhar facilita imenso nesse aspecto. E conseguimos fazer alguns fins-de-semana só a dois. Ainda há pouco tempo, o Tó surpreendeu-me e fomos para Praga. Ele adora fazer surpresas e, tico. E nunca nos acomodámos como casal.
António – Gosto de fazer surpresas, mas acho que o romântico da relação é a minha mulher.
– E como é que tem sido viver numa casa rodeado de mulheres?
– Óptimo, porque sou o homem da casa. [risos] Mas já estava habituado, porque cresci com três irmãs.
– Mas também deve precisar de se abstrair deste universo feminino…
– Claro. E faço questão de ter momentos só meus. Todos os domingos vou ter com os meus amigos e andamos de mota. É o único momento da semana que tenho para mim.
– Acredito que com a importância que dão à família, a educação das vossas filhas seja uma das vossas maiores preocupações…
Susana – Não é fácil educar duas filhas. Não planeamos a educação que lhes damos, porque sai tudo naturalmente. Temos é uma grande preocupação com o futuro delas. A Matilde já está a entrar na adolescência, e nem sei muito bem como é que vamos gerir isso. Os nossos pais estão sempre a dizer-nos que somos muito pais-galinhas e que exageramos na protecção que damos às nossas filhas.
António – Temos muita sorte com as filhas que temos, porque são muito ajuizadas.
– A Matilde e a Madalena dão-se bem?
Susana – A Matilde é muito tolerante e tem muita paciência com a Madalena, que é muito mimada. Ninguém quer que a Madalena cresça, nem nós. E parece que a infância dela está a ser prolongada…
– E isso significa que ainda querem ter mais filhos?
– Para que isso acontecesse, tínhamos de mudar muita coisa na nossa vida.
António – Se eu soubesse que o terceiro era rapaz, arriscava. Gostava de ter um companheiro que partilhasse a paixão das motas comigo. O pior era se ele não gostasse. [risos]