– Aproxima-se mais uma tourada CARAS. O que é que estas corridas têm de diferente das outras em que participa?
Luís Rouxinol – Todas as corridas são importantes, mas esta tem um sabor especial, principalmente por ser no Campo Pequeno, a praça mais importante que temos no nosso país onde todos os artistas querem triunfar, e depois por ser da CARAS, a melhor revista do género. E é uma corrida em que está sempre muita gente a assistir, o que é uma motivação para qualquer artista. Irei dar o meu melhor.
– Há quantos anos toureia? – A primeira vez que actuei numa praça tinha oito anos, mas foi com nove que me estreei mais a sério, numa garraiada no Campo Pequeno. Já lá vão uns aninhos… Mas como cavaleiro profissional, já passaram 22 anos desde que fiz a alternativa em Santarém, em 1987.
– Com muitos sustos pelo caminho? – Sempre, mas isso faz parte. Por entre triunfos há, também, alguns fracassos, mas, de um modo geral, as coisas têm-me corrido bastante bem. Nos últimos anos, tenho sido sempre o cavaleiro que tem feito mais corridas no nosso país, talvez tenha sido também dos cavaleiros com mais troféus conquistados… Espero dar continuidade, durante mais algum tempo, à minha carreira, não muito, mas algum.
– Quando pensa parar? – Enquanto sentir que o público me aceita e eu me sentir bem física e psicologicamente, e consiga corresponder à minha maneira de tourear, vou continuar. Assim que veja que isso não acontece, serei o primeiro a retirar-me.
– A Lília nunca lhe pediu para deixar o toureio? – Não, apesar de não ser uma vida fácil. As corridas são sempre no Verão, passo muito tempo fora de casa, fins-de-semana fora… De Março a Setembro ando sempre de um lado para o outro. Mas quando a Lília se casou comigo já sabia qual era a minha profissão e sempre a aceitou e me apoiou.
Lília – Desde o início que sabia que ia ser assim, mas não deixa de ser complicado. Chego a estar 15 dias sem ver o Luís. Mas compreendo e aceito. Com o Luís André é que é mais complicado. Ele queixa-se muito com saudades do pai.
– Ainda assim, consegue ser um marido e pai presente? Luís – Sim, tento ser o mais possível. Tenho os cavalos aqui perto de casa, normalmente saio de manhã, venho almoçar e, ao fim da tarde, já estou de regresso.
– Apesar da experiência, a Lília ainda fica com o coração nas mãos cada vez que o Luís pisa uma arena?
Lília – À medida que os anos vão passando, acho que consigo controlar cada vez menos, mas tenho sempre o meu filho a repreender-me, pois diz-me que o pai supera os problemas todos e que é o maior. É o ídolo dele.
– Suponho então que o filho vá seguir as pisadas do pai…
– Espero bem que não, já chega um toureiro na família!
Lília – Obviamente que também o vou apoiar se ele assim o decidir, mas se pudesse escolher… É a preocupação de mãe a falar, sofre-se muito deste lado.
Luís – Nas últimas férias, ele acompanhou-me e montou quase todos os dias e teve uma evolução muito positiva. Ele diz que se quer estrear esta temporada, em Setembro. Vamos ver. Mas como disse, primeiro está a escola. Eu arrependo-me de não ter estudado mais, gostaria de ter conciliado as duas coisas tirando um curso.
– É uma profissão de risco… – Em tudo na vida se corre risco, mas, sim, tenho consciência de que há alguns riscos inerentes a esta profissão, já têm acontecido acidentes graves…
– E ter um filho toureiro não o preocupa?
– Penso nisso e vejo que os meus colegas sofrem mais ao ver um filho na arena do que quando eles próprios andavam a tourear.