
Pedro Reis e Maria Duarte
Luís Coelho
Muito já se escreveu sobre
Pedro Reis, de 43 anos, e
Maria Duarte, de 28. Contudo, este casal, que abraça a vida com um entusiasmo único, tem sempre algo para partilhar. A convite da CARAS, os empresários – Maria criou uma empresa que confecciona doces e Pedro continua a gerir uma produtora de audiovisual – passaram um fim-de-semana no Monte Velho Nature Resort, na Carrapateira, durante o qual puderam fazer aquilo de que mais gostam: partilharem actividades ao ar livre sem horas contadas. Aliás, os seis anos de vida em comum têm sido marcados por estas aventuras e é sem pretensiosismos que ambos afirmam que ainda não entraram na fase da rotina.
Foi durante uma entrevista intimista que Pedro e Maria contaram como têm conseguido construir uma vida a dois, sem se esquecerem dos projectos e sonhos de cada um.
– Continuam a ser um casal aventureiro ou já gostam de fazer planos?
P
edro Reis – Fazemos alguns planos, não somos completamente alucinados. Mas são planos que nos libertam. Não gosto de planear coisas que nos massacrem ou nos prendam, mas organizamos a vida de forma a termos opções que nos permitam saborear a vida. Claro que temos de ter a nossa segurança. A realidade tem de estar bem sustentada. Mas adoramos ir de fim-de-semana sem aviso prévio, por exemplo.
Maria Duarte – O que tento fazer agora são planos a nível profissional. Eu sou muito espontânea e uma coisa boa da minha relação com o Pedro é que ele me ajuda a estruturar-me e a ganhar a minha própria independência. O resto vai acabar por acontecer, como o casamento e os filhos.
– A Maria disse que consigo ganha segurança. E o Pedro, o que aprende com ela?
Pedro – Ganho muito com a espontaneidade da Maria. Eu tenho alguma tendência para ficar a fazer o que sempre fiz e ela desafia-me a fazer coisas diferentes. Ela traz-nos alegria de viver.
– Qual é o balanço destes seis anos de namoro?
– Apesar de começarmos a viver juntos muito depressa, tivemos uma fase em que nos adaptámos um ao outro… Agora, a Maria começou a trabalhar e obviamente que isso traz alterações à nossa vida. Temos vindo a adaptar-nos às circunstâncias e encaixamos as mudanças individuais na nossa vivência enquanto casal. E mantemos o espírito com que nos conhecemos.
– Mas acredito que ao final destes seis anos também já tenham criado uma rotina…
– Acabamos por não ter nenhuma rotina instituída. Pessoalmente, não gosto muito de rotinas. E quando percebo que as coisas começam a ser muito iguais, quero logo inventar qualquer coisa para ser diferente. Nós nunca temos regularidade… Nunca senti que há um hábito na nossa vida ao ponto de nos incomodar.
– Há segredos entre vocês?
Maria – Acho que somos um enquanto casal, mas depois temos as nossas próprias vidas. Mas não há segredos. Há espaço para a nossa individualidade e não precisamos de andar sempre ‘em cima’ um do outro. O Pedro não me liga seis vezes por dia para saber o que estou a fazer. Se ligasse, eu não atenderia. [risos] Na nossa relação fomentamos o "eu".
– Não terem filhos ainda é porque os vossos ‘eus’ precisam de espaço?
– Não. Acho que os filhos vêm quando tiver de ser. Gostava de me estabelecer a nível profissional antes de ter filhos.
– Mas o Pedro está com 43 anos…
Pedro – [risos] Há uma pressão social imensa para termos filhos! Até os homens são pressionados por parte da família, amigos, da imprensa… e às vezes é difícil mantermos as nossas ideias, porque acabamos por ser influenciados por isso. E sei que já estou na idade de começar a levar isto dos filhos mais a sério e confesso que já pensei menos no assunto. Está a chegar a altura do agora ou nunca. Mas também há a questão da Maria estar a entrar agora no mundo do trabalho…
– E o casamento não vos diz nada?
– O papel em si, não, mas gostávamos de fazer uma festa…
Maria – Talvez num veleiro, com os amigos mais próximos. Seria mais uma celebração do nosso amor. Mas só me caso quando o Pedro se ajoelhar. [risos]
Pedro – Um dia que haja um filho, acho que faz sentido. Eu só não gosto de todo aquele protocolo do casamento. Não acho graça aos vestidos de noiva e às pessoas todas arranjadas para o copo-d’água… E a Maria pensa da mesma maneira.
– Estão sempre em etapas da vida diferentes. Estas diferenças nunca atrapalharam?
Maria – Não. E acho que isso só nos trouxe coisas positivas. Como o Pedro já viveu muito mais do que eu, apoia-me imenso e ajuda-me a adaptar-me a uma realidade que ele já conhece e eu não.
– O Pedro, por ser mais experiente, não cai na tentação de desvalorizar certas coisas que sejam novas e importantes para a Maria?
Pedro – A minha dificuldade às vezes é não ajudar de mais, porque sei como é que as coisas se resolvem. Sei que ela tem de fazer asneiras para aprender. Mas não ter essa atitude de protecção é difícil.
– Entretanto, sei que a Maria quer começar um curso de representação…
Maria – Muitas vezes não fazemos algumas coisas que realmente queremos porque alguém próximo o fez e não foi da melhor maneira. Eu criei vários limites que queria ultrapassar e um deles era não querer ser conhecida. Mas entretanto apaixonei-me por alguém conhecido. Foi muito complicado, mas o Pedro ajudou-me. Desde miúda que queria fazer o curso de representação e os meus preconceitos não me deixavam. Agora venci essa barreira.