Em 45 anos de carreira,
Michael Jackson conheceu o sabor doce da vitória – entre os muitos prémios que recebeu constam 22 American Music Awards, 40 da Billboard, 19 Grammy e 13 da MTV -, mas também o gosto amargo da derrota. O pico da glória vive-o em 1982, ano em que lança
Thriller, o seu segundo disco a solo (produzido, tal como o anterior,
Off the Wall, e os dois seguintes, por
Quincy Jones). O álbum mais vendido da história – 106 milhões de cópias – foi completamente inovador do ponto de vista musical, pois nele juntou sonoridades da música negra, como o
funk e a
soul, com outras da música branca, como o
rock e a
pop, o que lhe valeu ser o primeiro artista negro a aparecer na MTV, com o
videoclip de
Billie Jean.
Com
Thriller, que deu origem a sete
singles –
Beat It e
Billie Jean ocuparam o primeiro lugar dos
tops -, Michael não fez só sons novos. Revolucionou na forma de fazer
videoclips, na apresentação cénica em palco, influenciou mesmo a moda e, claro, a dança. Porque em Maio de 83, no concerto comemorativo da sua primeira editora, a Motown, visto em directo por 50 milhões de pessoas, depois de actuar com os irmãos, Michael ficou sozinho no palco a cantar
Billie Jean. De repente parou, pareceu sair do palco, para regressar a deslizar de costas: era a estreia mundial de uma nova forma de dança, a que se chamou Moonwalk. Foi também nesta noite que o cantor apareceu pela primeira vez com a luva de lantejoulas brancas.
Em 85, surge
We Are the World, tema que escreveu em parceria com
Lionel Ritchie para a campanha USA for Africa, em que participaram 45 nomes grandes da música. Com esta canção arrecadou 200 milhões de dólares para a luta contra a fome na Etiópia e recebeu dois Grammy.
Em 1987, quando lança
Bad, um sucesso menor, mas, ainda assim, com 30 milhões de vendas, começam a vir a lume as excentricidades do cantor, nomeadamente o assunto das plásticas e da mudança de cor da pele, e é tratado pela primeira vez por
Wacko Jacko pelo jornal inglês
The Sun. Nesse ano, inicia a sua primeira digressão mundial, a
Bad World Tour, vista por 4,4 milhões de pessoas em 15 países. Um recorde de público batido nas turnés seguintes.
Dangerous, de 92, o álbum de onde saiu o single
Black or White, dá origem a mais um
clip inesquecível e a uma nova digressão, a que utilizou mais equipamento de sempre no mundo até então – só o palco demorava três dias a ser montado -, e que o trouxe a Portugal, para um concerto em Alvalade que reuniu 60 mil espectadores. A
Dangerous World Tour será, no entanto, interrompida em 93, quando surgem as primeiras acusações de abuso sexual de menores.
Michael entra em rota descendente, e nem o casamento com
Lisa Marie Presley o salva. Ainda lança mais dois álbuns,
HIStory, em 1995, e
Invincible, em 2001, mas as vendas não fazem história. Para trás ficavam os anos de ouro, que levaram
Elizabeth Taylor, que lhe entregou o prémio de Artista da Década nos American Music Awards de 1990, a afirmar:
"Em minha opinião, ele é o único que pode receber o título de ‘Rei da Pop’." Quanto ao título, manteve-o até morrer, como o demonstrou a dor dos fãs.