A pouco tempo de completar 47 anos,
Mila Ferreira é uma mulher realizada, que olha sempre para o que se segue, sem lamentar aquilo que já ficou para trás. Numa descoberta constante de si própria, a cantora tem vivido com serenidade as mudanças que o amadurecimento traz. Ao lado de
Rui Moura, com quem já vive há quase 24 anos, tem construído uma relação de sucesso, que tem como base o diálogo e a interajuda. Mas não é só na vida sentimental que a cantora se sente preenchida. Conseguir conciliar a advocacia com a música tem sido fundamental para que Mila se sinta completa. E é numa prova de equilibrismo constante que a artista se sente tão bem em cima dos palcos como numa secretária a tentar
"fazer justiça".
Foi sobre uma vida repleta de afectos e de uma esperança constante que o melhor ainda está para vir que a CARAS falou com a cantora, que não teve preconceitos em posar de biquíni.
– Lançou recentemente o álbum
Vem Voar, que é um trabalho bastante diferente dos que fez anteriormente…
Mila – Foi um trabalho que gostei muito de fazer, porque consegui descobrir o melhor de mim enquanto artista. Cada música tem uma interpretação muito própria. E as pessoas estão a adorar esta minha nova forma de cantar… São crescimentos. A idade torna-nos mais serenos. E senti a necessidade de passar mensagens mais espirituais, de levar as pessoas para sítios mais profundos. A minha imagem também já não é tão vistosa e não passa por mostrar o corpo. Estou numa fase em que quero mostrar a minha meiguice e serenidade.
![Mila Ferreira Mila Ferreira](iv/0/44/242/mila-ferreira-9bd4.jpg)
– E lida bem com os outros aspectos do avançar da idade?
– Claro que gostava de ficar sempre nos 30 anos, se bem que acho que até estava mais gira aos 45 do que aos 32. Mas se pudesse ter ficado naquela altura, era óptimo! Todos nós preferimos vermo-nos jovens do que a envelhecer. Mas as coisas vão acontecendo e percebi que podemos envelhecer de uma forma muito nobre e bonita.
– A idade também já encerrou algumas concretizações, como por exemplo ter filhos…
– Sim, ter filhos já ficou para trás. Claro que posso sempre adoptar, mas preciso de ter condições para isso. Tanto eu como o meu marido já tivemos momentos de insegurança nos nossos trabalhos, e isso faz-nos adiar essa concretização.
– Mas o facto de não terem tido filhos não melindrou a vossa relação…
– E é uma união feliz com quase 24 anos… Casamentos eternamente felizes não há. Também tivemos as nossas tristezas, fases mais difíceis, em que precisamos muito da pessoa que está ao nosso lado. O nosso segredo é o diálogo.
– Agora que volta à música, não olha com nostalgia para o seu passado na televisão?
– Olho para o passado com saudade, mas é uma nostalgia saudável. Há um tempo para tudo, e se não estou a fazer televisão, é porque possivelmente não faço falta ou então porque não luto por isso. Claro que se surgisse um projecto em televisão adequado à minha idade e ao meu perfil, quase a certeza de que aceitaria. Mas já sou muito feliz com a música e a advocacia.