"Se fosse preciso, mudava-nos as fraldas quando éramos pequeninos. E à noite beijava-nos a todos, um a um, antes de nos deitarmos, e tapava-nos. Era muito doce", descreveu, com voz sentida,
Maria Luísa Champalimaud, quando lhe pedimos que nos revelasse o homem de família por detrás do grande empresário que foi
António Champalimaud, nome para sempre ligado à vida portuguesa, que no último dia 4 foi recordado através da atribuição de mais um Prémio Champalimaud de Visão.
"Quando falo dele, fico sempre muito comovida. Todos os dias tenho mais saudades do meu pai. Deixou um grande vazio – com ele vivia o infinito -, mas a fundação tem-no prolongado como se ele cá estivesse. A fundação está ao nível da personagem que ele foi, tudo o que fazia era em grande, bem pensado e bem feito. Através da Fundação António Champalimaud, a que preside a Sr.ª Dr.ª
Leonor Beleza, o nosso pai não desapareceu, está imortalizado em todos os continentes, no nosso dia-a-dia, nas nossas casas e nas de muitos portugueses, e no nosso coração", lembrou a filha de António Champalimaud, que, no discurso emocionado que fez, se congratulou com o facto do prémio ter sido este ano entregue à Helen Keller International.
"Foi em Moçambique que nasceu a minha irmã
Maria Cristina", referiu, para explicar a forte ligação da família à ex-colónia portuguesa, onde o pai ergueu também projectos de sucesso:
"Compreenderão a alegria que sinto por ver o prémio atribuído a uma organização que faz um bom trabalho em Moçambique."